Se as pessoas se comportassem como os cães seria muito mais fácil fazer novas amizades ou, pelo contrário, deixar bem claro logo desde o início que não se vai com a cara de determinada pessoa, evitando-se assim perdas de tempo com cumprimentos e conversas de circunstância.
Por exemplo, se eu tivesse rosnado ao vizinho de baixo logo da primeira vez que nos cruzámos no elevador, creio que teríamos passado a utilizar elevadores diferentes em vez de continuarmos com bons dias quando lá no fundo, tanto eu como ele, queremos mais é que o outro tenha um menino de óculos e um dia de caca.
Do mesmo modo, talvez tivesse tido algum sucesso com um rapaz bem jeitoso que toma o pequeno-almoço no café aqui da rua, se de cada vez que o visse lhe cheirasse as pernas e abanasse o rabo.
Mas como as pessoas não se comportam como os cães, uma boa forma de travar conhecimentos é ter um cão.
Se eu for ali para o jardim sozinha e me encostar ao gradeamento a olhar para a relva, das duas uma, ou ninguém me fala, ou se vierem falar o mais provável é eu pensar que se estão a meter comigo.
Mas, se eu for para o jardim, me encostar ao gradeamento a olhar para a relva e na relva estiver o meu cão aos saltos, é certo e sabido que alguém há-de parar e meter conversa a propósito do bicho: que engraçadinho? morde? (nunca hei-de perceber o porquê desta pergunta) como se chama? quantos anos tem? E por aí fora. Então se o outro também tiver um cão, a coisa não falha e aí a conversa estende-se a comparações de comportamento, veterinários, apanha de cocós, problemas de pelo, pulgas, carraças e afins. À conta do cão já conheço muito mais pessoas no bairro do que se contasse apenas com o meu charme pessoal.
Outra coisa que também dá muito resultado, é uma criança pequena, sobretudo se se for homem e se estiver sozinho com a dita num jardim, com ar de que não se sabe mudar uma fralda. Logo aparecerá uma rapariga solícita a oferecer a sua ajuda. Um homem sozinho com um filho pequeno atrai imenso as mulheres enquanto o contrário já não é bem assim (eu que o diga…). Um pai solteiro incute nas mulheres um duplo sentimento maternal a que dificilmente resistem. Depois vem sempre a conversa, ai, que lindinho!, olha que bochechinhas tão cor-de-rosa!, e já anda? e ó para ele a dizer papá! que querido!
No entanto, como é bem mais complicado arranjar uma criança para quem, à partida, não a tenha, a menos que se peça uma emprestada, a recomendação que dou aos meus amigos e amigas desemparelhados e que desesperam por falta de parceiro, é sempre a adopção de um cão.
Isto porque, no que diz respeito a seres vivos que precisam da nossa protecção, em definitivo, a coisa não funciona com avós. Não conheço um único caso de namoro que tenha começado com um passeio para levar a avó a arejar que tenha redundado em conversa do tipo: olha que linda velhinha! ainda anda? quantos anos tem? ainda fala? e come sozinha! já usa fraldas?
Não, com avós nem vale a pena tentar. Não dá mesmo.
Por exemplo, se eu tivesse rosnado ao vizinho de baixo logo da primeira vez que nos cruzámos no elevador, creio que teríamos passado a utilizar elevadores diferentes em vez de continuarmos com bons dias quando lá no fundo, tanto eu como ele, queremos mais é que o outro tenha um menino de óculos e um dia de caca.
Do mesmo modo, talvez tivesse tido algum sucesso com um rapaz bem jeitoso que toma o pequeno-almoço no café aqui da rua, se de cada vez que o visse lhe cheirasse as pernas e abanasse o rabo.
Mas como as pessoas não se comportam como os cães, uma boa forma de travar conhecimentos é ter um cão.
Se eu for ali para o jardim sozinha e me encostar ao gradeamento a olhar para a relva, das duas uma, ou ninguém me fala, ou se vierem falar o mais provável é eu pensar que se estão a meter comigo.
Mas, se eu for para o jardim, me encostar ao gradeamento a olhar para a relva e na relva estiver o meu cão aos saltos, é certo e sabido que alguém há-de parar e meter conversa a propósito do bicho: que engraçadinho? morde? (nunca hei-de perceber o porquê desta pergunta) como se chama? quantos anos tem? E por aí fora. Então se o outro também tiver um cão, a coisa não falha e aí a conversa estende-se a comparações de comportamento, veterinários, apanha de cocós, problemas de pelo, pulgas, carraças e afins. À conta do cão já conheço muito mais pessoas no bairro do que se contasse apenas com o meu charme pessoal.
Outra coisa que também dá muito resultado, é uma criança pequena, sobretudo se se for homem e se estiver sozinho com a dita num jardim, com ar de que não se sabe mudar uma fralda. Logo aparecerá uma rapariga solícita a oferecer a sua ajuda. Um homem sozinho com um filho pequeno atrai imenso as mulheres enquanto o contrário já não é bem assim (eu que o diga…). Um pai solteiro incute nas mulheres um duplo sentimento maternal a que dificilmente resistem. Depois vem sempre a conversa, ai, que lindinho!, olha que bochechinhas tão cor-de-rosa!, e já anda? e ó para ele a dizer papá! que querido!
No entanto, como é bem mais complicado arranjar uma criança para quem, à partida, não a tenha, a menos que se peça uma emprestada, a recomendação que dou aos meus amigos e amigas desemparelhados e que desesperam por falta de parceiro, é sempre a adopção de um cão.
Isto porque, no que diz respeito a seres vivos que precisam da nossa protecção, em definitivo, a coisa não funciona com avós. Não conheço um único caso de namoro que tenha começado com um passeio para levar a avó a arejar que tenha redundado em conversa do tipo: olha que linda velhinha! ainda anda? quantos anos tem? ainda fala? e come sozinha! já usa fraldas?
Não, com avós nem vale a pena tentar. Não dá mesmo.
6 comentários:
AHAHAH!
Vou ali comprar um cão. :)
Muito bom.
:))))
já tinha descoberta essa do cão
mas olha....até compreendo que não cheires as pernas ao vizinho jeitoso, agora desculpa lá...mas qual é o problema de lhe abanares o rabo???????????
anaparga wrote on Aug 4
Adorei, Teresa. Ri um bocado, inclusive com a avozinha, no final.
Mas, se me permite, ainda queria acrescentar a ideia de um amigo meu para uma amiga comum: o nome do cãozinho que servirá de pretexto para o começo de um bate-papo deve ser o nº de telefone da sua dona. Não é uma boa? hehehe
bjk
teresa wrote on Aug 5
é boa, sim! não me tinha lembrado dessa... de qq forma o meu cão tem uma chapinha na coleira com o nome e o nº do meu telefone...
anaparga wrote on Aug 5
"de qq forma o meu cão tem uma chapinha na coleira com o nome e o nº do meu telefone..."
já é alguma coisa.... hehe
mariag wrote on Aug 13
Rindo muito aqui, Teresa ! Já tive uma cachorrinha que era muito popular no bairro, me foi dada quando já tinha 9 anos. O que parava de gente pra conversar com ela.... E agora, ainda essa semana, ganhei uma filhotinha de vira-lata, uma coisa ! ;o)
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