maio 22, 2009

ja ca ran dá

o azul (roxo, lilás?)
dos jacarandás
o azul
o azul
o azul
dos jacarandás
roxo
lilás

e outra dúvida ainda

Os automobilistas que aproveitam o vermelho dos semáforos para proceder a limpeza meticulosa das fossas nasais, utilizando em geral o indicador e livrando-se das impurezas encontradas fazendo-as saltar do indicador com o auxílio do polegar, pensarão que os vidros do carro são opacos?

outra dúvida

Aquelas pessoas que, nos balcões das pastelarias, comem o pastel de nata segurando-o com um gardanapinho de papel e o mindinho e o anelar espetados, não querem sujar os dedos ou o pastel de nata?

dúvida

Quando um cidadão reclama que a via que passa lá ao pé de casa tem muito trânsito, logo muito barulho e pede que o protejam do ruído mediante a colocação de "painéis anti-sónicos", pretenderá umas barreiras sonoras ou qualquer outra coisa que me escapa?

maio 19, 2009

coisas que se podem fazer...

... enquanto se assiste a um espectáculo mesmo manhoso* no Jardim de Inverno do S. Luís:

1 - Tentar pensar noutra coisa para não se ficar demasiado deprimido;
2 - Havendo piano de cauda, o qual deverá ter, supostamente, a tampa aberta, procurar identificar os reflexos que se formam na face interior da dita tampa;
3 - Ignorar os suspiros de tédio do acompanhante, pela mesma razão expressa em 1, elevada ao quadrado;
4 - Contar os carros que passam na rua e ver o brilho dos carris do eléctrico, tudo isto reflectido no telhado de vidro da sala;
5 - Quando 1, 2, 3 e 4 já não chegarem, aceitar de pronto a sugestão do acompanhante e cavar rapidamente dali para fora, mesmo incomodando ligeiramente (paciência) os restantes espectadores.

* "Umas e outras" Pobre Vinícius... Às voltas no túmulo, pela certa.

maio 18, 2009

ecologias

No meio dos 90 e-mails que habitavam a minha caixa hoje de manhã, saltou-me à vista o assunto "fw-urinol ecológico".

Ainda nem o abri (o e-mail, não o urinol), pois o dia não deu para todos e este não me pareceu prioritário. Mas, pelo sim pelo não, acho que vou mudar de emprego. Há limites, caramba...

ws dg* #1

Comecei há uma semana e tal um workshop de diário gráfico, a ver se me organizo com os bonecos que deixo onde calha e se aprendo mais qualquer coisa. Algo como colorir, enquadrar, compôr, olhar, sentir, registar. E alguns truques. E algumas ideias. E mais o que houver.

1ª sessão. Entre outras propostas de trabalho esta: Iniciar o diário gráfico (já estava iniciado, mas iniciei-o de novo)com um registo que tenha algo de nós e uma mensagem que nos traga o diário de volta se tivermos a ideia tonta de o perdermos. Saíu isto assim:


2ª sessão. Proposta: ir para a rua (aqui o conceito é um pouco estrito pois sendo o workshop à noite, restam-nos os cafés da zona)registar uma ou duas cenas, regressar e colorir. A cena deve evidenciar um 1º plano, um plano intermédio e um de fundo e a aplicação da côr deve potenciar a diferença de planos. Com as dicas, muito úteis, fiquei a saber que os contrastes de claro escuro devem ser maiores no primeiro plano bem como o desenho mais pormenorizado. dito assim parece óbvio, mas às vezes se não ouvimos o óbvio, não damos por ele. E uma das cenas que fiz foi esta:


Estou a gostar deste workshop, estou pois.

*workshop de diário gráfico

maio 13, 2009

amor recente

Zé Miguel Wisnik. Amor recente e súbito, depois de uma conferência/show no Domingo passado no S. Luis. A conferência está no tubo e pode ser vista em episódios daqui em diante, com algumas variações como sempre estas coisas têm. A mais importante para mim, é mesmo o facto



de ZMW estar sentado nas gravações disponíveis e ter falado e actuado quase sempre em pé no S. Luís o que, parecendo que não, faz toda a diferença, se pensarmos que a vida o presenteou com uma linguagem corporal absolutamente fantástica, envolvente, cativante, expressiva. Vale a pena ouvir e ver os vários vídeos e ficar a saber pormenores sobre poemas e canções de Vinícius que todos conhecemos mas de cujas particularidades nem todos estaremos a par.

Bom e como nestes eventos há sempre uns discos à venda, adquiri este "pérolas aos poucos" (delícia de nome) e é o que tem passado nos últimos dias no meu carro.

Para espevitar apetites, deixo aqui o primeiro vídeo da série "Vinícius, palavra e música".

Enjoy!

de um dia assim

de tão bonito
num grito
meu coração aflito
mas de prazer
ai...
ou de sofrer
por ser
um dia
mais um dia
só mais um dia
a doer
assim

nem mais um dia
sem te ter
juntinho a mim
sim
e um grito
bonito
de morrer

maio 11, 2009

poetinha...

"A maior solidão é a do ser que não ama.
A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro."


Pois Vinícius de Moraes

regime

Iniciei hoje um novo regime alimentar.

Ao almoço como sopinha, um queijo fresco (havendo) e fruta. Fui almoçar às 14, são 16.15 e já tenho o estômago a queixar-se. Hoje não havia queijo fresco, esperemos que seja por isso.

maio 10, 2009

strange liaisons



Ligações difíceis de entender fizeram-me ligar esta fotografia a "Sampa" de Caetano Veloso, talvez só por causa de "o avesso do avesso do avesso do avesso". E, enquanto escrevia isto, lembrei-me de "Rebus" de Paolo Conte



Cercando di te in un vecchio caffè
ho visto uno specchio e dentro
ho visto il mare e dentro al mare
una piccola barca per me
per farmi arrivare a un altro caffè
con dentro uno specchio che dentro
si vede il mare e dentro al mare
una piccola barca pronta per me
ah che rebus, ah che rebus

Ma poi questo giro in cerca di te
è turistico ahimè e mi accorgo che
chi affitta le barche è anche
il padrone di tutti i caffè
e paga di qua e paga di là
noleggia una barca e prendi un caffè
ah è meglio star qui a guardare
i pianeti nuotare davanti a me...

...nell'oscurità del rebus
ah que rebus...


Deixar a cabeça fazer ligações à solta é como puxar uma linha e ver o que vem vindo nela pendurado.

maio 08, 2009

how

can't you see
how is
just
to be
we

variações do que li aqui

janelas azuis

quando
tu aqui
suspensos os olhos
no voo dos barcos
na lava
que desce Monsanto
arrepiando corujas
lua
pendurada na varanda
luz
impedindo Vega
pega
da mão
na pele
no pelo
cabelo
cheiro
de noite e mar
janelas azuis
tu

pedalando em paris

Uma das coisas boas que Paris tem de há um ano e tal para cá são as velib, bicicletas de uso partilhado a um euro por dia, desde que não se utilizem durante mais do que meia hora de cada vez. Depois de dois dias de mais chuva do que sol, o céu amanheceu tão azul que decidi mandar o metro e o Louvre às urtigas (também, se não vou lá há uns 20 anos, bem que pode esperar mais um pedaço) e passear-me pedalando. Para pegar uma velib, nada mais fácil. Basta encontrar um parqueamento como este aqui,

escolher uma bicicleta com os pneus cheios, travões a funcionar e blablabla, colocar o cartãozinho que o nosso hospedeiro nos emprestou sobre o sensor que existe para o efeito, soltar a dita cuja e pôr as pernas a funcionar. Comecei por apanhar o metro para la Villette que achei ser um bom ponto de partida para o meu périplo.

É verdade que os parques de velib abundam mais e estão melhor fornecidos no centro da cidade do que na periferia e tive de caminhar um bom pedaço ao longo do canal até encontrar um que tivesse bicicletas utilizáveis (o primeiro pelo qual passei só tinha uma bloqueada e outra com os pneus furados, pois... nem tudo corre sobre rodas nisto das velib). Finalmente, a minha primeira, aqui:

Canal à minha esquerda, fui descendo tranquilamente até chegar à Bastilha. Aí, tendo passado a meia-hora contratual, parqueei a bicicleta, dei uma volta pelo mercado que por ali há de manhã a pensar que, se fosse cá, a ASAE já tinha dado cabo do juízo a quem vende e compra carne e peixe em bancas ao ar livre, pois isso mesmo, ao ar livre.


Depois de umas deambulações e uma sanduiche, peguei noutra bicicleta para ir até aos jardins do Luxemburgo, que o sol estava bastante convidativo para mais um passeio. Os parisienses não resistem a um dia ensolarado e o sítio estava pleno de gente a jiboiar, de modo que escolhi uma cadeirinha modelo costasreclinadascombraços para me sentar e outra modelo



costasdireitassembraços para apoior os pés e fiquei-me a olhar a torre de Montparnasse e a dar uso ao meu diário gráfico, enquanto o sono não me venceu, acabando por dormitar ao sol até ficar com um belo tom de vermelho no nariz. Duas ou três horas passadas nesta actividade esfusiante


e preparei-me para pegar outra velib, não sem antes registar em fotografia os canteiros e castanheiros floridos e umas folhas de gingko que me entusiasmaram bastante.




Antes de regressar a casa sentei-me na Pont des Arts a ver os pés de quem passava enquanto o sol desmaiava já nas minhas costas.

A outra velib foi para ir dali até casa, no 18ème. Contas feitas, cerca de 16 km em 4 bicicletas, Paris intra-portas até que é uma cidade pequena.


E bom, fiquei fã.

maio 04, 2009

mother and son dialogue

- também tens uma página no feicebuque?
- nahh...
- o quê, os da tua geração são mais do aifaive, é?
- nahh, isso tudo já deu. aifaive, feicebuque, tuítar. eu já só ligo ao maicepeice.

e eu a pensar que era muito moderna.

azul

O dia tão azul e no entanto pérolas nos olhos a turvarem o azul do dia enquanto não descem pela face e se unem no queixo em pérolas maiores que tombam no colo, contas desfiadas de um colar antigo.

O dia tão azul e no entanto eu aqui e tu sei lá bem onde, mesmo que te ouça como se estivesses mesmo ao meu lado e me arrepiasses o pescoço num sussurro e num toque de dedos pelas costas.

O dia tão azul e no entanto alguém a pintá-lo de branco, indiferente a pérolas nos olhos, indiferente a arrepios de dedos e sussuros em ouvidos, como se lhe pertencesse todo o azul do dia.