abril 29, 2008

zangas de putos

A - dá cá a minha boneca, que já a estragaste toda, minha estúpida, gorda e feia
B - mas tu emprestaste-ma!
A - emprestei, mas não dei. não tinhas nada que a estragar. és má e parva. dá-a cá, minha anormal ou nunca mais te falo.
B - pronto, é tua, toma lá. mas quem nunca mais te fala sou eu. és invejosa e tens borbulhas.
A - e tu usas óculos e a tua mãe tem pelos no nariz.
B - ah é? e o teu pai cheira mal dos pés e a tua avó não tem dentes.
A - e tu és tão feia que ninguém gosta de ti.
B - e tu pareces um pau de virar tripas e chamaste-me nomes feios.
A - pois chamei, mas tu tiraste-me a boneca e além disso no outro dia disseste que vinhas brincar comigo e não apareceste nem disseste nada e já fizeste isso montes de vezes.
B - isso não interessa, quero lá saber. chamaste-me nomes, pronto. és má. não sou mais tua amiga.
A - ...
B - ...
A - vá lá pronto. desculpa ter-te chamado nomes, mas estragaste-me a boneca e também me chamaste nomes. vamos fazer as pazes?
B - não. não quero ser mais tua amiga. és má.
A - vá lá, vamos fazer as pazes.
B - ...
A - ...
B - ...
A - ...
B - ...


Pois. Conversas destas são comuns entre miúdos. Muitas vezes as coisas só se resolvem com a intervenção de um adulto.

O que é estúpido é quando diálogos análogos se dão entre adultos. Não havendo um superadulto para mediar a contenda, gera-se uma guerra de silêncios gelados. A, 1º ofendido e 2º ofensor espera que B aceite a sua proposta de paz e não diz nada. B, esquece-se de que foi o 1º ofensor, resguarda-se no seu papel de 2º ofendido e pavoneia-se à frente de A, não dando o braço a torcer e esperando que A quebre.

Entre pessoas verdadeiramente amigas, mesmo quando no calor da contenda as ofensas ultrapassam o razoável e deitamos cá para fora todas as pequenas coisas que nos magoaram naquela relação, as zangas não duram mais que um ou dois dias. Já nos aconteceu a todos, não é?

Mas também já vi casos em que as "amizades" se perdem irremediavelmente à conta de arrufos deste género. Nestes casos não sei se se pode garantir que houvesse uma amizade. Seria qualquer outra coisa?

abril 27, 2008

cenas de filmes que não esqueço #1

Posso não me lembrar do que comi ao almoço. Para certas coisas, cada vez mais, tenho uma memória de galinha. Há filmes que nem me lembro se vi ou não e só tiro essa dúvida se os voltar a ver.

Mas há cenas de filmes que ficaram e ficarão para sempre gravadas na minha memória. Começo hoje a deixar aqui algumas delas. De out of africa (bem sei que gostar deste filme não é nada original, mas eu também não tenho pretensões de o ser) ficaram-me muitas cenas, para além de um grande amor por este filme. De todas elas escolho duas que para mim são especiais.

A do voo sobre uma áfrica que me emociona de tão bela



e aquela em que Robert Redford lava os cabelos de Meryl Streep (sou uma eterna romântica e adoro estes dois). Apenas consegui encontrar essa cena no tubo, perdida no meio deste vídeo. É do minuto 5.19 ao 5.55 mas vale a pena ver tudo. Tão novos e tão bonitos Robert e Meryl.

abril 26, 2008

cheirinho a verão

Todos os anos é a mesma coisa. Chegam estes primeiros dias de calor e não resisto a dar uma saltada até à beira-mar. Só depois de estar enfiada nas filas de trânsito é que me lembro de no último verão ter prometido a mim mesma nunca mais ir à praia em Lisboa sem ser entre outubro e março.

E hoje até fui prevista: nada de Costa de Caparica que não quero estar horas na fila da ponte; vou para a linha que é bem mais calmo. Senhores, foi quase uma hora para chegar a Carcavelos pela marginal.

Estacionar o carro nem foi difícil, agora que reabriram a primeira área de parqueamento. Já estacionar a toalha foi muitíssimo mais complicado, estava a ver que tinha de a dobrar ao meio e ficar sentada tal era a quantidade de gente no areal, para mais com a maré surpreendentemente cheia... Acabei por arranjar um espacinho onde eu e o meu vizinho coubémos um tanto ou quanto de viés e ainda consegui dar um mergulho rápido na água fria de mais para o meu gosto.

Tenho de confessar que, mesmo com fila, mesmo com 2pax/m2, me soube que nem ginjas.

Solinho, pele salgada, a praia toda como um grande écrã de cinema tal era o movimento. Como às tantas comentou o meu vizinho, todos temos no nosso imaginário aquelas prainhas desertas com coqueiros quase dentro de água, mas uma praia a abarrotar de povo, é outra animação. Há muito mais para ver. E para ouvir. Para ouver*, em suma.

* Acho que vou propor a criação deste verbo no novo acordo ortográfico. Dá imenso jeito e poupa-se tinta.

abril 24, 2008

mas o homem não se enxerga?

Li hoje no jornal que Santana Lopes é candidato á liderança do PSD e conta com o apoio do Alberto João. Parece que Luis Filipe Menezes pediu ao rei da Madeira para se candidatar mas ele recusou. Vá lá que AJJ ainda tem alguns neurónios dos bons a funcionar. O mesmo não se passa porém, com o PSL. Bem sei que, para além de brincar aos políticos e nos fazer passar a todos pelas trapalhadas que se viram em Lisboa e no governo, PSL não sabe fazer rigorosamente mais nada e as pensões de alimentos não perdoam. Um homem tem de fazer pela vida.

Mas caramba, mais circo, não. Ele há outros países. Perdoem-me o egoísmo mas, porque não emigra? Sei lá, para a Lapónia. Olhem, pensando bem, coitados dos lapões. Eu nem me importo que uma pequenina percentagem dos impostos que entrego ao Estado seja para pagar uma reforma ao PSL só para ele ficar sossegado. Arranjávamos-lhe uma vivenda com piscina e umas miúdas jeitosas em Vila Nova da Rabona e púnhamos lá o gajo.

abril 23, 2008

weep o mine eyes



Chegadinha do ensaio onde andamos a trabalhar esta peça, a voz dos contraltos (a minha) não me sai da cabeça. Continuo sem saber para quando esta aqui, agora que andamos com as polifonias do século XVI, mas que se lixe. Também gosto disto.

abril 22, 2008

slow food

Já todos fomos ao macdonaldo e à pisa-âte e a esses sítios onde se come comida de plástico servida ao balcão por rapazinhos e rapazinhas de boné. Confesso que por vezes, ao Domingo, sem pachorra para perder tempo com cozinhas e restaurantes, também engulo um humburguer com umas batatas fritas gordurentas e uma grande coca-cola para neutralizar o resto do repasto. Invariavelmente, a seguir, sinto-me acometida de culpas várias, como por exemplo:

- culpa do pecado - fui preguiçosa
- culpa social - contribuí para a engorda dos monopólios do imperialismo americano
- culpa sanitária - esta porcaria faz-me mal

Felizmente que isto só se passa nalguns Domingos. De contrário, do que eu gosto mesmo é de comidinha tradicional a fumegar no meu prato acompanhada de um bom tinto, de doçaria conventual, de queijinhos campestres de várias nacionalidades, de camarões com cerveja, de paio de barrancos, de prosciuto de parma, enfim de coisas mesmo BOAS (para o meu gosto, claro, que o "bom gosto" é coisa que não entra no meu vocabulário).

É por isso que gosto deste movimento chamado "Slow Food", cujo símbolo, muito apropriado, é este:



Os promotores da Slow Food, organização que se espalha já por vários países (incluindo Portugal, cujo site tem a última entrada datada de dezembro de 2006 (!!) então, senhores?) merecem todo o meu apoio. Promovem a produção regional de produtos alimentares tradicionais de qualidade, esmifram-se a lutar contra as cadeias de fast food, organizam feiras e outros eventos, protegem os pequenos agricultores opondo-se à industrialização excessiva da agricultura e transmitem-nos basicamente esta mensagem:

Comer devagar, saboreando, o que se produz devagar, é mesmo bom.

Tenho para mim (gosto de usar esta expressão) que a ASAE devia mas é ter umas aulas com a malta da slow food e deixar de nos moer a cabeça com esta coisa de preterir o croquete em favor da hamburguesa de plástico.

abril 17, 2008

ave verum corpus




Gosto mesmo deste pedacinho de música dos céus e não há meio de o nosso maestro a pôr de novo a ensaio. Só umas duas vezes há mais de um ano, mal lhe sentimos um leve cheiro. Acho que na altura o resultado não terá sido brilhante e ele desistiu.

Estas coisas ou se cantam MESMO bem ou o resultado pode ser desastroso. Mas caramba, entretanto evoluímos e às tantas estava na hora de voltar a tentar. Nós bem pedimos, imploramos, ele diz ok, ok, um dia destes e nunca mais...

acabei de ouvir...

...no televisor ali ao lado, o Luís Filipe Menezes a dizer que tinha abandonado a direcção do PSD e que, ao fim de seis meses no cargo dizia "chega!"

Eu cada vez ligo menos à classe política e nunca o PSD recebeu o meu voto, mas desta vez concordo com o seu recente ex-lider. Aliás, só não concordo a 100% porque acho que já "chega!" há imenso tempo.

Mas ele, coitado, só percebeu agora.

o preço (barato) da fama

Uma destas noites jantei no hotel bairro alto, por ocasião do aniversário de vida sob o mesmo tecto de um casal amigo.

Na sala de jantar, toda por conta deste grupo aí com 80% de fumadores, não se podia, obviamente, fumar.

É nestas ocasiões que a lei anti-tabágica tem o seu quê de ridículo. Não se podia fumar na sala de jantar mas podia-se fumar no bar ali ao lado, um piso abaixo. De forma que passámos a noite entre a sala de jantar e o dito bar e, como os não fumadores eram poucos e o grupo muito unido, lá íamos todos em catadupa escada abaixo alimentar o vício, deixando a sala às moscas por três ou quatro vezes e os empregados desorientados.

Numa destas idas ao bar

copos antes do jantar lá em cima no terraço (vista do caraças), copos durante o jantar, uma mulher desinibe-se

às tantas apercebo-me da porta ao cimo das escadas a abrir-se, olho para lá e vejo um dos gatos fedorentos a preparar-se para descer com uma amiga e digo muito alto:

- Olha o Zé Diogo Quintela!

O Zé Diogo olhou para mim, viu que não me conhecia de lado nenhum, fez o ar mais atrapalhado deste mundo, virou-se e preparou-se para voltar para trás. Enquanto o resto de grupo se ria sem qualquer pudor, eu, com pena dele, ainda disse:

- Não precisa de fugir... estava só a brincar consigo!

Ele virou-se para mim, fez um sorriso amarelo e foi-se embora.

Ficámos a comentar a chatice que é ser-se famoso e ter as pessoas a fazerem palermices destas a toda a hora. Alguém referiu que nós, os portugueses, até somos bastante discretos e deixamos, de um modo geral, as celebridades em paz. Concordo. Eu, por exemplo, nunca teria feito aquilo se não tivesse bebido uns copinhos de vinho.

Cinco minutos passados e ei-lo que regressa. O homem queria mesmo ir ao bar e não seriam vinte e tal cotas que o iriam impedir. Fez bem. Ninguém o chateou mais.

beijo, outra vez

Quando, no post anterior, pus o video com dois fimes da série Kiss de Andy Warhol, lembrei-me de imediato desta cena de Microcosmos, mas só hoje tive tempo de a procurar no tubo. E encontrei-a. Há cenas que ficam.

abril 13, 2008

obsessões do ouvido

No fim dos anos 80, início dos 90, andei numa fase de música minimalista. Phillip Glass, Michael Nyman e Wim Mertens eram ouvidos diariamente e dos filmes de Peter Greenaway, muitos musicados por Nyman e pelo menos um, que me lembre, por Mertens, eram compradas as bandas sonoras depois de vistos os filmes: The belly of an architect, Drowning by numbers, The cook, the thief his wife and her lover, A zed and two noughts, The draughtsman's contract, Prospero's book. Tudo muito avant garde e tudo coisas de que ainda gosto, mas que ouço já mais raramente.

No entanto, quando pego num destes discos para o relembrar, acontece-me frequentemente ouvi-lo de novo como antes, ou seja, chega ao fim e volta ao princípio.

É o que se passa desde ontem à noite com este aqui:


Às vezes dão-me destas coisas, mas gosto.

No tubo encontrei dois videos com músicas deste disco. Uma dança sobre cerca de 3 minutos de Casting no shadow (os 11.24 do tema completo seriam talvez de mais...)





e este video posto por alguém que teve a brilhante ideia de sobrepor a dois filmes da série Kiss de Andy Warhol o tema A tiels leis, que lhe fica mesmo bem.




Enjoy, ou passem à frente, que nem toda a gente tem paciência para os minimalismos de Mertens e para a sua voz de contratenor.

abril 12, 2008

saltando mais alto com as molas nos pés



Pois é. Estes putos ainda se fazem. Lá se inscreveram numa espécie de concurso de bandas de garagem que está a dar aos domingos à tarde de 15 em 15 dias ali no rock in chiado.

Fui assistir, obviamente. Vi o fim da actuação da banda antes da deles, vi a deles e vim-me embora. Mesmo assim fiquei um bocado surda durante dois dias e não sei como não me aconteceu nada de mais grave quando me pus no chão junto ao palco para fazer umas fotos e a canalha desatou ao moche mesmo ali atrás de mim. Salvou-me a barreira dos amigos do J, a quem eu gritei protejam-me dessa malta se não quando isto acabar, levam uma palmada no traseiro.

Em cada sessão há uma banda que passa à fase seguinte. De maneira que os fantásticos springshoes and the funky man fizeram a sua estreia no domingo passado e às 11 da noite não fiquei muito espantada quando o telefone tocou e

oh mãe vens-me buscar?
e então correu bem?
ganhámos!
e agora?
agora dia 20, temos de vir outra vez.


É no próximo domingo dia 20, no rock in chiado pelas 7 da tarde, mais coisa menos coisa.

Apareçam. A entrada são 5€ com direito a uma bejeca. Claro, têm de dizer que vão ouvir os springshoes and the funky man!

Para quem quiser, há mais duas músicas do concerto aqui.

abril 09, 2008

ai, o caraças...

Que vem a ser esta merda?

Há umas duas semanas para cá que não há dia em que não tenha de apagar um ou dois comentários que dizem algo como "please see here" e já li pelo menos noutro blog queixas sobre o mesmo assunto.

Os senhores do blogger tratam disto, ou é preciso activar a verificação de texto estilo wzxjuhfg?

abril 08, 2008

ah sim?

No mesmo jornal:

"Aquecimento global vai reduzir mortes provocadas pelo frio mas fará aumentar vítimas do calor"

Ainda bem que li isto. Sozinha não chegava lá.

A informação é uma coisa útil.

bigbrádar

Lido no jornal, daqueles grátis. Será de fiar?

"Base de dados nas escolas para evitar delinquência juvenil vai compilar todas as informações sobre os alunos desde o jardim de infância"

Desde o jardim de infância????

Que é isto?

Medo. A sério.

abril 07, 2008

águas de abril

O vento faz as águas do rio navegarem em sentido contrário defronte dos teus olhos hoje tão líquidos.

Vês as manadas de carneirinhos subindo o Tejo em contra mão, indiferentes às gaivotas paradas no ar, felizes saltitando de onda em onda e a rirem-se de ti.

Vês a tua vida que anda para trás, tão igual às águas que sobem quando deviam descer, tão igual ao mar que desagua neste rio cinzento, como cinzenta te sentes.

De repente uma nuvem que se desfaz sobre o rio e sobre ti que o vento fustiga e torna tudo tão líquido à tua volta como líquidos os teus olhos.

Rompe o Sol fugaz entre as nuvens, o rio subitamente não cinzento mas verde e castanho, o ferry de Porto Brandão que passa vazio tocando a manada de carneiros, que assim trota Tejo acima com mais afinco, acicatada pelas gaivotas que piam como cães pastores, e tudo isto te faz sentir ainda mais perdida dentro de ti, impotente para nadar contra esta maré inversa que é a tua vida e este rio, afogada na água que tens dentro e que faz os teus olhos líquidos mas que deles não sai porque secou.

abril 06, 2008

de vez em quando a minha cabeça...

... enche-se de palavras antigas. Saem das gavetas da memória sem que as chame, fazem-se convidadas e tenho de levar com elas dias a fio.

Em geral não me importo. Quando isto acontece, é com palavras boas, palavras amigas que me marcaram em épocas da vida mais ou menos próximas ou distantes ou as duas coisas.

Já tinha dito aqui que amava este disco, "Drama 3º Ato" de Maria Bethânia. Amo-o por muitas razões, todas elas indeléveis no meu coração. E uma delas é pelos textos que Maria Bethânia diz neste disco como só ela podia ter feito. Poemas de Fernando Pessoa, textos de Carlos Lacerda e Antônio Bivar e poeminhas da própria cantora, de Isabel Câmara e de Clarice Lispector

São as palavras desses poeminhas que me assltaram hoje, sem apelo nem agravo.

Eu não sou apenas essa hora
Em que me vês precipitada
Eu não sou senão uma de minhas bocas
Eu sou uma árvore ante o meu cenário.

...........................

Enquanto me permite o destino
Eu vou sendo os personagens
Que eu criei
Mas na vida tem sempre aquele
Que me indica
A ilusão como caminho.

...........................

Dizem que há mundos lá fora
Que nem nos sonhos eu vi
Mas que importa todo mundo
Se o mundo todo é aqui.

...........................

Eu conheço de perto a loucura
Ela mora no meu sangue
E me conta sempre com voz mansa
Que o amor é o sol
Dos que se prezam.

...........................

Pra onde vai minha vida
E quem a leva?
Por que eu faço sempre o que eu não queria?
Que destino contínuo se passa em mim e na treva
Que parte de mim
Que eu desconheço é que me guia.

..........................

Eu vou tentar captar o instante já
Que de tão fugitivo não é mais
Porque tornou-se um novo instante
Cada coisa tem um instante em que ela é
Eu quero apossar-me do é da coisa
Eu tenho um pouco de medo
Medo ainda de me entregar
Pois o próximo instante é desconhecido

abril 04, 2008

I have a dream



Martin Luther King foi assassinado faz hoje 40 anos.

Tenho uma enorme admiração por este homem, pela forma como soube conduzir o seu povo numa luta pacífica pelos seus direitos. Como, do outro lado do mundo Gandhi, outro grande homem, tinha feito.

40 anos passados e o famoso discurso de Agosto de 1963 em Washington continua actual em muitos locais do mundo onde perduram descriminações de vários tipos: raciais, religiosas, étnicas, sexuais, sociais.

Vale a pena ler o discurso na íntegra aqui, ou ouvi-lo aqui

Deixo alguns excertos, em memória deste grande defensor da paz e dos direitos humanos.


I am happy to join with you today in what will go down in history as the greatest demonstration for freedom in the history of our nation.

Five score years ago, a great American, in whose symbolic shadow we stand today, signed the Emancipation Proclamation. This momentous decree came as a great beacon light of hope to millions of Negro slaves who had been seared in the flames of withering injustice. It came as a joyous daybreak to end the long night of their captivity.

But one hundred years later, the Negro still is not free. One hundred years later, the life of the Negro is still sadly crippled by the manacles of segregation and the chains of discrimination. One hundred years later, the Negro lives on a lonely island of poverty in the midst of a vast ocean of material prosperity. One hundred years later, the Negro is still languishing in the corners of American society and finds himself an exile in his own land. So we have come here today to dramatize a shameful condition.

(...)

Now is the time to make real the promises of democracy. Now is the time to rise from the dark and desolate valley of segregation to the sunlit path of racial justice. Now is the time to lift our nation from the quick sands of racial injustice to the solid rock of brotherhood. Now is the time to make justice a reality for all of God's children.

(...)

But there is something that I must say to my people who stand on the warm threshold which leads into the palace of justice. In the process of gaining our rightful place we must not be guilty of wrongful deeds. Let us not seek to satisfy our thirst for freedom by drinking from the cup of bitterness and hatred.

We must forever conduct our struggle on the high plane of dignity and discipline. We must not allow our creative protest to degenerate into physical violence. Again and again we must rise to the majestic heights of meeting physical force with soul force. The marvelous new militancy which has engulfed the Negro community must not lead us to a distrust of all white people, for many of our white brothers, as evidenced by their presence here today, have come to realize that their destiny is tied up with our destiny. They have come to realize that their freedom is inextricably bound to our freedom. We cannot walk alone.

(...)

I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: "We hold these truths to be self-evident: that all men are created equal."

(...)

I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.

I have a dream today.

(...)

And when this happens, when we allow freedom to ring, when we let it ring from every village and every hamlet, from every state and every city, we will be able to speed up that day when all of God's children, black men and white men, Jews and Gentiles, Protestants and Catholics, will be able to join hands and sing in the words of the old Negro spiritual, "Free at last! free at last! thank God Almighty, we are free at last!"

abril 03, 2008

post com bolinha

Esta noite dormi com o Jean-Pierre Bacri.

Ou seja, o Jean-Pierre Bacri apareceu-me em sonhos e teve para comigo um comportamento digamos que, menos próprio. Imaginem o homem todo nu a fazer-me propostas indecentes. Eu, que gosto dele como actor, que gosto em geral dos filmes que ele protagoniza, mas que o acho feioso e desprovido de charme, aceitei os avanços sem grande problema. Ainda se fosse, sei lá o Jeremy Irons ou o John Malkovitch quando era mais novo, menos gordo e menos careca, ainda me entendia, mas o Jean-Pierre Bacri?

Passa-se qualquer coisa de grave comigo. Acho que vou ao psiquiatra.

abril 01, 2008

há muitas marias na terra



Como é que se explica aos rapazinhos e rapazinhas que nos atendem em diversos sítios que, quando uma mulher se chama Maria Teresa, por exemplo, não se lhe deve chamar Maria e muito menos dona Maria?

Adivinho as chamadas de telemarqueting quando do outro lado do fio me perguntam com voz maviosa: "Seria possível falar com a dona Maria Apelido?". Respondo invariavelmente que não, não é possível.

Hoje fui ao Holmes Place tratar de alterar o meu contrato para um mais vantajoso. O Ruben, que me atendeu levando "apenas" 40 minutos (a coisa era complicada, havia que tirar 3 fotocópias e fazer um telefonema) olhou desplicente para os papeis que eu tinha preenchido e disse-me: então é só um minuto Maria, aguarde aqui por favor. Eu aguardei 15 minutos. Quando voltou e, desculpe a demora, Maria, eu interrompi e disse, Teresa, se não se importa. Ah, disse o Ruben, prefere ser chamada de Teresa? ao que eu retorqui: 80% das mulheres portuguesas chamam-se Maria qualquer coisa. O nome é o qualquer coisa, não acha? Ou chama Maria a todas?

Ficou a olhar para mim com cara de parvo. Ok, eu também não gostava de me chamar Ruben. Se calhar este rapazinho chama-se Ruben Fábio e optou pelo Ruben, entre um e outro venha o diabo e escolha. Mas com as Marias Teresas não funciona assim.