janeiro 31, 2008

darjeeling limited

Absolutamente imperdível. Boa fotografia, óptima música, a acompanharem uma história bem ao estilo de Wes Anderson.



Agora apetece-me ver o Life Aquatic outra vez

janeiro 29, 2008

fumo, não fumo, fumo, não fumo

Desde o dia 1 de janeiro que ando de novo nisto com algumas recaídas pelo meio.

Ontem e hoje, pus o adesivo no bolso das calças. Não funciona.

janeiro 27, 2008

pensamentos encadeados

Sentei-me aqui para trabalhar. Como a vontade é pouca, a coisa vai andando devagarinho, mas vai andando. Como sempre, ponho música, tenho andado a ouvir um best of Elis Regina, um cd duplo já com uns anos que se chama Eternamente e que começa com Maria, Maria do Milton Nascimento.

Começaram a vir-me à cabeça outras músicas do Milton, como eu gosto daquela voz forte e doce que parece ter um eco de si própria. Lembrei-me de um tema que adoro, Itamarandiba, e apeteceu-me pô-lo aqui. Não o encontrei no youtube, mas logo à cabeça estava a Canção da América. 1980, estudo e namoro pelas noites fora, sebentas da faculdade por cima da mesa, folhas rabiscadas quase até ao Sol raiar e muitas vezes o Milton a cantar esta e outras músicas ao fundo.

Foi uma época de Milton até ao enjôo. Depois vieram os cd's, tudo o que eu tinha dele e ainda tenho era em vinil, de forma que estive uns tempos longe do Milton. Aqui há uns dois ou três anos comprei uma colectânea num cd duplo. Não é a mesma coisa que os outros discos, mas é melhor que nada (ando há que tempos a ver se encontro uma agulha para o meu gira-discos, mas nem sei bem onde procurar... tanta coisa antiga que quero ouvir outra vez...). Em resumo, continuo a amar o Milton Nascimento.

Fica aqui a Canção da América para recordar, e a letrinha para quem não sabe.



Amigo é coisa para se guardar
De baixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na américa ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir

Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam não
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.

o movimento agora a cores

Quando se começa uma tarefa tem de se continuar, certo? Por isso me matriculei no 2º ano do curso de desenho da SNBA e por isso também continuo a publicar aqui um post a propósito no final de cada trimestre.

O que me dá um certo gozo, confesso, é rebuscar os posts com a etiqueta SNBA, sobretudo o primeiro, e ver os progressos. Não é que as aulas funcionam? Uma pessoa como eu, desprovida de um talento inato, mas com gosto pelo desenho e um jeito perfeitamente mediano, aprende realmente técnicas e abordagens que a fazem melhorar. Pelo menos é o que eu sinto.

Neste primeiro trimestre fizeram-se muitas revisões da matéria dada, sobretudo a nível de estudos prolongados e modelação de luz e sombra. Não vou pôr aqui esses trabalhos, pois seria mais do mesmo. O que há de novo são os materiais e a introdução da cor. Passámos todo o primeiro ano sem sair do preto, da grafite, do lápis de cera e da tinta-da-china com aparo. Neste primeiro trimestre, em que continuamos sempre a fazer o aquecimento com o desenho de movimento, largamos a grafite e pegamos nos pinceis.

Os primeiros trabalhos são com aguadas de tinta preta. O objectivo é sempre o mesmo. Com o modelo sempre em movimento, fixamos uma pose e desenhamo-la rapidamente, com uma aguada mais líquida e outra mais espessa. Assim:
Aí à terceira ou quarta sessão, o mundo deixa finalmente se ser a preto e branco!


Devemos usar duas cores com médios à escolha (eu usei pastéis de óleo) e de novo as pinceladas com as duas aguadas.

O médio não deve abandonar o papel, a base do desenho continua a ser a linha com movimento leve e rápido, mais fina, mais grossa, mais forte, mais suave. As várias cores e aguadas não se devem repetir, mas completar-se, enriquecendo o desenho.


Parece fácil mas não é. Inevitavelmente, repetimos linhas já feitas para desespero dos mestres. Mas a coisa vai andando. faz-se por isso, pelo menos.

janeiro 26, 2008

isto também não...

Quadras sobre cannabis não temos, não. Temos umas parvas qb, mas apenas sobre abóboras e sobre a minha amiga Aldegundes, assuntos muito mais inócuos, pela certa.

Se era para alindar um presentinho original ou assim, lamento não poder ajudar...

medo...

Desculpe, mas não é aqui. De todo. Houve engano.

Não temos, nunca tivemos, não sabemos quem tenha, somos contra.

Pode dizer já aos seus amigos, sim?

quadro preto

Este quadro, de que já falei atrás, serve para anotar o que falta. Também serve para deixarmos mensagens aqui em casa. Para quem cá mora, por quem cá passa...

Hoje está assim:




Até parece que não falta nada. Que a despensa e o frigorífico estão cheios. Não é bem assim. Há sempre coisas que faltam, mesmo que nem todos os dias tenha vontade de as anotar no quadro, na vaga e inconsciente esperança de as esquecer.

Quando as quero arrumar nas gavetas da memória, talvez por serem demasiado pesadas para as trazer para casa, apago-as. Posso sempre abrir de novo as gavetas se as quiser recordar. Não deito fora as chaves.

posts já velhos

Faz hoje um ano escrevi isto. Às vezes releio o meu blog para trás e dou com coisas assim, de que ainda gosto, em que me reconheço, outras que me fazem duvidar se fui realmente eu que as escrevi.

Um ano passado, outros amores que também passaram. Mas os sentimentos não mudam. Para mim, por quem foi, por quem era, por quem virá.

Serei sempre uma eterna romântica, raios me partam...

janeiro 25, 2008

hoje sinto-me assim


o meu filho foi inscrever-se para o recenseamento militar e ainda sinto nas narinas o cheiro dele em bebé.

janeiro 24, 2008

ainda do roubo

Se por acaso algum dos meus leitores for também sócio do HP e se sinta tão lesado quanto eu com isto, pode assinar esta petição.

janeiro 23, 2008

ké isto?!?! estou a ser roubada!

Num destes dias ouvi na rádio que o governo tinha decidido baixar o IVA dos ginásios e similares de 21 para 5% como forma de promover a actividade desportiva dos portugueses. Parece-me uma boa medida, pois permite uma redução de cerca de 15% nos preços.

Ora na rádio também diziam que havia já pessoas a queixarem-se à DECO de que nos seus ginásios não tinha havido qualquer redução dos custos, o que significa na prática, que esta redução de 15% se traduz, efectivamente, num aumento de 15% nos lucros dos operadores.

Não me lembrava de ter recebido qualquer comunicação do meu ginásio quanto a redução no preço da mensalidade, só me lembrava de que todos os anos esta tem vindo a aumentar, de forma que hoje, quando recebi a factura do ginásio, resolvi olhar para ela com atenção.

Cá está, IVA a 5% em Janeiro deste ano, total 86.89€

Vamos cá ver como era no fim do 2007:

Afinal o IVA já era 5%... total em Novembro de 2007, 84.36€. Houve um aumento de 3.1% de 2007 para 2008. Então quando terá sido a alteração do IVA? Parece que ouvi a notícia com uns meses de atraso... Procuremos...

Em Janeiro de 2007 o IVA era de 21%. Mas?! O valor total é o mesmo!! 84.36€

Que cena vem a ser esta? Vou ver Fevereiro de 2007. Igual a Novembro. Quer dizer que a coisa se deu de Janeiro para Fevereiro de 2007.

Vejamos o valor base:

Em Janeiro de 2007 - "total empresa full" - 69.72€, com o IVA a 21% dá os tais 84.36€ .

Em Fevereiro de 2007 muda a descrição, passa a haver dois items:
- "utilização de instalação desportiva" - 79.36€
- "ginástica em grupo" - 5.00€
O total são 80.34€ que, com o IVA a 5% dá, surpresa! 84.36€ .

Isto significa que a medida do governo para promover a prática do desporto se traduziu num aumento do lucro do meu ginásio de 15,23% de Janeiro para Fevereiro de 2007. Assim. De mão beijada.

Recordo agora que no ano passado, de repente deixei de receber facturas do ginásio. Como preciso delas para os impostos pois tenho recomendação médica para fazer natação e máquinas, fui perguntar o que se passava e na recepção disseram-me que no Holmes Place, pois é do Holmes Place que falo, tinham decidido só enviar facturas a quem as pedisse expressamente. Isto demonstra má fé. Foi obviamente para os sócios não repararem, como me aconteceu a mim.

Se não tivesse ouvido aquele programa de rádio, nunca teria dado por isto. Amanhã mesmo vou entregar uma carta no Holmes Place a pedir que me esclareçam por escrito por que motivo a mensalidade foi aumentada 15,23% sem aviso prévio e, conforme a resposta, vou-me também queixar à DECO, à PGR e a quem mais tiver de ser.

Isto é uma escandaleira!

janeiro 22, 2008

dias para esquecer...



Eu não acredito em premonições mas, quando logo de manhã entorno o galão do pequeno almoço na mesa do café, sujando 2 metros quadrados de chão e só um pingo na ponta das calças e a seguir, já na rua, um pombo esvazia os intestinos de um beiral mesmo quando vou a passar e aquilo cai a dois cm do meu ombro, é lógico pensar que algo mais vai acontecer de que não vou escapar...

Saí do café. Como sempre, o cão tinha desaparecido. Fui à procura dele ao relvado de que ele gosta (foi quando quase levei com a caca do pombo) e nada de cão.

Chego a casa e dizem-me os homens das eternas obras no prédio: o seu cão já chegou, pusemo-lo em casa, mas vinha um bocado sujo de porcaria...

Sujo? De porcaria? Lá em cima o cão, que em 5 anos nunca fez isto, a olhar para mim tristíssimo e com o pelo cheio de merda por todo o lado. Banho ao cão. Finalmente saio de casa com 3/4 de hora de atraso.

Finanças. Sou o nº 42 e o quadro luminoso diz 29. Espero 40 minutos. O quadro luminoso continua a dizer 29. Desisto. Encontro-me com um amigo que trabalha ali perto para almoçar.

15 horas - tribunal de trabalho de Lisboa. A funcionária doméstica que tive durante 7anos até Julho passado fez queixa de mim, alegando despedimento verbal sem justa causa.

Não vale a pena estar com muitos pormenores, mas a coisa resume-se assim: no fim das minhas férias, num desentendimento ao telefone, a senhora foi tão mal-educada que eu a pus à vontade para procurar outra casa. Perguntou-me se eu a estava a despedir, ao que eu respondi que obviamente que não, mas apenas a dar-lhe abertura para sair caso não se sentisse bem. Desligámos dizendo, até sexta-feira, depois falamos com mais calma. Nunca mais lhe pus a vista em cima. Mandou-me uma carta a pedir que eu lhe fizesse as contas. Eu paguei-lhe férias, subsídio de férias, de natal e férias de 2008, mais do que todos os advogados meus amigos me disseram para pagar.

No tribunal, numa coisa chamada tentativa de conciliação, fiquei a saber que queria que eu lhe pagasse uma indemnização por despedimento e mais uma série de coisas que nem vale a pena estar aqui a referir. A moderadora, alegando que estas coisas, se vão para contencioso, nunca mais se resolvem, que são despesas e desgastes para os dois lados, propôs que eu lhe pagasse metade da indemnização a que ela teria direito se eu a tivesse efectivamente despedido, dividindo assim a coisa a meias. Eu pensei em todas as chatices que iria ter se quisesse provar a minha razão e resolvi comprar o meu descanso por 530 euros. A outra, talvez sabendo que nunca iria ganhar este processo, aceitou.

Quase a chegar a casa, telefona-me o tipo que me costuma alugar a casa de Verão na ilha, a pedir muitas desculpas, mas que se tinha enganado e que afinal das minhas 3 semanas habituais, já só tinha uma livre...

...da-se... há dias em que o melhor é mesmo não sair de baixo dos lençóis. Salvou-se o almoço...

nascimentos

Comunica-se o nascimento de um novo blogue. Chama-se vou pelo sonho. Esperemos que sim, que vá, pois pelos sonhos vai-se bem. Bom, nem sempre, às vezes a coisa dá para o torto, mas parece-me bem como princípio.

A bloguista é aparentada desta e desta, portanto a coisa promete e eu que, sem lhe conhecer ainda bem os dotes da escrita, a conheço ao vivo e a cores, acho-lhe graça.

Pois façam-lhe uma visitinha para dar alento e perdoem-lhe as inépcias de principiante, já todos passámos por isso, não é?

Para a mariav, bons voos!

janeiro 21, 2008

A loura de que tanto se fala...

... é esta. A verdadeira. A LOURA com letra grande. Encontrei isto no Porta do Vento (Ana, desculpa a cópia indecente mas não resisti). Ouçam bem, é inacreditável.

Vi noutro dia na versão nacional deste programa, uma tipa quase tão loura quanto esta que, à pergunta "como se chamam as aves que no inverno voam para países mais quentes", respondeu com toda a segurança serem "as andorinhas". Adorei. Também teve de copiar a resposta para: "os membros do corpo humano dividem-se em..."

Mas esta bate todas.

janeiro 20, 2008

armas e rosas

Uma pessoa vai dar um pezinho de dança e relembra estas coisas...




Talk to me softly
There's something in your eyes
Don't hang your head in sorrow
And please don't cry
I know how you feel inside
I've been there before
Somethin's changin' inside you
And don't you know

Don't you cry tonight
I still love you baby
Don't you cry tonight
Don't you cry tonight
There's a heaven above you baby
And don't you cry tonight

Give me a whisper
And give me a sigh
Give me a kiss before you tell me goodbye
Don't you take it so hard now
And please don't take it so bad
I'll still be thinkin' of you
And the times we had...baby

Don't you cry tonight
Don't you cry tonight
Don't you cry tonight
There's a heaven above you baby
And don't you cry tonight

And please remember that I never lied
And please remember how I felt inside now honey
You gotta make it your own way
But you'll be alright now sugar
You'll feel better tomorrow
Come the morning light now baby

Don't you cry tonight
Don't you cry tonight
Don't you cry tonight
There's a heaven above you baby
Don’t you cry
Don't you ever cry
Don't you cry tonight
Baby maybe someday

Don't you cry
Don't you ever cry
Don't you cry
Tonight

inveja



pura. inveja mesmo. de estar assim como tu, adormecido ao sol no aconchego dos edredons. sem nada que te mace, que te apoquente, que te entristeça. apenas gozando a carícia do sol e esperando a certeza de um afago. dedos por entre o pelo e tu a descontraires, a relaxares. certezas na vida de um gato. inveja.

janeiro 19, 2008

jamaica

Gosto de coisas assim. Ontem cheguei a casa perto da meia-noite, como todas as sextas-feiras. Sentei-me aqui, como é habitual, a vida feita de hábitos, de rotinas, chegar a casa e nem que sejam 4 da manhã, ligar o pc, dar uma voltinha, ver o correio, visitar os blogamigos e, meia-hora depois, contra o que é habitual a essa hora, toca-me o telemóvel e T, queres vir ter connosco ao Jamaica? Well, why not?

Uma borrifadela de perfume, escovar os dentes e os cabelos, nos olhos uma leve passagem do kohl que me ofereceu a Mme. Reeda do riad em Marraquexe e desço para apanhar um taxi. 15 minutos depois entrei no Jamaica onde não punha os pés há seguramente mais de 20 anos.

Bom, não tem nada que ver. É outra casa no mesmo sítio. Na minha memória estava um lugar mais ou menos degradado, de frequência por vezes duvidosa. (Devia sair mais à noite para não fazer estas figuras de parva. Mas adiante). O meu grupinho de amigos no meio da sala numa curtição do caraças, beijos, abraços, beliscões no rabiosque, o costume quando nos encontramos.

Despejei bolsa e casaco no vestiário, subi as escadas, decidida a aproveitar a noite e a desatar os nós que me têm encravado a garganta. As duas bebidas cairam-me na fraqueza, o jantar de sexta na meia-hora de intervalo da aula nunca dá para grande coisa, de forma que em 3 tempos fiquei alegre como um passarinho. Este meu pequeno grupo quando dança, dança. E dançamos a dois, a três, a quatro, fingimos uma sensualidade que os muitos anos de convívio já não nos deixam sentir uns pelos outros, mas que, por outro lado, também ajudam a que não seja interpretada de outra forma, e demos um show. Às tantas já havia gente parada a olhar para aquele grupo de sete que se entrelaçava, mexia, beijava, batia de rabo, batia de frente, batia de lado, despejava cerveja pelos decotes, despenteava cabelos e afagava pescoços.

Foi sem parar até às 3 da manhã, quando viemos embora porque o sítio é pequeno e, no entretanto, tinha enchido como um ovo, perdendo a graça.

A música, variada, fixe... entre Rolling Stones, Jafumega, Guns N Roses e Pedro Abrunhosa, passa de tudo um pouco dos anos 80 e 90, nem me perguntem bem o quê, só sei que não parei. Não houve uma daquelas de e agora, como é que eu danço isto?

Vivó Jamaica. Não tarda estou lá outra vez. É só dizerem-me... Ei T, boraí ter connosco ao Jamaica e eu vou.

forrobodó na saparia

Lá no coro o maestro continua empenhado em aumentar o programa do "bestiário musical".

Começámos agora a ensaiar esta, sem o coaxar de sapos e rãs no início e no fim, outras roupas, obviamente, e coreografia a decidir.

É super-divertida!



E a letrinha reza assim:

sapo-boi perereca rapa-cuia
se encontraram lá no brejo
pra dançá forrobodó
o cururu que pegou logo na tuba
convidou o Zé Caçote
pra cantá pelo gogó

Dança pé rachado
cururu fardado
sapo de botina
lagartixa de sapato


Para contrabalançar, o programa "músicas do mundo" vê-se aumentado com uma milonga de seu nome "Jacinto Chiclana", poema de Jorge Luis Borges musicado por Astor Piazzolla, coisa séria, portanto.

ainda do cabeleireiro

Irritam-me, mas irritam-me sobremaneira, as tias que falam com o volume no máximo. E, verdade seja dita, são quase todas. Falar alto faz parte de ser tia.

Por que raios tenho eu de ficar a saber que OUSSA Ó EUGÉNIO, ACHA QUE TENHO DE CORTAR O CABELO OU AINDA ESTÁ BOM ASSIM? É QUE LOGO VOU A UMA FESTA EM CASA DA PIXINHA SÁ E, SABE COMO É... (...) NÃO, NÃO QUERO UM CHÁ, OBIGADA, FAZ-ME AZIA, PECÉBE? (as tias têm todas um certo problema com a articulação dos érres).

A mim, o que me faz azia são estas gajas, céus... Não há paciência. Mesmo.

revistas cor-de-rosa

Quando vou ao cabeleireiro e me esqueço de levar um livro, como hoje, acabo por folhear revistas tipo "gente", "lux", "mundo vip", "holla" e sinceramente... a quem é que isto interessa? Que tipo de pessoas gasta dinheiro a comprar papel para ficar a saber que Brad Pitt e Angelina Jolie deram um passeio de bicicleta em Nova Orleães, ou que a apresentadora X, já refeita do desgosto de amor com o empresário Y, de quem se separou há um mês, foi vista de mão dada com o jogador de futebol Z? Ou que o casal não sei quantos dá mais valor ao natal desde que lhe nasceram os rebentos e, a comprová-lo lá estão as fotografias da sala com a árvore cheia de bolas e a mesa posta com talheres de prata?

Por outro lado, o que leva o chamado jet-set a expor a sua intimidade? Uns cobres a mais? Pura e simples vaidade? Na volta acabam todos de cara enfarruscada a embrulhar castanhas...

Porque é que os voyeurs não agarram na massa que gastam a comprar lixo e a dão ao lar de velhos do bairro? Ou então que juntem três ou quatro semanas de revistas e comprem um livrinho, que tal?

janeiro 18, 2008

contraluz


Às vezes sinto-te assim como se estivesses aqui, mas em contraluz.

Apenas como se te adivinhasse a silhueta, um perfil que se destaca dos raios de sol que te iluminam por trás, tão ao longe que não te posso tocar.

Sinto-te e não te vejo. Parece-me ouvir um ruído no corredor, como o roçar do tecido entre as pernas quando se caminha ao de leve sem fazer barulho com os pés descalços, nas minhas narinas o teu cheiro que se aproxima, volto-me para a porta a sorrir mas não estás lá. Espanto-me sempre de não te ver encostado ao umbral, a cabeça levemente tombada apoiada na madeira, um braço que abraça o tronco, o outro com a mão na face olhando para mim num doce convite.

Não estás ali, mas sei que me vês e por isso passo as mãos pelo cabelo, endireito as costas na cadeira, descontraio o rosto para ficar mais bonita. Gosto que me vejas mesmo quando não estás por perto e de tanto te pensar acabei por aceitar essa tua presença ausente.

Eu aqui, e tu como que do outro lado da porta, à distância de um trinco que se abre, de um braço, um abraço.

Vou abrindo janelas na esperança de te ver ao vivo caminhando em passo ligeiro pela calçada, a tua sombra que afaga as pedras, que sobe e desce muros e passeios numa dança ritmada que se chega a mim. Abro a caixa do correio para ver se uma carta tua, um postal, qualquer coisa que me prove que existes para lá dos meus sonhos.

Acabo sempre por te encontrar, às vezes em contraluz, às vezes duma forma mais real, um cheiro no elevador, uma frase solta no meu caminho, uns olhos da mesma cor que se cruzam com os meus na rua, um aperto de mãos em que o toque da pele me faz lembrar vagamente o teu e um arrepio por engano.

janeiro 17, 2008

dei lave quets



Já chega de posts sobre este meu saltinho a Marraquexe.

Em especial para a menina da gota, que diz que de Marrocos só quer distância, deixo aqui, para finalizar, um bom motivo para uma remota mudança de opinião.

Eles não vão muito com cães, a menos que sejam para guardar os rebanhos, em contrapartida amam gatos. Não vi um único cão, mas gatos, são às centenas. E lindos.


janeiro 16, 2008

e se a asae fosse para...


...Marrocos?

A fotografia não se percebe muito bem, não é? Passo a explicar: trata-se de uma lojeca que vende frangos. O comprador tem duas hipóteses de escolha. Ou está com pressa e compra um dos bichos já devidamente depenados que se encontram em primeiro plano, ou tem uns 10 minutinhos para estar à conversa com os outros clientes e escolhe um dos galináceos das gaiolas em segundo plano. Pode assim apreciar-lhe o vermelho da crista, a vivacidade dos olhos e o timbre do cacarejo. Escolhido o animal, o vendedor agacha-se atrás do balcão e aplica facada rápida e certeira na branca goela, de tal forma que nem se ouve um pio.

Depois é só esperar que o bicho dê umas voltas dentro da maquineta tipo micro-ondas sem porta que se vê do lado direito atrás, donde sairá já depenadinho, pronto para a balança e para o saquinho de plástico.

Eu tenho para mim que em Marrocos é que a ASAE devia estar em vez de nos andar aqui a maçar com as colheres de pau, os croquetes e os pasteis de nata.

em marrocos...


...ainda se vêem fotografias de Maddie nas montras.

Em Huelva, há 3 ou 4 dias, desapareceu sem deixar rasto outra menina de 5 anos. O pai é treinador de futebol num clube local da enésima divisão, o bairro onde mora e os seus habitantes fazem lembrar a zona j de chelas.

Fico à espera, para comparar.

janeiro 15, 2008

janeiro 14, 2008

estava ali...


... a assistir ao Prós e Contras sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa e ocorreu-me que a melhor solução para agradar a toda a gente seria e de terem decidido construí-lo em Alcochota.

cinco dias em marraquexe - do hammam

Há muito que tinha este desejo de ir a um hammam público, genuíno. Quase todos os bons hoteis e riads de Marrocos têm um hammam mais ou menos luxuoso, mas são instalações para turistas onde se pode chegar a pagar 100€ para entrar e mais 150€ por uma esfoliação completa e massagem. Não era nada disto que eu queria e, como não me dei mal nas experiências semelhantes que tive na China, na Coreia, no Vietnam e na Índia, resolvi ir ao hammam público do bairro, que funciona de manhã e à noite para homens e à tarde para mulheres, depois de perguntar a várias pessoas das imediações se o sítio era limpo.

Entrei no velho edifício de ar rústico por uma porta larga atrás de um guarda-vento que dava directamente para a rua e deparei-me com um largo corredor ao fundo do qual estavam sentadas no chão 3 mulheres de meia idade, cosendo. Junto a elas umas prateleiras com sacos, roupa e sapatos, por trás um compartimento com baldes grandes e outros mais pequenos lá dentro. Perguntei como era. 10 dr para entrar (1€), mais 60 dr se quisesse que uma delas se ocupasse de mim. Optei por comprar o serviço completo. Despi-me ali mesmo, enrolei-me na toalha que tinha trazido do hotel, calcei os chinelos que me deram, peguei na luva de esfoliação que tinha comprado e preparei-me para seguir a velha. Esta, despiu-se conservando as cuecas, deu-me a mão e levou-me pela escuridão húmida do hammam. Atravessámos o tepidário e entrámos na sala mais quente. Este hammam não tinha cubas com água. Apenas uma sala de chão de mármore, com uma enorme cúpula por onde entravam, discretos, os raios de luz do fim do dia. Por entre o vapor distingui vultos de mulheres sentadas no chão que se esfregavam energicamente a si próprias ou umas às outras.

A minha velha mandou-me sentar no chão depois de despejar um balde de água limpa no sítio indicado, encheu de novo o balde e verteu-mo por cima. Depois deu-me um pouco de sabão negro próprio para esfoliação que cheirava imenso a azeite e disse-me para ensaboar bem o corpo à frente enquanto ela fazia o mesmo nas costas. Depois de bem ensaboada mandou-me deitar no chão, pediu-me a minha luva, experimentou-a, disse que não prestava e optou pela sua. Era muito mais áspera, um verdadeiro scotch-brite. Durante quase uma hora, raspou-me o corpo todo, comigo de barriga para cima, de barriga para baixo, de perna para cima, de perna para baixo, ao mesmo tempo que ia deitando mais água e pondo mais sabões e cremes. Aos poucos fui relaxando e acabei por me abandonar completamente às mãos da velha, deitada no mármore quente daquela sala cheia de vapor. Ao lado as outras mulheres conversavam e riam. A velha lavou-me os cabelos, escovou-me a cabeça com vigor, fez-me uma massagem e passou-me por água.

No final foi buscar a minha toalha, deu-me de novo a mão e conduziu-me pela penumbra até onde tinha deixado as minhas roupas. Sequei-me, senti a minha pele macia como a de um bebé, vesti-me, comprei um lenço para cobrir a cabeça molhada e saí para o crepúsculo da rua. Saltitei até ao hotel. À noite, dormi como um anjo.

janeiro 13, 2008

cinco dias em marraquexe - do hotel



Em Marraquexe há na cidade velha uma enorme quantidade de riads, pequenos hoteis de charme com preços para todas as bolsas. Não têm em geral mais do que 5 ou 6 quartos e estão instalados em antigas casas de habitação, às quais se chega a pé percorrendo a sentimento um dédalo de labirínticas ruelas e becos, com passagens mais ou menos estreitas por baixo dos edifícios.

As salas e quartos destas casas desenvolvem-se por dois ou três pisos mais terraço em torno de um pátio central a céu aberto (tapado nesta época por grosso plástico transparente). Para quem conhece as casas da andaluzia, é igual. No Dar Baraka (nome facílimo de fixar), o riad onde ficámos, o acolhimento é familiar e caloroso, com direito a umas taças de sopa na cozinha que tinham sobrado do jantar na noite em que chegámos tarde e esganados com fome, mais um cházinho verde com açafrão preparado pelo Mohamed, guarda da noite estrábico e simpatiquíssimo.

Prefiro mil vezes isto aos modernos e luxuosos hoteis de fora das muralhas. De manhã quando se sai já se está em plena medina e vai-se a pé a todo o lado, havendo apenas que ter cuidado para não se ser atropelado por carro, mota, bicicleta ou carroça de burro.

O nosso quarto ficava neste terraço. Uma delícia para tomar o pequeno almoço.





cinco dias em marraquexe - das boas vindas



Há sítios que nos deixam um desejo de regresso quando os visitamos. Acontece por vezes que, quando temos oportunidade de o fazer, as expectativas alimentadas pelas doces recordações da memória são tais que, ao chegarmos, se a realidade não corresponde aos nossos sonhos, à ânsia do retorno se sobrepõe a vaga frustração do desencontro.

Mas há outros em que isso não acontece. Já estive em Veneza várias vezes e, de cada vez que lá regresso, encontro em mim o espanto da primeira vez.

E agora com Marraquexe, onde tinha estado uma única vez há já 12 anos como ponto de partida e de chegada de uma expedição de 15 dias ao deserto. Dessa vez tinha sentido apenas um breve cheiro da cidade ora rosa ora ocre conforme a hora do dia e o ângulo com que o Sol a beija, um simples roçar pela vida que fervilha pelas ruas e praças da cidade antiga. Fiquei sempre com vontade de voltar, com mais tempo para estar, para me entranhar no seu coração e no das suas gentes.

Percebi que o regresso era o esperado assim que comecei a persentir a aproximação da cidade ao longe, mancha rosada surgindo das terras secas e pedregosas do deserto que a envolvem com o atlas nevado como pano de fundo.

No hotel, as boas vindas que a tradição impõe: pétalas de rosas vermelhas por todo o lado.

janeiro 12, 2008

cinco dias em marraquexe - da estrada

Dos cerca de 2600 km de estrada que nos levam de Lisboa a Marraquexe e de novo a Lisboa, o meu amigo proprietário da furgoneta em que fomos só me deixou guiar cerca de 600, metade para cada lado. Em viagens grandes parece-me bem partilhar a condução, tanto mais que dos três viajantes apenas dois tinham carta, mas o meu amigo lá me foi enrolando com aquela do "não estou cansado", "ali mais à frente já trocamos" e outras frases do mesmo teor.

Agora que já voltámos e que correu tudo bem, posso dizer que felizmente que não guiei mais, pois cada troço de 300 km custou-me a módica quantia de 20€ e, com a sorte que tenho, a coisa não se ficava com certeza por aqui.

Tal como cá, as auto-estradas em Marrocos têm como limite de velocidade os 120 km/h. Recentes, bem lançadas, com pouco trânsito, convidam inevitavelmente ao excesso de velocidade. Ao contrário de cá, as auto-estradas em Marrocos, sobretudo perto das grandes cidades, estão hiper-vigiadas com polícia equipada de radares. E foi com este pormenor que me tramei. Eu bem travei quando os vi lá ao longe, mas nada feito. Fui apanhada por um radar à ida e por outro à volta, duma vez a 140 e doutra a 150.

O que me deixou mais espantada nesta história, para além do facto de o meu amigo conseguir passar invisível aos radares que a mim me apanhavam sempre ao fim de 100 km de viagem, foi o sistema de multas completamente desburocratizado que têm lá em Marrocos. É muito simples: o polícia manda-nos parar, pede a carta de condução e os documentos do carro, olha para o condutor com um ar pesaroso e estabelece-se um diálogo assim:

- Tss, tss, a senhora vinha em excesso de velocidade...
- Eu? Mas não, não vinha, eu até tenho estado muito atenta sempre aqui a controlar o velocímetro.
- Pois, mas nós temos um radar lá atrás que acusou 149 km/h.
- 149? Eh pá, mas como é que eu fiz isto? Devo-me ter distraído. Então e agora?
- Agora tem de pagar 400 dirames (cerca de 40€)
- 400 dr? Mas eu já não tenho dirames, sabe este é o último dia, tem corrido tudo tão bem, vá lá, seja simpático... (aqui faz-se um belo sorriso e dá-se às pestanas)
- Sabe é que a esta velocidade, se eu lhe passo a multa, isto é apreensão de carta.
- Ai, isso é que não pode ser... Olhe, não tenho dirames, mas tenho aqui 20 €. Pode ser assim?

O guarda conferencia com o colega, olha para mim que faço um sorriso desolado em jeito de súplica, e diz:

- Bom, está bem, siga lá.

A nota de 20 vai directamente para o bolso do agente, a carta regressa à minha carteira.

Simples, não é? Será que multam mesmo alguém ou chegam lá à esquadra ao fim do dia e dizem ao chefe que toda a gente se portou bem? Cá para mim, as notas que vão para os bolsos devem ser a dividir por todos, que os ordenados são baixinhos. Inch Allah!

a pedido...

... da Teresa aqui fica a fotografia referente ao post anterior, antes de ir para o quentinho da esquadra e quando ainda pensava que ia esperar ao frio mais os caixotes.

Teresa: Achas mesmo que me deixavam fotografar a esquadra lá dentro?

janeiro 10, 2008

uma vez na vida

Esta é uma oportunidade única na vida. Escrever um post no meu blogue nos escritórios da guarda fiscal de Tarifa enquanto o amigo com quem estive em Marraquexe foi a Algeciras declarar e pagar a taxa do excesso de mercadoria que trouxe na carrinha, pois aqui no hay aduana.

Eu bem lhe disse que estava a comprar coisas a mais, mas não me ligou pevides.

E agora, ou deixávamos aqui o carro e íamos os três de taxi, ou ficava cá parte da mercadoria e um de nós como refém. Lá fiquei eu, que remédio. Como lá fora está frio, o guarda trouxe-me com ele para dentro. Passámos várias portas que abrem com cartão, celas com marroquinos que traziam com certeza algo mais que pufs e babuchas e acomodou-me finalmente no seu escritório onde está quentinho e onde as secretarias vazias são tantas a esta hora que acabei por perguntar se podia usar a net.

Vi o meu correio, dei uma volta aí pelos blogues do costume e, como os meus amigos nunca mais chegam, achei por bem deixar aqui este recuerdo. O guarda faz clic clic no teclado atrás de mim, é meia-noite, tenho fome e ainda não sei onde vou dormir hoje. Se fosse do lado de lá do canal, já alguém me tinha oferecido um belo chá de menta, quente e açucarado. Aqui, a hospitalidade e a simpatria existem, mas não chegam a tanto.

Regressei à Europa.

janeiro 04, 2008

Kill Bill

Aproveitando a onda das bandas sonoras e relembrando a conversa de há dias com um amigo aqui em casa quando viu que eu estava a ler o primeiro destes livros:

- Que livro é este que estás a ler?
- É o diário do David Carradine durante as filmagens do Kill Bill
- Tu gostas do Kill Bill?
- Eu adoro o Kill Bill. E tu?
- Eu? Eu nunca vi
- Não?! É de ver. Ainda por cima tem uma excelente banda sonora

Bom, eu sou fã incondicional do Quentin Tarantino como aliás já tinha dito aqui, ao ponto de me dar ao trabalho de ler este diário de rodagem. Adoro o ritmo louco, as personagens loucas, a alta improbabilidade dos enredos, o humor negro, as bandas sonoras e a mestria incomparável de Tarantino em transformar cenas violentas em cenas cómicas, veja-se Pulp Fiction do princípio ao fim.

Aqui ficam dois trailers do filme e duas das suas músicas mais emblemáticas: Bang Bang, por Nancy Sinatra e Goodnight Moon, por Shivaree.

Fantástica a piscadela de olho final de Uma Thurman no segundo video.




surpresas

Bem sei que ela me faz imenso arranjo. Passa a ferro, aspira e lava o chão, limpa o pó, faz as camas de lavado, mantém devidamente higienizadas a cozinha e as casas-de-banho, dá com a esfregona na varanda, todas essas coisas.

Mas mesmo assim, ingrata, por vezes dou comigo a perguntar-me mas por que carga de água ando eu a pagar a esta gaja?

Como hoje quando, à procura do termómetro que o meu filho, febril, tinha utilizado deitadinho na sala, enfio as mãos entre os braços e as almofadas do sofá e encontro:

- cotão
- um corta-unhas
- migalhas
- um minúsculo aviãozinho de plástico
- uma pen de 500 MB que o rapaz tinha perdido
- o cd e respectiva caixa da banda sonora deste filme que adoro (o filme e o cd)

"In the mood for love", magnífica história de amor e desejo contidos, num filme visualmente lindíssimo.



Passei o resto da noite a ouvir o cd. O termómetro, estava noutro sítio.

janeiro 02, 2008

e assim vamos indo

Vou comendo quilómetros de estrada enquanto cabeceias a meu lado, sem conversares comigo, sonolenta, embalada pelo ronronar do motor e pelo balanço do carro.

Não era assim há dez anos, não eras assim. Gostei de ti ao primeiro olhar, gostei da tua boca carnuda, do teu olhar penetrante, das formas redondas do teu corpo e, sobretudo, da vivacidade da tua conversa.

Vejo-te agora a meu lado, a cabeça que balança, um fino fio de baba que te escorre pelo queixo, o corpo já não roliço e rijo mas umas gordurinhas a mais, a aliança que te vinca o dedo das mãos outrora finas e delicadas.

Mas nem é isso e tu sabes. Eu também já com umas entradas, o peito mais mole, o ventre mais cheio, as pernas mais magras. Não é isso e tu sabes.

É o silêncio, é eu ir aqui a comer quilómetros de estrada e tu a cabeceares a meu lado, ausente, sem me ligares, sem te interessares por mim. É chegarmos a casa e tu ires para a cama sem me esperares, só um beijo fugidio a acompanhar um boa noite, estou mesmo cansada, e eu a chegar ao quarto e tu já com aquela respiração suave de quem dorme.

São os jantares de todos os dias, passas-me a água por favor e eu que boas estão as batatas, depois o sofá da sala, a televisão, eu a tentar falar do que estou a ler, dantes gostavas de trocar opiniões sobre livros, sobre espectáculos, sobre o que se passava no mundo, agora olhas para mim com um sorriso condescendente, vais dizendo pois e sim até que adormeces em frente da novela.

A estrada vai rolando por baixo do carro e eu a pensar em tudo isto, a perguntar-me para onde foi aquilo que já foste, aquilo que já fomos. Até o desejo que tinhas por mim se foi. Aceitas-me das raras vezes que te procuro por baixo dos lençóis, bem sei que não dizes que não mas nunca me procuras, nunca olhas para mim com aquele olhar que me fazia sentir o homem mais desejado do mundo.

Olho de novo para ti e penso na Adélia lá do escritório. Ela olha para mim com esse olhar, sabes? E conversa comigo sobre o que estou a ler, sobre música, sobre o que se passa no mundo. E tem ainda, com a tua idade, o brilho no olhar que tu perdeste e com tudo isso me faz sentir o homem mais desejado do mundo. É por isso que de vez em quando chego mais tarde a casa, que te vou mentindo para não te magoar quando invento reuniões fora de horas. E tu, finges que acreditas e deixas-te estar, na eterna indiferença que me levou de ti.

voz de bagaço? óptimo!

Já que estamos em maré de vozes femininas e como me disseram aí em baixo que Macy Gray tem uma voz "um tanto abagaçada", que tal esta?

Eu gosto do charme das vozes de bagaço. Tu não?



Her hair is Harlowe gold,
Her lips sweet surprise
Her hands are never cold,
She's got Bette Davis eyes
She'll turn her music on you,
You won't have to think twice
She's pure as New York snow,
She's got Bette Davis eyes

And she'll tease you,
She'll unease you
All the better just to please you
She's precocious and she knows just
What it takes to make a pro blush
She got Greta Garbo stand off sighs,
She's got Bette Davis eyes

She'll let you take her home,
It whets her appetite
She'll lay you on her throne,
She's got Bette Davis eyes
She'll take a tumble on you,
Roll you like you were dice
Until you come out blue,
She's got Bette Davis eyes

She'll expose you, when she snows you
Off your feet with the crumbs she throws you
She's ferocious and she knows just
What it takes to make a pro blush
All the boys think she's a spy,
She's got Bette Davis eyes

And she'll tease you,
She'll unease you
All the better just to please you
She's precocious, and she knows just
What it takes to make a pro blush
All the boys think she's a spy,
She's got Bette Davis eyes...

e se quando for grande...

...não conseguir ter a voz da Macy Gray, pode perfeitamente ser a da Nina Simone, outra que adoro


My baby don't care for shows
My baby don't care for clothes
My baby just cares for me
My baby don't care for cars and races
My baby don't care for high-tone places

Liz Taylor is not his style
And even Lana Turner's smile
Is somethin' he can't see
My baby don't care who knows
My baby just cares for me

Baby, my baby don't care for shows
And he don't even care for clothes
He cares for me
My baby don't care
For cars and races
My baby don't care for
He don't care for high-tone places

Liz Taylor is not his style
And even Liberace's smile
Is something he can't see
Is something he can't see
I wonder what's wrong with baby
My baby just cares for
My baby just cares for
My baby just cares for me

janeiro 01, 2008

smoking no smoking

Acompanhando os amigos com quem passei o fim-de-ano, acabei a noite no Trumps, com a nova lei antitabágica acabadinha de entrar em funcionamento. Não esperava que esta legislação já estivesse surtindo os seus efeitos, mas estava. Uma sala/pista onde não se podia fumar, chamemos-lhe sala A, e uma B onde se podia.

Eu até fumo e até acho que vou aproveitar esta onda para me livrar do malfadado vício, mas querem saber o mais engraçado? Sala A - um calor insuportável, cheiro a gente, ambiente pesado. Sala B - graças ao hipersistema de ventilação e ar condicionado no máximo, fresquinha e respirável.

Até parecia que os fumadores estavam a ser privilegiados. Contra-sensos de uma lei.

mensagens de boas festas

Apesar de poderem significar que os outros se lembraram da nossa existência e, por isso, terem o seu mérito, não gosto de receber mensagens de ano novo e de natal dos seguintes tipos e por esta ordem:

- as mais odiosas - as piadolas inventadas por alguém (talvez um técnico de marketing que trabalhe para as operadoras) e a que as pessoas acham muita gracinha e reenviam para todos os seus contactos. A estas nem respondo.

- as não odiosas mas mesmo assim - aquelas que são inventadas pelo próprio e que servem para todos - para estas tenho uma resposta que serve igualmente para todos e que reza assim: "Obgada! para ti tb!"

Gosto de um telefonema ou de uma uma mensagem pessoal, que eu perceba que foi feita para mim e sinto sinceramente a sua falta quando não os recebo das pessoas de quem gosto ou que penso que gostam de mim. Eu faço isso com os meus AMIGOS e, quando não sou a primeira, respondo de forma igualmente pessoal.

Sou egocêntrica, narcisista? Acho que não. Apenas preciso de verdadeiras manifestações de afecto, de sentir que não sou mais um nº no telemóvel, que querem?

Sou antiquada, sou carente? Talvez. Aguentem-me assim, se quiserem

2008 - DPAN

Consegui escapar quase incólume à DPN do costume.

Bem me parecia que isto estava a ser bom de mais.

Em contrapartida, estou com uma forte DPAN, coisa nova, já que este dia costumava ser o início da EPN. Mesmo que tenha andado a abanar o capacete até às 5 de manhã pelas festas privadas e públicas dessa Lisboa, houve algo que não me tocou. Se o ano novo for todo assim, estou lixada.

Só posso dizer...

... a quem, às 2h58m do dia 1 de janeiro se põe à procura disto,


ou que se apresse, pois quem está lá na sala à espera, não estará na disposição de esperar muito, ou que, no mínimo, deveria ter feito a busca umas horitas antes do reveillon.

De qualquer forma, caro leitor, veio parar ao sítio errado. Há coisas que não se explicam, ou se tem talento ou não se tem e no falabrata não damos a conhecer os nossos trunfos.