Há sítios que nos deixam um desejo de regresso quando os visitamos. Acontece por vezes que, quando temos oportunidade de o fazer, as expectativas alimentadas pelas doces recordações da memória são tais que, ao chegarmos, se a realidade não corresponde aos nossos sonhos, à ânsia do retorno se sobrepõe a vaga frustração do desencontro.
Mas há outros em que isso não acontece. Já estive em Veneza várias vezes e, de cada vez que lá regresso, encontro em mim o espanto da primeira vez.
E agora com Marraquexe, onde tinha estado uma única vez há já 12 anos como ponto de partida e de chegada de uma expedição de 15 dias ao deserto. Dessa vez tinha sentido apenas um breve cheiro da cidade ora rosa ora ocre conforme a hora do dia e o ângulo com que o Sol a beija, um simples roçar pela vida que fervilha pelas ruas e praças da cidade antiga. Fiquei sempre com vontade de voltar, com mais tempo para estar, para me entranhar no seu coração e no das suas gentes.
Percebi que o regresso era o esperado assim que comecei a persentir a aproximação da cidade ao longe, mancha rosada surgindo das terras secas e pedregosas do deserto que a envolvem com o atlas nevado como pano de fundo.
No hotel, as boas vindas que a tradição impõe: pétalas de rosas vermelhas por todo o lado.
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