agosto 31, 2007

lost again


Estou lixada!

Começo a ver o Lost com o firme propósito de ver só dois episódios, vá lá 3, e acabo por ver 8.

Ainda sou novata na coisa e tal, não sei o que vai acontecer, (nem quero que ninguém me conte!), por isso as minhas impressões de agora podem não ter nada a ver com o que vou pensar daqui a uns dias.

Mas, para já, o que mais me agrada nesta série, para além do evidente suspense, dos mistérios latentes que existem naquela ilha (será mesmo uma ilha?), são os pequenos universos pessoais que constituem cada personagem e que vamos descobrindo aos poucos, nos flash-backs de cada episódio e nas relações que se vão estabelecendo. Todos os personagens têm segredos escondidos, pequenos ou grandes dramas pessoais, razões profundas para querem sair dali ou ali ficar.

E, aos poucos, vamos tendo a sensação de que a presença de todos e de cada um deles naquele lugar, tem um propósito que deriva do culminar de um percurso pessoal, como se ninguém estivesse ali por acaso e todos, em conjunto, tivessem um objectivo a cumprir.

O Lost é, antes de mais, uma história de personagens, uma história de relações humanas.

Desde isto:

que não via uma série que me prendesse assim.

agosto 30, 2007

lost

tinham todos razão.

decidi-me finalmente a começar a ver o lost, naquela de deixa cá ver se isto é mesmo assim tão giro como dizem.

papei 2 episódios antes do jantar e 3 depois.

pronto, estou atrasadíssima em relação ao resto do mundo... vantagem: vou poder ver as 3 séries todas de seguida, sem ter esperar pela semana seguinte por mais um episódio de 50 minutos.

fixe.

agosto 28, 2007

mortes súbitas

Fez-me imensa impressão a morte deste miúdo Puerta que jogava no Sevilha, tal como me tinha feito a do Féher em 2004. Tão novinhos... E este desmaia no campo, depois sai a andar... não percebo. Se um jogador leva uma canelada na perna sai de maca, este desmaia sem mais nem menos e sai a pé. E ainda há pouco ouvi na televisão que nos últimos 5 anos houve cerca de 300 casos de mortes súbitas no desporto. É muito, não é?

agosto 27, 2007

voando por aí

A propósito de um comentário que este rapaz me deixou aqui, lembrei-me de dois episódios que fizeram com que hoje em dia já não me suem as mãos quando tenho de andar de avião.

O primeiro foi já há uns anos valentes, no Egipto. Não sei se as coisas ainda são assim, mas quando eu fui, quem chegava a Assuão e queria ir visitar Abu Simbel, que fica aí a uns bons 300 km, tinha de ir num avião que funcionava mais ou menos como um autocarro de parque de diversões, ou seja, estava lá paradinho na pista, até encher. Quando a lotação estava esgotada, ala para Abu Simbel. Lá chegado, largava os turistas, enchia com os que já tinham visitado o sítio e voltava para trás.

Até aqui tudo bem. O pior é que assim que aquilo levantou, as portas dos compartimentos das bagagens abriram-se logo, deixando à mostra os forros da fuselagem rotos, com esponja a sair e tudo com ar de que já não via nem uma barrela nem uma chave de parafusos há algum tempo. Deram-nos um suminho de lata para distrair e eu resolvi que, se tinha de morrer naquele dia, mais valia apreciar a paisagem que, diga-se de passagem é fantástica - deserto e a albufeira de Assuão - de cair para o lado!

O outro voo digno de nota foi quando fiz esta viagem. Larguei o transiberiano em Irkutzk para apanhar o avião para Ulan Bator. Aqui a coisa tinha um ar sério. Aeroporto, formalidades de embarque para outro país, check-in, despachar as malas, tudo normalíssimo. Quando cheguei à pista, a pé pois então, deparo-me com uma coisa igual a esta


das Linhas Aéreas da Mongólia: o fantástico Antonov AN26-100, máquina voadora a hélices, com 42 lugares apertadinhos (2 lugarinhos, uma coxia estreitinha, dois lugarinhos). Está visto que a minha vontade foi dizer, ok então divirtam-se que eu fico aqui por Irkutsk. Mas lá fui, né? O mais engraçado é que depois de ter despachado as malas, descobri que afinal o tapete rolante só atravessava a parede do edifício, que a pista era logo ali, o avião também e, quando subi os 5 ou 6 degraus do escadote para entrar no avião e lá dentro olhei para a direita (para o rabo do dito) o que é que eu vejo? Pois vejo as malitas dos 42 inconscientes que se meteram naquela coisa, todas postas de qualquer maneira umas em cima das outras, sem cinto de segurança nem rede. Só pensava quando é que o avião ia apanhar um poço de ar e as malas vinham todas parar cá à frente, porque entre os passageiros e as bagagens só havia uma cortininha. À parte este receio, perfeitamente (in)justificável e o barulho insuportável das hélices, a coisa nem correu mal de todo. O comissário de bordo até nos serviu uma sandosca sobre um belo guardanapo de algodão branco para pôr sobre os joelhos.

Quais tabuleiros, quais mesinhas! Guardanapo no colo e tá a andar!

agosto 26, 2007

tira? não tira

sem perceberem que "ficar nua" é aqui, muito mais que despir a roupa, os espectadores no fim da música, gritam, tira, tira.

Ela sobe um pouquinho a blusa, mas não tira.

Claro que não.

agosto 25, 2007

Aos poucos...

tejo / trancão

...foi retirando algumas palavras do seu vocabulário por inúteis que eram. Todas as conjugações dos verbos "amar" e "compartilhar" e alguns complementos directos e indirectos dos verbos "dar" e "receber" acabaram esquecidos nos fundos da memória e de tal forma, que se por acaso se cruzava com eles, escritos ou falados, ficava sem jeito, sem perceber o seu significado. Retirou também adjectivos como "querido", "amado", "adorado" e substantivos como "amor", "paixão" e "cumplicidade".

Despojou-se de todos os sentimentos mais profundos, com medo de ferir e de se ferir, guardando apenas aqueloutros mais leves que afloravam a pele somente de forma superficial, mas que davam à vida o colorido de que precisava: amizade, compaixão, solidariedade, polvilhados com um pouco de carinho e ternura.

Refugiou-se em si e nas suas coisas, livros, desenhos, fotografias, músicas, escritos. A vida corria rectilínea, partilhada mas não compartilhada, onde o afecto não se misturava com a paixão nem com a cumplicidade.

Um dia viu-se ao espelho e não se reconheceu, de tal forma a ausência das palavras perdidas tinha transformado por fora um ser que não se identificava com o que sentia dentro de si, vibrante de sensações, tremendo ao sabor de um cheiro, de um olhar cruzado na rua, de um toque de raspão. Percebeu como era estranha aquela forma de vida, sentidos embotados, aprisionados anos a fio no seu peito.

Com cuidado, procurou abrir-se para sensações há muito arrumadas e das quais prescindira. Encontrou pessoas que usavam com facilidade as palavras que tinha guardadas e que, com paixão, lhe pediram que as resgatasse. Durante algum tempo resistiu, continuando a utilizar aquelas a que se habituara: "gostar muito" em vez de "amar", "amizade" em vez de "amor", "partilhar" em vez de "compartilhar", até porque perdera o significado exacto das outras.

Numa tarde de ventos e chuva nas vidraças, acercou-se da estante, retirou o dicionário, limpou-lhe o pó, afagou-o com os dedos que tremiam, e procurou as palavras esquecidas. À medida que os seus olhos percorriam as páginas, a memória foi libertando todas as palavras que tinha lá bem no fundo.

Tentou primeiro dizê-las apenas para dentro, depois sussurrou-as e finalmente pronunciou-as em voz clara. Foi como se um raio de sol lhe entrasse no peito.

Gritou-as, cantou-as, chorou-as.

Desde então, não sabe passar um dia sem conjugar o verbo amar.

eu, margot


A minha dona por uns dias tem-se esforçado por tratar bem de mim. Tenho a sensação de que ela não percebe nada do que lhe digo, o que é esquisito, já que eu a percebo muito bem embora às vezes me faça de desentendida. Pois uma destas noites quando cheguei ao pé dela e lhe disse: quero fazer cocó, levas-me à rua?, ela, em vez de sair comigo outra vez, foi-me dar água e comida. Eu ainda disse: não tenho fome nem sede, só queria fazer cocó, ao que ela desata a fazer-me festas na barriga. Bem sei que tínhamos acabado de sair e não me tinha dado vontade, mas fui bem explícita. Como não havia meio de ela sair comigo e eu estava mesmo aflitinha, acabei por me aliviar na sala. Então não é que a tipa se fartou de ralhar comigo? Não é justo...

Ontem, porém, foi uma querida. Levou-me a casa de uns amigos dela que têm um grande jardim e uma piscina. Estava lá um rapaz bem simpático, o Pipo, uns anos mais velho que eu, mas enturmámos bem. Ele estava um bocado triste porque lhe morreu o irmão gémeo há pouco tempo por isso eu esforcei-me por animá-lo e brincar com ele. Lá andámos a rebolar na relva onde fizemos um belo buraco, trocámos pulgas, mordiscámo-nos nas orelhas e abanámos os rabos. O pior foi não nos terem deixado ir para a piscina... Eu bem pedi, pois estava cheínha de calor e a apetecer-me imenso uma banhoca, mas lá está o tal problema de comunicação... ninguém me ligou nenhuma. Nem me deixaram passar para lá do portãozinho que dá acesso à zona da piscina.

Como entretanto o Pipo já estava cansado e não lhe apetecia brincar mais, eu tratei de ir explorar o sítio. Embrenhei-me lá por trás duns arbustos e nisto comecei a sentir um cheirinho mesmo bom. Eh pá! que será isto? Como não estava ninguém por ali, resolvi ir ver do que se tratava e sabem o que encontrei? Pois nada mais nada menos que um belo rato, já bem morto pois tinha umas partes meio secas e umas minhoquinhas a sairem da carne. Mas cheirava bem como eu sei lá! Nunca tinha cheirado nada assim. Uma maravilha! Peguei nele e fui-me pôr na relva, mesmo ao pé do terraço onde a minha dona por uns dias havia de ir jantar. Brinquei imenso com o ratinho, mordisquei-o, estive a ver o que faziam as minhoquinhas (estavam a comê-lo as marotas) e depois, para guardar bem aquele cheirinho rebolei-me toda por cima do bicho. Eta, que coisa boa! Nunca me tinha divertido tanto!

Estava eu toda contente, quando as pessoas começaram a vir para o jantar. A primeira a chegar foi a minha dona por uns dias, que andava à minha procura. Apareceu de nariz torcido, a dizer que o jardim naquele sítio fedia, a perguntar a si mesma se teriam andado a pôr ferthumus na relva (sim, porque eu até os pensamentos lhe leio), que assim não se podia jantar ali. De repente viu-me e disse: mas que andaste tu a fazer? Estás toda suja! Parece sangue... andaste à bulha com o Pipo? Mas que cheiro horrível... Foi nesta altura que ela viu o meu ratinho... Bom, nem sei que vos diga... a partir daqui foi um inferno. A minha dona por uns dias aos gritos a chamar a amiga com um ar todo enojado, os outros todos a aparecerem numa grande algazarra, com panos a tapar os narizes, a perguntarem mas que cheiro fétido é este? e eu sem perceber nada.

Nisto, ela agarra em mim pela coleira, puxa-me para um canto e toca a regar-me com uma mangueira de água gelada. Então, então... agora não! agora está frio! eu queria era a piscina... e ela sem ligar nenhuma, a pôr-me sabão, a esfregar-me toda, e mais água e mais sabão, eu toda cheia de espuma, um tormento.

Assim que ela me largou, fugi dali para fora e fui rebolar-me num pedaço de terra sem relva. A maluca não faz mais nada. Agarra em mim com um ar muito zangado e outra vez mangueira, sabão, mangueira. Eu de vingança sacudi-me e dei-lhe um valente duche... mas ela nem me largou. Agarrou em mim, esfregou-me com uma toalha e toca de me atirar para cima com um bafo quente que saía dum tubo que fazia muito barulho... Tive tanto medo... fartei-me de tremer... mas depois fiquei quietinha pois estava com frio e aquele ar quentinho estava a saber-me bem. A minha dona por uns dias ficou muito zangada comigo e acho que preocupada com receio que o ratinho me tivesse feito mal à barriga. Mas não. Sinto-me óptimamente.

Será que hoje vamos lá outra vez?

agosto 24, 2007

desertos da namíbia

Falar dos desertos da namíbia é bem capaz de ser redundante já que aquilo é tudo um imenso deserto. Deserto de vegetação e de pessoas (cerca de 2.000.000 de habitantes num território mais ou menos do tamanho de angola), mas não de paisagens de cortar a respiração.

Viajar na namíbia é pouco alcatrão e muita pista, horas sem nos cruzarmos com outro carro, horizontes longíquos e uma palete de cores terra que vão dos amarelos aos laranjas e aos castanhos.


Viajar na namíbia é ficar alojado 3 ou 4 dias num lodge no meio de uma reserva e ver os bichos que se reunem em charcos quase secos para beber água ao princípio da noite, sentado num anfiteatro em silêncio, é durante o dia passear pela reserva em enormes jipes descapotáveis, é andar de t-shirt e calções de dia e de camisola polar à noite.

Viajar na namíbia é encontrar uma senhora à beira da estrada vestida de trajes vitorianos embebidos de charme africano que se deixa fotografar mantendo o seu ar de imensa dignidade.

Viajar na namíbia é de repente chegar a um sítio no meio de coisa nenhuma, que se chama convenientemente, "solitaire" e que tem uma casa com um bar e uma bomba de gasolina e nada 200 km antes e 200 km depois.


Viajar na namíbia à noite é ir com muito cuidado para não perder a fiada de pedras que bordeja a pista e que mal se vê.

Viajar na namíbia é esperar 3 horas que passe a enchurrada do ribeiro pois não há ponte.

Viajar na namíbia é também o tonto do guia engraçar com uma das meninas do grupo, perder o juízo e esquecer-se de abastecer a camionete e de carregar a bateria do walkie-talkie, deixando-nos imóveis e incontactáveis no meio do deserto e, por infinita sorte, ao fim de 3/4 de hora passarem uns franceses de jipe com uns jerricans de gasóleo a mais.


Viajar na namíbia é enjoar que nem uma pescada numa avionete sobre a costa dos esqueletos, aceitar a chuinga milagrosa do piloto e finalmente apreciar os barcos naufragados no meio do deserto que mergulha no mar,



as colónias de flamingos

e de focas lá em baixo
Se não houvesse tanto sítio onde quero ir, bem que ia à Namíbia outra vez.

todas as fotos de tcl


agosto 23, 2007

Dr. Dolitlle

Os cães falam?

Claro que falam. O pior é que não falam todos a mesma lígua. Por exemplo eu e o meu cão entendemo-nos perfeitamente. Ele sabe quando eu estou contente ou zangada com ele, quando quero brincar ou quando prefiro que ele não me chateie. Ele, por seu turno, emite os sons e faz os gestos que me permitem perceber com toda a clareza se ele quer comer, ir à rua ou que eu lhe dê um pouco de atenção.

Esta semana estou outra vez de guarda a este animal, que entretanto cresceu sem ser comigo. Em resumo, não nos entendemos. Ela ladra, eu dou-lhe água e comida. Ela ladra outra vez. Brinco com ela. Passado um bocado tenta por-se ao meu colo de patorras no teclado do pc. Faço-lhe festas. Começa a mordiscar-me a mão e o braço que já está todo arranhado. Levo-a à rua. Chegamos a casa. Ladra outra vez.

Bolas.

Eu cá só percebo rafeirês. Alguém tem um bom dicionário de goldenretrieverês?

agosto 22, 2007

confesso

parece muito mal uma rapariga já bem crescidota, para não entrar em mais pormenores , gostar dos bloodhound gang?

parece, não parece?

pois é, mas se é para desbundar, gosto mesmo.

anagramas, capicuas e outros

Sempre achei graça a anagramas, como aliás acho graça a puzzles, quebra-cabeças e outros disparates que parece que só servem para perder tempo, mas lá nos vão estimulando o córtex cerebral assim como uma espécie de jogging para os neurónios.

O meu nome, por exemplo, presta-se a bastantes variações: Rosa Penha Sulcete, Sara Poentes Chulé, Nucha Perestelo Sá são algumas delas, sendo que Helena Casse Prout é o must inventado por um amigo de Paris.

Também gosto de procurar palavras estilo capicua: anona, sopapos, mexem, marram, salas, socos, seres, matam, ovo, rapar, rasar, ralar e por aí fora.

Outro ramo da coisa são as palavras que se podem ler nos dois sentidos mas com significados diferentes: servil e livres, luar e Raul, ramo e Omar, roma e amor, ataca e acata (então quando calha os significados serem quase opostos ainda melhor).

Outro jogo parvo é o que se faz com siglas. TWA (Travel With Angels), SABENA (Such A Bad Experience Never Again), TAP (Take Another Plane) ou VISA (que tanto pode ser VI-te a Sonhar Acordado, VInho Suor e Amor ou Vai Imediatamente Sacar A massa) conforme os gostos.

Se alguém se lembrar de mais, que agora não me ocorram...

agosto 21, 2007

será que ouvi bem?

Por favor, digam-me que ouvi mal....

Foi ontem, na rádio, a propósito do terramoto no Peru...

Que o Vaticano tinha contribuído com 180.000€ para ajuda humanitária às vítimas do sismo. Se a memória não me atraiçoa, estamos a falar de 500 mortos, 200.000 desalojados, 80.000 casas por terra, mais as infra-estruturas destruídas o que significa fome, sede, doença, morte.

Esclareçam-me lá: O Vaticano é assim uma coisa muito rica, não é? 180.000€ deve ser mais ou menos o preço dum T3 na Buraca, não? 1.500.000€ são as contribuições até agora recolhidas no site criado pelos pais de Maddie McCann para ajudar a encontrar a filha que deixaram sozinha em casa com os irmãos enquanto foram curtir com os amigos, não é? 4.000.000€ é o total das recompensas oferecidas por algumas celebridades como JK Rowling para quem encontrar a dita Maddie, não é? (a título de à parte: se a pobre Maddie não fosse loura, linda, inglesa, e os pais giros, ricos, médicos e ingleses, mas fosse, digamos, mestiça, pobre e filha de pais igualmente mestiços e pobres que até tivessem um emprego manhoso, mas um emprego; se estes pais a tivessem deixado em casa sozinha enquanto fossem à tasca da esquina beber uns copos, já estavam os dois a ser processados por negligência, ou não?)

Quantas crianças e adultos estarão desaparecidos no Peru? Quantos terão fome e frio? Quantos terão ficado sem casa, sem meio de sustento? O que será preciso fazer para que estas pessoas, tão solidárias com um caso como o de Maddie, contribuam de forma semelhante para esta gente?

Bom, o Vaticano já contribuiu com 180.000€. Ena, ena, viva, viva. Claro que há-de contribuir com imenso apoio moral e mensagens de fé na paz do Senhor. Lá no Peru deve fazer imensa falta.

Há qualquer coisa de muito errado neste mundo.

quando se está um pouco blue

há malta que fuma umas ganzas.

há malta que bebe uns copos valentes.

há malta que gasta duma só vez 1/5 do salário em compras.

há malta que vai ao cabeleireiro.

eu vou ao cinema ver um Quentin Tarantino.

o meu vizinho tinha-me dito que este era chato, que não era como os outros. Ok, não é o Pulp Fiction nem o Kill Bill, mas é o Quentin Tarantino. Diálogos comme d'hab, acção comme d'hab, enredo disparatado e improvável qb.

fiquei logo melhorzinha.

é nestes dias que percebo que aqueles sonhos que me dão às vezes de viver no campo e tal, não passam disso mesmo: sonhos.

Imagine-se que estava blue na merdaleja? os quilómetros que tinha de fazer para ter a pizza gordurosa e os respectivos assessores e mais o Quentin Tarantino? Lá tinha de me ficar pelos copos, não é?

wise boy

ao jantar (daqueles em que nos esforçamos por reunir duma só vez tudo o que de mau a restauração nos pode oferecer, assim a modos que pretendendo que o resto da nossa vida até escapa: centro comercial, pizza gordurosa num pedacinho de cartão triangular, coca-cola, brownie):

- mostra lá o cd que foste comprar
- ...
- mas não tens já isto gravado?
- tenho, mas há coisas de que é preciso ter o original.

fico a pensar nisto. a vida oferece-nos algumas cópias que até nem são más. mas realmente, há coisas de que temos de ter o original

agosto 20, 2007

Formiga*, quando for GRANDE quero escrever como tu

"Guarda tu agora o que eu, subitamente, perdi
talvez para sempre - a casa e o cheiro dos livros,
a suave respiração do tempo, palavras, a verdade,
camas desfeitas algures pela manhã,
o abrigo de um corpo agitado no seu sono. Guarda-o

serenamente e sem pressa, como eu nunca soube.
E protege-o de todos os invernos - dos caminhos
de lama e das vozes mais frias. Afaga-lhe
as feridas devagar, com as mãos e os lábios,
para que jamais sangrem. e ouve, de noite,
a sua respiração cálida e ofegante
no compasso dos sonhos, que é onde esconde
os mais escondidos medos e anseios.

Não deixes nunca que se ouça sozinho no que diz
antes de adormecer. E depois aguarda que,
na escuridão do quarto, seja ele a abraçar-te,
ainda que não te tenha revelado uma só vez que o queria.

Acorda mais cedo e demora-te a olhá-lo à luz azul
que os dias trazem à casa quando são tranquilos.
E nada lhe peças de manhã - as manhãs pertencem-lhe;
deixa-o a regar os vasos na varanda e sai,
atravessa a rua enquanto ainda houver sol. E assim
haverá sempre sol e para sempre o terás,
como para sempre o terei perdido eu, subitamente,
por assim não ter feito."


* Maria do Rosário Pedreira
in "A Casa e o Cheiro dos Livros"

agosto 17, 2007

testamento


Conta-lhe dos sons e das cores da tua casa quando menino.

Conta-lhe do cheiro dos livros, do pó a dançar nos raios de sol que se livravam das persianas, do perfume a maçãs num cesto de vime na cozinha, das abelhas a zumbir nas videiras do quintal.

Conta-lhe do doce aroma das laranjeiras em maio, da terra molhada em novembro, da música do gelo a derreter do beirado do telhado quando o vento começava a trazer a primavera.

Conta-lhe do perfil das serras esbatido pela bruma, do ondular das searas, do canto dos pássaros.

Conta-lhe do musgo macio que apanhavas para o presépio, do crepitar da lareira, dos fritos com canela na noite de natal.

Conta-lhe das rãs a coaxar no charco, das ovelhas que passavam para o pasto, do borrego que tiveste ao colo e te mamou no dedo, dos campos que mudavam de cor com o correr das estações.

Conta-lhe do silêncio, das pedras do caminho, do vento a esvoaçar folhas no outono, dos dentes-de-leão que sopravas espalhando as sementes para longe.

Conta-lhe de tudo o que já esqueci e te deixei para que não morresse.

agosto 15, 2007

video killed...?

Aqui há dias falei do bom que é passar este mês em Lisboa, da facilidade de ir ao cinema e tal.

De qualquer forma não deixa de ser triste ir ao Quarteto e, distraída na conversa com a minha amiga, enganar-me na sala e cair em plena sessão de algo parecido com a IURD mas em tamanho XS. Um brasileiro lá à frente a falar das maravilhas da vida com Jésuis para uma vintena de fieis de pé.

Lá subimos as escadas na risota e acertámos na sala já às escuras. Quando acabou o filme, vi que estávamos 5 pessoas na sala.

Cá fora no átrio, ninguém, bar e bilheteira fechados, e tínhamos ido a uma sessão das 10...

Que saudades tive do Quarteto de outros tempos, cheio de fumo e de gente pelas cadeiras a ler os jornais e a beber um copo, das sessões da meia-noite ou daqueles ciclos temáticos que se prolongavam em sessões contínuas pela noite fora.

Já não ia lá há uns meses, espero que seja das férias embora aquela cena da "missa" não augure nada de bom...

Pelo menos, não havia pipocas.

agosto 14, 2007

detesto uniformes

talvez por isso tenha gostado mesmo deste video.

female shame parade

e depois vê-se um vídeo como este,



fica-se ainda mais satisfeita por se ter nascido do lado feminino da espécie e tal, até que se ouve no balneário do ginásio esta conversita e nos cai tudo ao chão:

- ouve lá, já foste para a cama com um preto?
- eu, não, por acaso nunca calhou.
- então ouve o que te digo: se alguma vez fores, vais ver que nunca mais queres outra coisa

e eu a pensar que isto era conversa de gajo.

parecia que estavam a falar dum carro ou dum creme para as rugas.

evidentemente que a estupidez, tal como os anjos, não tem sexo.

female pride parade

nesta altura de férias calha-me sempre ficar a substituir a minha patroa.

o organismo (público) onde trabalho tem 3 níveis de chefias.

o 1º nível, ou mais rasca, é o meu, o que me faz ordenar (pôr na ordem, dar ordens, pôr por ordem, conforme as situações) pessoal técnico, administrativo e operário.

o 2º nível, é um nível intermédio, em que se ordenam as chefias do 1º nível e se é ordenado pelas chefias de 3º nível.

no 3º nível, estão os desgraçados (nem sempre, convenhamos, às vezes são boys) que têm de aturar os políticos.

isto significa que eu, neste momento, ocupo o nível 1 e o 2 em simultâneo o que, graças à imortal burocracia da administração pública, me tem feito manter uma interessante troca de correspondência comigo própria.

nestas ocasiões estou muitas vezes sujeita às investidas dos espertalhaços que me tentam enrolar.

num destes dias em que desabafava com a minha patroa sobre uma destas investidas e mimava o dito esperto com alguns adjectivos menos simpáticos, às tantas estabeleceu-se o seguinte diálogo:

- estes gajos devem pensar que eu ando a dormir, ou que cheguei aqui ontem...
- é, só que eles estão convencidos que são espertos, enquanto nós somos espertas e vemos mais com um olho fechado que eles com os dois abertos.

calhou sermos as duas mulheres e estarmos a falar de homens, naquele caso em particular.

porque até podia ser ao contrário.

ou não podia?

agosto 13, 2007

estatísticas

desde que deixei de partilhar o apartamento com o meu vizinho que tenho vindo a constatar algumas coisas, para além das mais óbvias.

por exemplo, quando o INE calcula a produção de resíduos sólidos domésticos per capita, recicláveis ou não, seria interessante que o fizesse atendendo ao sexo do capita.

agosto 12, 2007

sombras


Eu ali na cozinha a cortar cebolas para o refogado e a pensar em ti.

A vizinha veio pedir-me uma chávena de farinha para fritar os carapaus e ficou-se à conversa encostada ao lava-louças. Ouço retalhos ...sim porque o meu marido…, … e se não fosse eu ir tão depressa…., …não acha?

Eu digo que sim, que acho, mas a verdade é que não acho nada, pois penso em ti.

Sinto os teus braços que me envolvem, as tuas mãos que me afagam, a tua respiração no meu pescoço e suspiro, ao que a vizinha responde: pois, também eu fiquei assim quando soube, mas olhe, é a vida.

Pois é a vida. Quero que ela se vá embora, quero cortar as cebolas em paz, quero sentir-te assim, encostado a mim.

Acho que ela não te vê, pois não comenta quando me viras para ti com os dedos na minha nuca e os polegares nas minhas orelhas e me dás um beijo.

Vamos? perguntas tu, já vamos, digo eu e a vizinha, já vamos onde?

Finalmente a outra vai-se com a farinha e ficamos sós. Eu e tu pensado por mim.

Corto as cebolas, os alhos, a salsa, mexo-me na cozinha, ponho o tacho ao lume e tu sempre agarrado a mim, copiando os passos e os gestos inventados por mim.

Vais-me sussurrando meiguices ao ouvido, puxas-me o cabelo para cima, lambes-me as lágrimas da cebola, juro que são da cebola, só da cebola e mais nada.

Vamos?, perguntas-me de novo. Vamos sim. Olho para o quadro onde deixaste escrita a lista de compras, azeite, arroz, massa, ração de gato e ração de cão, detergente, apago o lume do refogado já adiantado para o almoço de amanhã, apago a luz, saio da cozinha, atravesso a casa de paredes agora nuas, marcas de quadros, restos de fotografias, o móvel que era aqui e já não é, mas mesmo assim a minha roupa mais à vontade nas gavetas, a escova de dentes à larga no copo. Tu, sempre agarrado a mim, a copiares os meus passos, a copiares os meus gestos, a tua respiração no meu pescoço, as tuas palavras no meu ouvido.

Passo defronte do espelho do quarto e espanto-me por não te ver.

agosto 10, 2007

da gíria tauromáquica



Não gosto do conceito de tourada. Tenho pena dos bichos, racionalmente acho o espectáculo bárbaro e essas coisas.

Mas lá no fundo deve haver um gene qualquer aqui bem enraízado que me puxa para a frente da TV quando há uma transmissão de tourada e que me faz vibrar com a beleza do espectáculo dos cavalos a fintar os touros, com a coragem dos forcados nas pegas, com aquele medo básico da investida do animal. Ao toureio a pé já não acho graça nenhuma.

Isto deve ser mesmo uma coisa que nos está no sangue. Quando era estudante e ia às garraiadas de agronomia no Campo Pequeno, havia sempre uma pega que era feita por raparigas (excepto a primeira ajuda que era um rapaz, em geral bem coladinho à menina que ia à frente). Uma dessas malucas era a minha colega Carminho, magrita, de ar frágil e pele de maçã. Quando uma vez lhe perguntei o que a fazia pôr-se assim à frente de uma vaca brava, ela respondeu-me: "olha T, o medo é tanto, mas tanto, que me dá um frisson quase orgásmico." Ok. Há gostos para tudo.

Assisto a estas transmissões e delicio-me sempre com a pateta e marialva gíria que faz parte da coisa, ou seja da festa.

- Um verdadeiro aficcionado diz toiros e não touros.

- Aos pauzinhos com fitinhas às cores que os cavaleiros espetam no cachaço dos touros chama-se ferros. Há os curtos e os compridos.

- Uma reunião, não é uma série de pessoas à volta de uma mesa a discutir um assunto, mas sim o momento em que o cavalo e o touro de encontram para o cavaleiro espetar o ferro.

- Um forcado fechado na córnea não tem qualquer problema de visão, apenas ficou bem encaixado nos cornos do bicho.

- Receber a alternativa, não significa que nos anos o cavaleiro recebeu umas calças de bombazine beije em vez dos jeans que tinha pedido, mas sim que adquiriu o estatuto de profissional.

E há mais, mas agora não me lembro.

E claro, forcado que é macho mesmo, apresenta-se até ao fim do espectáculo com a cara cheia de sangue do touro, sem pensar que lhe podia passar com a manga da camisa e sempre ficava com um ar mais composto.

da vida das abóboras 2


Uma abóbora num nabal
A gozar o seu descanso
Leva com um avental
Assim c'um cheirito a ranço

Irritada com o facto
De lhe roubarem o sono
Diz assim com muito tacto:
Tás aqui, tás é com dono.

agosto 09, 2007

da água e das flores


todos sabemos que as plantas murcham sem água.

uns diazinhos sem as regarmos e começam a esmorecer, a esmorecer e, se não vamos a tempo, era uma vez uma flor.

com as pessoas é a mesma coisa. pelo menos comigo é assim.

de vez em quando preciso que me reguem.

para mim, uma rega pode ser um sorriso, um mimo, um elogio no trabalho, um convite para qualquer coisa, um presente, um piropo, um telefonema de um/a amigo/a com quem já não falo há tempo e que tinha saudades minhas, uma carta no meu correio, um abraço apertado, uma mensagem no meu telemóvel ou no meu e-mail, mas assim uma coisa pessoal, só para mim, e não daquelas que se enviam a toda a gente. Enfim, uma coisinha simples, que eu sou fácil de contentar.

andei aqui uns dias sem que ninguém me regasse, de forma que estava a ficar murchita, murchita...

convenhamos que a estação também não ajuda. está calor, muita gente de férias, quem está a trabalhar tem o seu trabalho e o dos que se foram, e portanto menos vontade de andar com mimitos.

mas hoje levei uma valente regadela! olha, foi um regador cheio.

de maneiras que cá estou outra vez, viçosa, de pé, pronta mais uns dias sem água se tiver de ser!

um contra todos

Para que não haja mal-entendidos eu detesto cinemas com pipocas.

Eu até sou dou king, do quarteto, do nimas.

Eu vou ao Indie Lisboa, à festa do cinema francês e à cinemateca.

Eu papei os ciclos dos cahiers du cinema há já uns anos valentes na Gulbenkian, tal como os do cinema americano dos anos 40 e 50.

Eu gostos de filmes europeus, asiáticos, alternativos e independentes.

Esclarecidos? Óptimo.

Mas não percam o Die Hard 4.



130 minutos de acção, daquela bem à americana, do princípio até ao fim, com todos os ingredientes do género. Perseguições do caneco, tiros, muitos mortos, explosões, os maus munta maus, os bons munta bons, os toscos munta toscos. O Bruce Willis, já entradote, mas ainda cheio de genica, a começar limpinho e a acabar sujo e cheio de maselas.

Como sempre, ele contra todos, numa história como sempre inverosímil.

Mas é garantido. Tudo o que de chato nos ocupa a cabeça, sai durante aqueles 130 minutos, de tal forma a coisa é absorvente. Óptimo para uma noite de agosto, quando a vida não nos sorri.

!!! ideia !!!

este último post deu-me uma ideia!!!

pois quem estiver a preparar-se para visitar algum dos sítios aqui marcados com uma bolinha vermelha, é só deixar um pedido aqui no falabarata que eu dou conselhos e forneço indicações, referências e sugestões a preços módicos.

As receitas serão obviamente para a minha próxima viagem a Madagascar.

Boa? ;-)

agosto 08, 2007

globetrotters

Hoje recebi um e-mail do meu amigo Roland, dando-me conta da sua última viagem e das próximas 3 que tem programadas.

Conheci o Roland aqui há uns anos numa viagem que fiz à Islândia e desde aí recebo uns dois ou três mails destes por ano, que me fazem sempre ficar roída de inveja.

O Roland é canadiano do Québec, portanto de língua francesa. Embora eu domine melhor o francês que o inglês, acabava por conversar sempre com ele em inglês, de tal forma o sotaque do homem era fechado. Partiu para a Islândia com uma malinha minúscula e um blusão de verão azul turquesa. Embora fosse Agosto, rapou um frio dos diabos, mas nem assim comprou um casaquinho mais robusto, o homem deve poupar tudo o que ganha lá da venda dos pinheiros para viajar (é esse o negócio dele - esperar que os pinheiros cresçam e cortá-los, ele há vidas duras...).

Então, a imagem que tinha dele era a de um tipo com umas calcitas beijes de paninho, uma t-shirt cor-de-rosa e o dito blusão azul turquesa, de forma que imaginem o esforço que tive de fazer para não me escangalhar a rir quando uns tempos depois ele passou por Lisboa, veio jantar cá a casa e, quando abro a porta, dou com o Roland a rir para mim com as ditas calcitas beijes, a t-shirt cor-de-rosa e o blusão azul-turquesa.

Bom, adiante.

O meu amigo Roland, cuja idade não sei ao certo, mas deve andar pelos sessentas e tais, tem por objectivo de vida visitar 100 países. Acho que deve conseguir, já que a madeira deve render lá no Canadá e, neste último e-mail, acabado de regressar da Mongólia, já ia em 65.

Eu até sou uma rapariga viajada, ainda hoje estive aqui a pôr bolinhas vermelhas num mapa-mundi assinalando os sítios onde já estive para não ficar com tanta inveja do Roland, ó:


Eu gasto pouco dinheiro em roupas, sapatos, malas e essas coisas.

Desoriento-me um bocado com livros, perfumes e cremes, de resto poupo o que posso para viajar.

Mas 100 países? Não é que eu queira coleccionar destinos, não é isso.

Mas há tantos, mas tantos sítios onde eu gostava de ir e ainda não fui, que acho que a vida toda não me vai chegar, por menos sapatos, roupas e malas que compre.

que sódades...

A propósito do que li hoje aqui, lembrei-me de "O tal canal".
Isso é que era... Ok, o Herman Enciclopédia também era giro, mas o tal canal era demais...
Lembram-se do diário da marilu, do cozinho para o povo, do momento infantil, dos anúncios, das 3 jaquinas e o seu programa de moda, do estebes a falar de futebol? Aquilo sim...

Deixo aqui um episódio do "informação 3", só para matar saudades.



Deixei de ver o Herman há anos...
Depois de se ter tido estes programas, quem é que aguenta os de hoje?

agosto 07, 2007

da vida das abóboras



Estava uma abóbora sentada num muro
A conversar com o Alcides
Quando chega um pau e lhe faz um furo
P'ra lhe roubar as pevides

Perante tamanha insolência
Demonstrada pelo pau
Diz a abóbora: com licência
E envia-o para Bilbao

agosto 06, 2007

agosto em Lisboa

Ok, ok, eu sei que este é um tema já muito batido.

Mas,

- poder escolher entre 10 (dez) disponíveis o lugar para estacionar o carro quando chego a casa;

- ir às finanças, ter lugar à porta e só duas pessoas à minha frente;

- ir ao cinema em cima da hora e poder escolher o lugar que queria e lá dentro ainda poder trocar, se o vizinho do lado cheirar mal ou o da frente for cabeçudo;

- jantar naquele restaurante que está sempre cheio, sem marcação.

Pois.

Não me tirem Lisboa em Agosto.

da vida de aldegundes 2

Vai Aldegundes visitar a avó
Quando enfia uma perna na sargeta
No saquinho vermelhão um pão-de-ló
Contrastando com a sua meia preta.

Fica Aldegundes c'um buraco na meia
De onde saem, indomáveis, uns pelitos
Saca da gillette já que teve a ideia
De trocar o pão-de-ló por carrapitos

da vida de aldegundes

Cantarola a caminho da Igreja
Aldegundes, tão formosa, tão astuta
Pôs um lenço disfarçando a brotoeja
Derivada às bolachas de araruta

Distraída, não repara num ancinho
Tropeçando, cai no chão e rasga o lenço
P'ra esconder brotoeja e bigodinho
Pede à vizinha que lhe empreste um penso

objectos - piaçaba

Este objecto adoptou e apoderou-se irremediavelmente do nome de uma planta fibrosa originária do Brasil que tem servido desde sempre para fazer vassouras. Não sei a razão de só esta vassoura, em particular, ter ficado com este nome, talvez por servir principalmente para limpar a pia.

Indispensável em qualquer wc, convém esclarecer que, por razões higiénicas, não deve ser utilizado para:

- escovar as unhas
- limpar o sujo atrás da orelha
- pentear cabelos
- tirar macacos do nariz
- enrolar as pestanas
- limar calos e amaciar calcanhares.

objectos - orgasmotron

Concebido para massajar cabeças, provocando delicados estímulos nervosos que se propagam por todo o corpo, é bom, mas não tanto como o nome sugere.

Agradável em dias quentes pois provoca arrepios.

Apesar de aqui dizer que tem uma estrutura em ranho, o meu aparenta ser em aço inox.

Embora estejam já disponíveis no mercado modelos a pilhas, parece-me uma despesa desnecessária e contraproducente, já que a irregularidade dos movimentos pode tornar o seu uso mais interessante.

Inconvenientes - Funciona melhor se a aplicação for feita por outra pessoa, o que se pode revestir de inutilidade em determinadas circunstâncias.

Recomendações - Para manter a boa vizinhança e as aparências, esconder da empregada doméstica e evitar o uso nocturno.

objectos - régua de escalas (mini)

Infelizmente, não serve para medir a distância entre mim e ti. Por questões relacionadas com a proxémica, tal só seria possível se falássemos de Distância Íntima: para abraçar, tocar ou sussurrar; envolve contacto físico entre os corpos; não permitida em habitual em público na maior parte das culturas (0-45 cm); (sic. wikipédia)

Tamanho - 10 cm; escalas disponíveis - 1/100; 1/200; 1/300; 1/400; 1/500; 1/600.

Fornecida com estojo em plástico transparente e preto.

Mede distâncias até 60m, desde que as mesmas não ultrapassem os 10 cm.

Cabe no bolso.

objectos - lâmina de barbear

Mais conhecido por Gillette.

Muito útil quando às 7 da tarde nos marcam um encontro para as 8 da noite e nesse dia regressámos de 3 semanas de férias em Casais de Cima e a depiladora já fechou.

Económico. Usar com sabão e água. Restringir as aplicações ao mínimo indispensável

objectos - borrifador

Para quem, por razões económicas, ecológicas, ou outras que agora não me ocorrem, não tem ar condicionado em casa.

Descoberto aqui há dias em casa de uns amigos, numa noite de canasta e de torrar pardais, tem vindo a ser utilizado cá em casa com bastante sucesso.

Fácil de usar, pouco dispendioso. Basta encher com água (uso de essências facultativo) e aspergir pelo corpo em suaves movimentos longitudinais e transversais. Repetir segundo as necessidades.

Sem contra-indicações.

pergunta

as unhas crescem mais no verão?
ou terá sido da lua cheia?

agosto 04, 2007

letting go

Gosto de Nitin Sawhney; não gosto muito deste vídeo, mas foi o que se encontrou





Now I often talk of my heart
How can I turn to the dark
And the swaying silence
I see, is nothing I can hold on to
You can’t breathe if I hold you tight
You can not breathe if I hold you tight

Don’t be afraid of letting go
Don’t be afraid of letting go

Not of anything out of anyone
All alone here with my demons
Am I ready to move on?
To a person or place
A long away from here
And I miss you
And I lose you
And I find you
I choose to follow my heart

Don’t be afraid of letting go
Don’t be afraid of letting go

Not of anything out of anyone
Out of anything out of anyone

Don’t be afraid of letting go

boas surpresas

Bem sei que isto não interessa a ninguém, ou a quase ninguém, a não ser a mim própria.

Mas aquele vestidito que só com a recente canícula é que saiu do armário das roupas de Verão (ou de Inverno, conforme a estação), fica-me mais larguinho este ano que no ano passado.

Yes!

boas e más maneiras de arranjar parceiro

Se as pessoas se comportassem como os cães seria muito mais fácil fazer novas amizades ou, pelo contrário, deixar bem claro logo desde o início que não se vai com a cara de determinada pessoa, evitando-se assim perdas de tempo com cumprimentos e conversas de circunstância.

Por exemplo, se eu tivesse rosnado ao vizinho de baixo logo da primeira vez que nos cruzámos no elevador, creio que teríamos passado a utilizar elevadores diferentes em vez de continuarmos com bons dias quando lá no fundo, tanto eu como ele, queremos mais é que o outro tenha um menino de óculos e um dia de caca.

Do mesmo modo, talvez tivesse tido algum sucesso com um rapaz bem jeitoso que toma o pequeno-almoço no café aqui da rua, se de cada vez que o visse lhe cheirasse as pernas e abanasse o rabo.

Mas como as pessoas não se comportam como os cães, uma boa forma de travar conhecimentos é ter um cão.

Se eu for ali para o jardim sozinha e me encostar ao gradeamento a olhar para a relva, das duas uma, ou ninguém me fala, ou se vierem falar o mais provável é eu pensar que se estão a meter comigo.

Mas, se eu for para o jardim, me encostar ao gradeamento a olhar para a relva e na relva estiver o meu cão aos saltos, é certo e sabido que alguém há-de parar e meter conversa a propósito do bicho: que engraçadinho? morde? (nunca hei-de perceber o porquê desta pergunta) como se chama? quantos anos tem? E por aí fora. Então se o outro também tiver um cão, a coisa não falha e aí a conversa estende-se a comparações de comportamento, veterinários, apanha de cocós, problemas de pelo, pulgas, carraças e afins. À conta do cão já conheço muito mais pessoas no bairro do que se contasse apenas com o meu charme pessoal.

Outra coisa que também dá muito resultado, é uma criança pequena, sobretudo se se for homem e se estiver sozinho com a dita num jardim, com ar de que não se sabe mudar uma fralda. Logo aparecerá uma rapariga solícita a oferecer a sua ajuda. Um homem sozinho com um filho pequeno atrai imenso as mulheres enquanto o contrário já não é bem assim (eu que o diga…). Um pai solteiro incute nas mulheres um duplo sentimento maternal a que dificilmente resistem. Depois vem sempre a conversa, ai, que lindinho!, olha que bochechinhas tão cor-de-rosa!, e já anda? e ó para ele a dizer papá! que querido!

No entanto, como é bem mais complicado arranjar uma criança para quem, à partida, não a tenha, a menos que se peça uma emprestada, a recomendação que dou aos meus amigos e amigas desemparelhados e que desesperam por falta de parceiro, é sempre a adopção de um cão.

Isto porque, no que diz respeito a seres vivos que precisam da nossa protecção, em definitivo, a coisa não funciona com avós. Não conheço um único caso de namoro que tenha começado com um passeio para levar a avó a arejar que tenha redundado em conversa do tipo: olha que linda velhinha! ainda anda? quantos anos tem? ainda fala? e come sozinha! já usa fraldas?

Não, com avós nem vale a pena tentar. Não dá mesmo.

agosto 01, 2007

cannabis sativa ou nicotiniana tabacum?

Hoje li no jornal que um charro faz tão mal aos pulmões e etc como 5 cigarros. Não eram referidos os restantes efeitos dos ditos charros.
Se eu gostasse da coisa, bem que podia passar a fumar 3 ganzas por dia em vez dos cigarritos e ainda ficava a ganhar.

fim-de-semana no campo

Domingo, 40º ou perto disso, interior de quarteirão algures em Lisboa.

Janela indiscreta (a minha).

Quem não tem cão, caça com gato.

alguém rogou uma praga a realizadores velhinhos?

Ontem o Ingmar Bergman, hoje o Michelangelo Antonioni.

Se morre mais algum nos próximos três dias ou é um virus novo ou passo a acreditar em bruxas.

Bergman & Bergman

Quando vou no carro de rádio ligado, ou tenho um dos meus cd's preferidos ou sintonizo a Rádio Europa Lisboa. Ficou-me isto do tempo da Rádio Paris Lisboa que transmitia noticiários à hora certa em português e às meias-horas em francês ou vice-versa e eu queria melhorar o meu francês. A Paris Lisboa foi extinta, como acontece a muita coisa por aí, e substituída pela Europa Lisboa. Os noticiários em francês acabaram (apenas se mantém a Radio France International à noite, com entrevistas bem interessantes, diga-se de passagem) mas em compensação passa imenso jazz daquele que eu gosto, talvez um pouco démodé para alguns mas não para mim. Para além disso tem algumas rubricas que me agradam e os noticiários são fidedignos.

Daí o meu espanto quando ontem, a propósito da morte de Ingmar Bergman, a crónica resumo da vida do realizador terminava mais ou menos assim: "IB morreu na ilha sueca de Faaro, para onde se retirara após a morte da sua mulher, Ingrid Berman."

Eu, que sou muito rápida a tirar conclusões, pensei logo coisas como:

Mas estes gajos são parvos?
Incompetentes do caraças!
Não sabem fazer uma porcaria duma pesquisa biográfica como deve ser?
Eu que até gostava desta rádio...
Francamente, lá porque se chamam os dois Bergman e eram suecos, pronto, têm logo de inventar um casório e sei lá que mais...

Hoje ao pequeno almoço no café até comentei a coisa com o meu vizinho naquela de... vê lá tu o que os gajos da REL disseram e patati e patatá...

É que para mim, para além de serem suecos, ligados ao cinema e se chamarem Bergman só tinham mais em comum o facto de a Ingrid ter protagonizado uma das personagens de Sonata de Outono do Ingmar.

Pois é. Tenho de deixar de ser tão rápida nestes juízos de valor. Então não é que a última mulher do Ingmar se chamava mesmo Ingrid? E Bergman por ter casado com ele...

Isto realmente há muitas Marias na terra...