março 31, 2008

summertime

Pronto, ainda não está calorzinho, ainda não está aquela brisa cálida do Verão, ainda não dá para tirar as meias, fechar a respectiva gaveta até outubro e chinelar durante 5 ou 6 meses (no sábado estive quase, quase, esteve bom no sábado).

Mas só esta coisa de ter mudado a hora já me deixa satisfeita. Oh p'ra isto! 19h22m e esta luz toda. Adoro a hora de Verão.



Recomendo o filme acima: "Summertime" cantado pela Billie Holiday, musicando uma animação com piada

março 27, 2008

funk rock psicadélico (?)

Ele diz que o género musical é funk rock psicadélico. Isto para mim é muito para a frente.

Vá lá pessoal, toca a ouvir as músicas do J, gravadas já como deve ser e online aqui, ó faxavor!

A minha preferida é a silence (dispensam-se piadolas com trocadilhos a propósito do nome, ok?). É a mais calminha.

março 26, 2008

palavras com sabor

Quando era miúda lia muito. Se calhar lia mais do que agora. Sem internet, sem televisão durante a tarde, quando não tinha programa de brincadeira com as outras crianças da rua, lia.

Depois dos Nodis (sim, o Nodi é um boneco com umas boas dezenas de anos) e das Anitas, passei, como todos os miúdos da minha geração, para as colecções de aventuras da Enid Blyton, daí para os clássicos juvenis de Charles Dickens e para toda a colecção da "biblioteca dos rapazes" do meu irmão, onde aprendi bastante sobre a conquista do oeste americano e a história da América do sec XIX.

Comecei os autores brasileiros como toda a gente, com "o meu pé de laranja lima" do José Mauro de Vasconcelos e tomei-lhe o gosto. Fui lendo o que deste autor havia lá em casa e, esgotadas as prateleiras dos livros que os meus pais achavam adequados à minha idade, pedi ao meu pai para me deixar ler livros de pessoas crescidas, em particular de Jorge Amado de quem o ouvia tecer os maiores elogios. O meu pai hesitou, perguntou-me se eu já tinha lido isto e aquilo, e eu já e, depois de alguma insistência lá me deu para as mãos "capitães da areia". Daí em diante, li tudo o que havia de Jorge Amado nas prateleiras do meu pai.

Hoje percebo claramente que os livros de Jorge Amado, lidos na puberdade e na adolescência, influenciaram sobremaneira a minha forma de ver as relações entre as pessoas, o sexo, o amor.

Mas do que eu queria falar mesmo, era da línguagem, das palavras mágicas do Brasil que me chegaram pela pena do Jorge Amado e que não se utilizam cá. Não sei se por isso, se por serem mesmo palavras especiais, ficaram para sempre na minha memória como pérolas de um colar que vou desenrolando, e saboreando conforme as ligo a determinados livros, a determinadas situações, às coisas que agora me sugerem ou que me fazem lembrar.

Uma das coisas que gosto no português falado e escrito por brasileiros é o facto de muitas palavras se aproximarem tanto daquilo que representam: bunda, por exemplo. Não há palavra mais redonda para o traseiro do que bunda. Para dizer bunda, a boca desenrola cá para fora a palavra que a enchia e, quando esta sai, imaginamos logo um belo rabiosque, bem alçado, bem redondo e fornecido de carnes rijas. É como cachoeira. Diz-se cachoeira e ouve-se o canto da água a cair. Nesta onda estão palavras como cangote, xoxota e xibiu, forró, xodó, moqueca, roça, beiju, cabrocha, moleque, siri, perereca, cachaça, capivara, jagunço e sei lá que mais.

Outra coisa de que gosto é o uso do gerúndio. Dizer estou voltando, estou chegando, estou fazendo tem uma música que estou a voltar, a chegar ou a fazer, não têm. Gosto de diminutivos feitos duma forma diferente da nossa: devagarzinho, radinho de pilha, sambinha.

Gosto das negações ao contrário: sei não, vem não, faz isso não.

Gosto de todas as palavras ligadas ao candomblê e aos seus terreiros: orixá, oxum, exu, iemanjá, xangô, oxalá.

Gosto dos nomes dos instrumentos musicais: agogô, reco-reco, atabaque, caxixi, berimbau e gosto de nomes ligados ao folclore como bumba-meu-boi.

E lembrei-me de tudo isto porque hoje me visitaram de um sítio chamado Blumenau. Nome fantástico, blumenau. Só podia ser no Brasil mesmo.

Nunca fui ao Brasil. Tenho de ir em breve.



Município de Blumenau no estado de santa catarina. Bem no Sul.

março 22, 2008

blogódromo

Uma amiga blogger dizia-me ontem que entre as maiores buscas do google em portugal se contam as expressões "ana malhoa nua" e "mamas da luciana abreu" e que, quem quisesse ver o seu contador de visitas a disparar em flecha não tinha mais que fazer um post em que falasse da ana malhoa nua e das mamas da luciana abreu.

Ora eu não ando propriamente muito preocupada com o número de visitas que tenho, sei que há umas quantas pessoas que me visitam diariamente, outras que vêm cá de vez em quando e biliões que nunca cá puseram os pés nem hão-de pôr. As visitas vão crescendo devagarinho, satisfazendo-me quanto baste o tiquinho que vou tendo a mais todos os meses, isto sem nunca ter necessitado de falar da ana malhoa nua nem das mamas da luciana abreu, personagens de que, aliás, tenho apenas uma vaga ideia do rosto e nenhuma das mamas ou da nudez, de tal modo ando arredada do sofá em frente do televisor, excepto para umas sonecas antes do jantar.

É verdade que dispenso os leitores que aqui vierem parar com buscas que digam "mamas da luciana abreu" ou "ana malhoa nua" e eles também dispensam com toda a certeza a leitura do falabarata pois não vão encontrar aqui mais do que estas palavras escritas. Nem sequer poderão ter o consolo de ver umas fotografias da ana malhoa nua nem qualquer imagem das mamas da luciana abreu.

Mas não resisti a fazer esta experência, que querem... fraquezas todos temos, não é?

Ora bem, o contador hoje diz 11.719 e a média de visitas é de 50 por dia. Neste post referi cinco vezes, seis com as próximas, as expressões "ana malhoa nua" e "mamas da luciana abreu". Daqui por um mês, voltaremos a este assunto, para analisar os resultados.

março 20, 2008

happy easter

E os melhores votos de boa Páscoa foram estes:


Boa Páscoa para vocês também.

dia do pai - direitos de pais e filhos

foto roubada na net


Quando eu era pequena, os dias de oferecer e de receber presentes eram o do aniversário, o de Natal, o da mãe e o do pai.

Agora há mais "dias de" a que não ligo nenhuma, mas ao dia da mãe e ao dia do pai ligo. Gosto de receber um mimo no dia da mãe e de dar um à minha mãe e, no dia do pai, sendo que o meu pai já nos deixou, há o pai do meu filho.

E é pensando no pai do meu filho e no meu filho que gostava de deixar aqui o meu testemunho.

Voltas que a vida dá, o pai do J e eu separámo-nos pouco depois do nosso filho nascer, após 10 anos de relacionamento (8 de namoro e 2 de casamento). Não fui eu que quis essa separação. Fiquei mal, fiquei magoada, sentida. Senti-me traída, abandonada num projecto a dois. Não gostei, de todo.

Mas todo esse mau estar nunca me fez perder a racionalidade que, desde então até agora tem norteado a minha postura: uma coisa é o relacionamento de dois adultos, outra muito diferente é a relação entre os pais e os filhos e os direitos que todos têm. Os pais, o direito e o dever de acompanharem o crescimento e de educarem os filhos, os filhos, o direito de terem pais presentes de quem tenham uma imagem positiva. Não sou psicóloga, nem pedagoga, nem nada que se assemelhe. Mas o bom senso sempre me ditou que, para a formação do meu filho enquanto ser humano era essencial ter uma imagem positiva do pai que, diga-se de passagem, é óptima pessoa. Mas mesmo que não fosse.

Eu e o pai do J separámo-nos. Mas tínhamos, temos, em comum o que há de mais sagrado: um filho. Um filho com direitos que nenhum de nós pode sonegar. Por maior que fosse a minha mágoa na altura, os direitos do meu filho e do pai dele sempre estiveram em primeiro lugar. O J cresceu com os pais separados mas presentes, sempre. O pai e a mãe. Nunca o J ouviu da minha boca enquanto crescia qualquer menção ao seu pai que não fosse positiva e tenho a certeza que o pai dele fez o mesmo. E parece-me tão óbvio que esta imagem positiva dos pais seja essencial para o desenvolvimento de uma criança, para a sua estabilidade emocional, que não consigo perceber como é possível que pais, mães, que amem os seus filhos com A grande, os utilizem como cavalos de batalha em guerras das quais eles não têm a menor culpa.

Vivo rodeada por exemplos desses, entre amigos e familiares e deparo-me com comportamentos que considero verdadeiramente criminosos por parte, sobretudo, das mães. Com que direito pode uma mãe impedir os filhos de se relacionarem com o pai?

Excluindo casos de insanidade ou de criminalidade, com que direito?

Quando ouço homens separados dizerem com ar triste que só podem ver os filhos um fim-de-semana de 15 em 15 dias e que às vezes nem isso, pois as mães arranjam pretextos para que os encontros não se concretizem, quando ouço mulheres dizerem que os filhos não precisam dos pais para nada, quando conheço casos de mães que levam os filhos pequenos a fazerem telefonemas aos pais papagueando agressões verbais que elas lhes ensinam, quando sei de meninos que são deixados à porta de casa pois os pais não se falam e não se podem nem ver, a minha alma pasma.

Isto é estupidez, é maldade, é o quê?

Neste dia do pai, penso nos pais que se vêem privados dos seus filhos e nos filhos a quem as mães roubaram os pais. E lamento que haja mães que ponham a sua mesquinhez à frente dos direitos dos seus próprios filhos.

Notas de rodapé sobre a minha experiência (é tão fácil, afinal):

- Depois daqueles primeiros tempos em que a presença da mãe é mais importante por razões "umbilicais", o J sempre viveu 15 dias com a mãe, 15 dias com o pai. Antes disso o pai do J via-o sempre que queria.
- Eu sempre fui a casa do pai do J e vice-versa. Para jantar, para falar, para brincar. Sempre que possível, havia saídas a 3.
- Nunca o J ouviu menções menos honrosas sobre namorados/namoradas dos pais.
- Quando o J começou a ser mais independente, a ir sozinho para a escola, eu e o pai do J procurámos casas próximas um do outro e próximas da escola.
- Quando o J nos disse que 15 dias em cada casa não era suficiente para se adaptar aos ritmos de cada uma e que preferia períodos mais longos, passou para um mês.
- Durante esse mês, o J sempre teve a presença do outro progenitor, sempre viu os pais quando quis.
- Eu e o pai do J mantemos uma sólida relação de amizade e vemo-nos com regularidade.
- Tudo isto à revelia do tribunal que estipulou, mesmo depois de recurso, que o J ficaria apenas à minha guarda. Nada de guardas conjuntas. Ok, levem lá a bicicleta. Cagámos na decisão do juiz e fizémos o que bem entendemos.
- O pai do J teve uma filha que tem agora dois anos. É irmã do meu filho. É como se fosse do meu sangue e adoro-a.
- O meu filho, à beira da maioridade, é um rapaz equilibrado e feliz.

março 19, 2008

coisas pequenas, pequenos prazeres

As primeiras cerejas do ano, quase pretas, doces, sumarentas, e os dedos manchados de vermelho.

Lençóis lavados, bem esticados, a cheirar a sabão.

Uma sesta num Domingo com chuva lá fora.

Perder-me na água escorrendo de um duche bem quente e prolongado antes de dormir.

Nariz enfiado em cabelos cheirosos de um amor.

O primeiro casal de andorinhas esvoaçando desregrado contra um céu cinzento de fim de Inverno.

Camarões, sapateira, torradas com manteiga e uma imperial.

O aroma e o calor de um bebé que adormece no meu colo.

Scones com chá ao chegar a casa ao fim da tarde.

Uma menina de dois anos a brincar comigo aos jantarinhos, palavreando coisas.

Um copo de vinho tinto, pão e queijo.

Um gato a ronronar no meu colo nos serões de Inverno.

Um banho de mar quase morno na minha ilha às 7 da manhã e aquela água toda só para mim.


março 16, 2008

a hole in the milky way

Alguém que queria que eu olhasse para o céu e visse as estrelas enviou-me hoje este link.



Tentei ver as estrelas com mais pormenor. É lindo. Adorei.


só um grande grande amor...

... me faria saltar da cama a um Domingo às 8 da matina depois de me ter deitado às 4 da manhã à conta do trabalhito que não me dá grandes tréguas.

A cria foi hoje para um estúdio de gravação na Póvoa de Sta. Iria com a sua banda, para produzir a primeira maquete mais a sério com as 5 ou 6 músicas que já compuseram. Só o vou buscar à noitinha. Alugaram aquilo e mais dois tipos para apoio por 12 horas.

Na auto-estrada pedi-lhe que me descascasse uma maçã: J, está aí um daqueles canivetes suíços tipo cartão de crédito. Não te importas...?

Dois segundos depois:

- ai!!!!!!!! F....da-se. Desculpa o "f...da-se" mãe, mas cortei-me.

- Não faz mal. É para essas coisas que servem os palavrões. Mas cortaste-te muito? Cortaste o quê?

- Cortei um dedo. Não sei se é muito, não quero olhar.

- Põe o dedo para cima.

Deitei uma olhadela pelo rabinho do olho. Não parecia grave.

- E faz-te falta esse dedo? *

- Uma sorte, mãe. É mesmo o único que não me faz falta.

- Óptimo. Põe-se um penso rápido para proteger e vai tudo correr bem.

* O rapaz toca baixo. Só não precisa mesmo do mindinho da mão direita. Não sei o que o levou, destro, a querer descascar a maçã com a mão esquerda.

falo do que não sei e digo tolices

O meu amigo Pitx, por cujas opiniões nutro o maior respeito, deixou-me um comentário aqui que me levou a fazer algo que deveria ter feito antes de escrever o que escrevi.

Fui ler com mais atenção algumas notícias online sobre a nova lista de pecados da Igreja Católica, por onde tinha passado os olhos apenas ao de leve há dois ou três dias.

Creio que a tolice a que o Pitx se refere deve ser esta: "Será que os crentes menos afortunados têm de passar a confessar ao padre: "pequei, sou pobre."?", já que no resto do post não encontro outras tolices dignas de nota. Pois este meu amigo tem toda a razão e fez-me sentir completamente tola por não ter reflectido sobre o que estava a dizer, tanto mais que a minha intenção principal era falar sobre as enormes diferenças sociais que ainda existem no nosso país e a forma gritante como nos aparecem assim, vistas do céu.

O que na minha cabeça não estava a fazer sentido relativamente a este novo pecado em particular "pobreza extrema de uns e riqueza escandalosa de outros" que copiei doutro sítio com esta redacção, passou a fazer quando vi a lista que se segue:

1. Fazer modificação genética
2. Poluir o meio ambiente
3. Causar injustiça social
4. Causar pobreza
5. Tornar-se extremamente rico
6. Usar drogas

Acresce que, e ao contrário do que li nalguns sítios, estes pecados são sociais e não capitais, perdendo pois a dimensão pessoal dos sete que todos conhecemos.

E daqui levo esta lição: mais cuidado antes de falar do que não sei.

Obrigada Pitx.

março 15, 2008

novo pecado visto do céu

Ouvi falar do live search maps na rádio, depois dei com o endereço aqui e quando visitava o amigo Alf encontrei este post, onde ele mostra as casas onde já viveu.

O post do Alf fez-me pensar que ele, eu e a maioria de nós que por aqui nos passeamos somos de facto pessoas privilegiadas. Pela simples razão de que temos um tecto a sério que nos abriga. Maior ou menor, mais ou menos luxuoso, mas um verdadeiro tecto. E por baixo desse tecto temos o conforto mínimo de que precisamos para vivermos a vida com a dignidade que deveria ser um direito de qualquer ser humano.

O live search maps é pois muito útil. Permite-nos encontrar a nossa casa em voo rasante e cuscar um pouco por aí. Mas também nos permite encontrar, iluminados pela luz crua do mesmo Sol, os bairros onde os tectos não protegem as pessoas que lá sobrevivem em condições que apenas imaginamos, pois não as conhecemos de facto. Ignoramos o que é partilhar o mesmo espaço diminuto com mais dez pessoas, ignoramos o que é ter fome, frio, chuva a pingar em cima de mantas húmidas e a falta de um duche quente todas as manhãs.

Na minha cidade há gente a viver aqui

e aqui

e aqui

E no meu país há gente a viver aqui


e que tem a casa de férias aqui


A pobreza extrema de uns e riqueza escandalosa de outros faz parte da lista dos novos pecados capitais com que o Vaticano resolveu presentear o mundo católico. Tal como li aqui, também eu não vislumbro como e quem confessa este pecado. Será que os crentes menos afortunados têm de passar a confessar ao padre: "pequei, sou pobre."?

Deus, a existir, não precisa desta ferramenta informática para verificar se o seu rebanho anda a pecar muito ou pouco. Mas para nós, simples mortais, é bom que percamos um pouco de tempo a voar por aí e a perceber de que retalhos é feito este país.

março 14, 2008

run run run run run away

Socorro! Hoje a minha secretária está quase assim...
Quero fugiiiiiiiiiiiiiiiiiiir!

março 13, 2008

bocas - perguntas

Quando se diz algo "à boca cheia" significa que se fala com a boca cheia de quê?

As histórias que correm "à boca pequena" podem ser contadas por pessoas que tenham a boca grande?

Pode-se falar quando se está "com água na boca" ou também é falta de educação?

A "boca do corpo" fica mais perto da "boca de cena" ou da "boca da noite"?

Quando se "manda uma boca" deve-se mandar com a mão ou pelo correio?

Um "bate-boca" é uma pessoa que tem a mania de dar sopapos nas bocas das outras?

Quando alguém fica "de boca aberta" quanto tempo depois deverá fechá-la?

Porque não é azul o "céu da boca"?

Para passar algo de "boca em boca" é preciso juntar os lábios aos da outra pessoa?

A respiração "boca-a-boca" pode-se fazer pelo nariz?

Se alguém me diz: "cala a boca!", calo-me eu ou digo à boca que se cale?

março 11, 2008

e a cor pedida é...

...o chamado castanho caca.


gosto do pormenor das reticências e das aspas nesta busca

ken lee

Acaba de entrar na minha caixa de correio, vinda do forum interno do meu coro, o seguinte apelo, dirigido expressamente ao maestro:

"É mais ou menos isto que nos fazes sentir!! Vê se tens dó!"



Isto porque faz parte do nosso repertório uma canção popular da Boémia que papagueamos em algo que esperamos seja checo.

março 10, 2008

o drama da prega #2

Aqui há dias falei da minha dificuldade em desenhar pregas a óleo e da decisão de investir algum tempo a praticar as ditas. Na altura escolhi para ilustrar o post um quadro de Magritte de que gosto muito, "les amants", quadro que penso virá ainda a inspirar-me algum escrito, pois tenho olhado tanto para ele nos últimos dias que qualquer coisa vai embrionando cá dentro a propósito.

Sempre achei que no desenho se aprende bastante copiando e dispus-me a copiar "les amants", dada a abundância de pregas no motivo. Como fazer a coisa a óleo estava muitíssimo para lá das minhas capacidades e tinha comprado uma caixinha de 10 pasteis secos (basic landscaping ensemble) porque gosto de experimentar novos materiais, resolvi fazer a cópia a pastel, embora o conjunto de cores não fosse o mais apropriado e eu nunca tivesse sujado os dedos com pasteis secos.

Enfim, o resultado não foi brilhante... O pastel tem MUITO que se lhe diga e facilmente o desenho fica empastelado no mau sentido do termo, ou seja perde-se o valor do traço, perde-se a vivacidade das cores.

De qualquer forma sinto que este exercício foi útil para aquilo que eu queria: a prega. O panejamento obedece a regras, regras que até já aprendi, mas para passar da teoria à prática e fazer qualquer coisa de jeito há muito que sujar os dedos e os pinceis.

Aos poucos vou dominando a prega e acho que quando lhe pegar de novo a óleo talvez a coisa já saia melhor


pastel empastelado de tcl

cem mil

Quando o meu filho me diz que a professora de matemática passou a aula a dizer "prontos" enquanto explicava as funções que tendem para "infenito" ponho-me algumas dúvidas quanto a de que lado me hei-de colocar nesta questão dos professores versus ministra da educação, sobretudo quando uma das questões em causa diz respeito à avaliação dos professores.

Quando penso que a última reunião de pais correu mesmo muito mal porque alguns pais se queixaram de que os seus filhos estavam desmotivados a português porque as aulas eram, segundo eles, "uma seca" e a dita professora de português adoptou uma atitude meramente defensiva dizendo que os alunos eram imaturos e que tinham de encontrar motivação por eles próprios, recusando-se a tentar arranjar uma forma de tornar as suas aulas mais interessantes, ainda vejo mais acrescidas as minhas dúvidas.

Quando me recordo que no oitavo ano, a turma do miúdo não teve aulas de português o ano inteiro, pois a professora entrava de baixa por doença, voltava para dar uma aula ao fim de 29 dias e regressava ao estatuto de doente, impedindo a escola de requisitar um professor substituto, ainda mais dúvidas tenho.

E quando me lembro da da 3ª classe que na avaliação de período escreveu que "o João devia de estar mais atento nas aulas", já não sei o que pensar.

100.000 professores em rebeldia é muito professor, alguma razão deverão ter. Se calhar é o meu filho que tem tido azar.

março 09, 2008

molas nos pés

Estão a ver este link em destaque aqui mesmo ao lado?

A banda da minha cria entrou na blogosfera. E eu, como mãe dedicada que sou, aqui deixo a necessária publicidade ao sítio onde eles fazem a publicidade deles.

Não sabemos aqui em casa qual vai ser o futuro dele, o que começa a ser um nadinha preocupante, dado que o 12º ano está quase a acabar e não há decisões à vista, nem opções tomadas em definitivo. Para já, uma das coisas que lhe ocupa mais tempo do que o desejável para concluir o secundário de uma forma razoavelmente elegante é esta banda, mas aprender música a sério também não faz parte dos planos...

Tento não me preocupar. Cada um tem o seu tempo para descobrir os seus talentos e vocações e, quanto ao resto, não tenho nada de que me queixar. Mil vezes a banda do que isto, por exemplo:

março 07, 2008

as tias e as leis de murphy

No balneário do ginásio apinhado de gente por se ver reduzido a metade da área à conta de umas obras que não acabam, chego ao meu cacifo a pingar do duche e tenho dificuldade em aceder-lhe pois de cada lado está uma tipa a vestir-se e aquilo é estreitinho.

Diz a da esquerda com um sorriso: ai, desculpe, vou já tirar daí as minhas coisas, isto está tudo tão cheio...

Digo eu: claro, não se preocupe, não é grave, cá nos havemos de arranjar.

Diz a da direita, com o rabo bronzeado a olhar para mim deixando adivinhar muitas horas de solário, sem nunca se virar: POIS, ISTO É FATAL COM'Ó DESTINO, TANTOS CACIFOS OCUPADOS E TINHA DE SER O QUE ESTÁ ENCOSTADO AO MEU QUE ALGUÉM HAVIA DE PRECISAR DE ABRIR JUSTAMENTE AGORA. ISTO COMIGO É SEMPRE ASSIM. NÃO HÁ NADA A FAZER. É A LEI DE MURPHY.

Olho de novo para o corpo de costas, uniformemente bronzeado da cabeça aos pés, que agora passa creme pela pele e digo: olhe é igual comigo; tantos cacifos sem ninguém aqui nesta ponta e tinha de ser ao lado do meu que se estava alguém a vestir. Que coincidência, não é?

Claro que não me respondeu. Enquanto pingo e espero que ela me dê um pouco de espaço penso que isto é realmente como uma das leis de Murphy: por mais tias que haja, haverá sempre uma tia mais tia que as outras. Ou então, por mais nua que esteja, uma tia é sempre uma tia.

março 06, 2008

anúncio

A notícia do dia que me fez vibrar foi a de que os funcionários públicos em topo de carreira vão ser substancialmente aumentados, sobretudo técnicos superiores e funcionários administrativos, a fim de fomentar um maior apego à coisa pública.

Claro que é preciso ter boas classificações de serviço e tal, mas eu reúno para já, 3 das condições base para fazer parte dos poucos eleitos.

Embora haja muita gente que tem a pior opinião sobre os funcionários públicos (eu também tenho, bem que se podia pôr metade na rua) a verdade é que há muitas pessoas a trabalhar imenso e a ganhar pouco, muitas vezes por pura carolice, outras por não terem alternativa e por não ser do seu feitio andarem a arrastar o rabo pelas cadeiras.

Mas onde eu queria chegar, é que este prometido "substancial" aumento me vai deixar na condição de "excelente partido" e não me vão faltar com certeza imensas propostas para juntar os trapos.

Não sei quando a coisa se concretizará nem quando é que os aérios me vão começar a cair dos bolsos, mas para ir poupando tempo aceito desde já candidaturas, as quais deverão vir acompanhadas de curriculum vitae detalhado e fotografia de corpo inteiro de frente e de perfil.

As propostas mais interessantes terão direito a publicação neste blog.

meia dúzia...

... de músicas que tenham sido importantes no meu passado é o que me pede a Mad. Meia dúzia é muito pouco, então para mim que consigo gostar de músicos tão diferentes como Mozart e Eminem, é pouquíssimo.

Também não sei muito bem a que passado me devo referir. Ao tempo intra-uterino em que a minha gestante mãe enjoou para sempre uma música brasileira da moda que o meu irmão ouvia 500 vezes por dia (banho de lua - de Celly Campello) e que foi importante na minha meninice quando me queria vingar duma sopa de couves que ela me tinha obrigado a engolir e punha o single de 78 rpm em altos berros ou, a um passado mais recente, ontem por exemplo, em que o mais importante em termos musicais foi conseguir cantar o "my love is like a red, red rose" sem desafinar? Ou aos primeiros anos pós 25 de abril em que o importante era cantar "grândola vila morena" a plenos pulmões e de punho erguido?

Pois não sei bem que faça... Bom, vamos a isto, sabendo que se este post fosse feito amanhã, a escolha seria decerto outra.

1 - Smoke on the water dos Deep Purple - isto corresponde ao tempo das primeiras festas de garagem, luzes de várias cores a piscarem na penumbra e um molho de miúdos que de repente passam do balão do João e das pombinhas da catrina para o rock da pesada.

2 - A walk on the wild side do Lou Reed - idem, idem em versão mais soft e com a cena travesti a apimentar a coisa. Uma música que ainda hoje me faz vibrar.



3 - Drama 3º acto de Maria Bethânia - daqui não dá para escolher uma música pois o disco é um todo completo com a sua sequência de palavras ditas e cantadas. Um disco que amei e amo, de que nunca tive o original de vinil mas apenas uma cassete que gravei apontando o microfone do gravador a pilhas para a saída de som do pick-up e que ouvi à exaustão nos meus 13, 14 anos. Talvez o meu primeiro encontro com a mpb e que já posso reviver quando quero em mp3.

4 - Portrait of a romantic de John Surman - um must do saxofone numa época menos feliz da minha vida. Ainda hoje choro se ouço isto de olhos fechados.

5 - More fool me dos Genesis - porque gosto, pronto.



6 - You and your sister de This Mortal Coil - Uma das músicas que me fazem lembrar os tempos de atelier, directas a trabalhar pela noite fora. Quando trabalhar era mesmo giro. E adoro esta música.



Passo esta tarefa apenas à Teresa, pois sei que lhe agradará sem dúvida fazer um post com este tema. Quanto aos outros, sintam-se à vontade para fazer o mesmo ou para deixarem a vossa selecção na caixinha de comenários.

março 02, 2008

não resisti...

... a pôr aqui isto




Depois do jantarito que fiz cá em casa, andei aqui uns dias armada em modesta e tal, mas depois pensei: "que se lixe... nem sempre os nossos talentos escondidos têm direito a menção na blogosfera", ou seja, arranjei umas desculpas esfarrapadas para mim própria.

Por isso, já que não resisti, levo a coisa até às últimas consequências. Apreciem o arranjo da travessa Vista Alegre, com a salada emoldurando a empada; a perfeição do trabalho de decoração da dita, com as tirinhas por cima; o dourado da massa atestando a sua cozedura perfeita e deixando adivinhar a consistência estaladiça. E o recheio? De babar!

É favor não tecer comentários menos simpáticos quanto à desarrumação da mesa, ok?

março 01, 2008

o drama da prega

Os amantes - René Magritte

Sofro do sindroma da prega. Eu até gosto de pregas, sendo naturais e de bom cair. Passo-lhes as mãos, aprecio a suavidade e delicadeza ao tacto, o peso do tecido. Um tecido muito leve, já se sabe, não dá uma boa prega. Por isso, a razão deste meu mal, não tem que ver com a prega em si, mas com a dificuldade em desenhá-la, agora que nas aulas de desenho o temos de fazer a óleo.

Enquanto as pregas foram desenhadas a lápis, meus amigos, não havia prega que me falhasse. Mais direita, mais torcida, mais larga, mais estreita, eu lá ia dando conta delas sem grande problema e até com bastante agrado.

Agora que o lápis é interdito e só podemos usar pinceis e óleos a coisa complicou-se. Eu até consigo dar os sombreados esbatidos para dar forma e volume aos objectos, eu até consigo fazer um tom de pele aceitável (há que misturar três cores a sentimento), eu até consigo (malzinho) lançar o desenho a pincel e óleo branco muito leve. Mas quando chega à parte das pregas, senhores, a coisa dá para o torto, muito torto.

Não há meio de atinar com a técnica da prega a óleo ou seja, a prega oleada. Aquilo passa por dar uma finíssima pincelada de tom claro e outra mais ou menos paralela de tom escuro por cima da base ainda fresca e por um sábio trabalho de esbatimento. Sai-me sempre mal... Este fim-de-semana trouxe a caixa dos materiais para casa, vou pendurar panos por aí e dedicar-me furiosamente à prega até à próxima sexta-feira.

Farta de ser enxovalhada, como se a inépcia pregal não me bastasse já, pelos colegas que dominam a prega.

bulas

Herdei do meu pai a mania de ler do princípio ao fim as bulas dos medicamentos. Felizmente não me passou uma certa hipocondria que lhe fazia achar que padecia de todas as possíveis reacções secundárias e assim interromper os tratamentos a meio.

Hoje fui à farmácia comprar um medicamento de que precisava e, chegada a casa, abri a embalagem e pus-me a ler a bula (coisa que cada vez se torna mais difícil com aquelas letrinhas tão pequeninas).

Às tantas na secção "efeitos secundários possíveis" rezava assim:

(...) vómltos e toxicidade hepática, incluindo casos raros de morte, fosfatase alcalina elevada (...). Os efeitos secundários descritos neste folheto, quando ocorrem, são, geralmente, de natureza moderada. No entanto, se se tornarem intensos e persistentes deverá consultar o seu médico.

Fiquei esclarecida e avisada. Se me calhar ter o efeito secundário "morte", espero que seja de natureza moderada. À cautela, não me esquecerei de consultar o médico caso a morte se torne persistente.