agosto 24, 2007

desertos da namíbia

Falar dos desertos da namíbia é bem capaz de ser redundante já que aquilo é tudo um imenso deserto. Deserto de vegetação e de pessoas (cerca de 2.000.000 de habitantes num território mais ou menos do tamanho de angola), mas não de paisagens de cortar a respiração.

Viajar na namíbia é pouco alcatrão e muita pista, horas sem nos cruzarmos com outro carro, horizontes longíquos e uma palete de cores terra que vão dos amarelos aos laranjas e aos castanhos.


Viajar na namíbia é ficar alojado 3 ou 4 dias num lodge no meio de uma reserva e ver os bichos que se reunem em charcos quase secos para beber água ao princípio da noite, sentado num anfiteatro em silêncio, é durante o dia passear pela reserva em enormes jipes descapotáveis, é andar de t-shirt e calções de dia e de camisola polar à noite.

Viajar na namíbia é encontrar uma senhora à beira da estrada vestida de trajes vitorianos embebidos de charme africano que se deixa fotografar mantendo o seu ar de imensa dignidade.

Viajar na namíbia é de repente chegar a um sítio no meio de coisa nenhuma, que se chama convenientemente, "solitaire" e que tem uma casa com um bar e uma bomba de gasolina e nada 200 km antes e 200 km depois.


Viajar na namíbia à noite é ir com muito cuidado para não perder a fiada de pedras que bordeja a pista e que mal se vê.

Viajar na namíbia é esperar 3 horas que passe a enchurrada do ribeiro pois não há ponte.

Viajar na namíbia é também o tonto do guia engraçar com uma das meninas do grupo, perder o juízo e esquecer-se de abastecer a camionete e de carregar a bateria do walkie-talkie, deixando-nos imóveis e incontactáveis no meio do deserto e, por infinita sorte, ao fim de 3/4 de hora passarem uns franceses de jipe com uns jerricans de gasóleo a mais.


Viajar na namíbia é enjoar que nem uma pescada numa avionete sobre a costa dos esqueletos, aceitar a chuinga milagrosa do piloto e finalmente apreciar os barcos naufragados no meio do deserto que mergulha no mar,



as colónias de flamingos

e de focas lá em baixo
Se não houvesse tanto sítio onde quero ir, bem que ia à Namíbia outra vez.

todas as fotos de tcl


8 comentários:

Gonçalves disse...

Devo-te dizer uma coisa, parece ter sido uma viagem atribulada que tu conseguiste tornar num post bem convidativo. Tá visto que é um destino a considerar. Pior pior é o meio de ligação, isso é que é.

tcl disse...

meio de ligação? nada mais simples: lisboa-londres-windhoek. vais para cima para depois vires para baixo, mas não dá para saltar para o avião quando ele passa aqui por cima :-)

Gonçalves disse...

Não Barata, quando eu me refiro a meio de ligação, é aquela coisa com aspecto de máquina de ressonância magnética, assim tubular, com asas, sem janelas para fazer corrente de ar. É certo que ainda não enfrentei as feras da namíbia mas o avião é a única coisa do mundo que me faz transpirar das mãos. Mariquices, digo eu.

tcl disse...

mas tu não tens uma farmácia, pá? metes um drunfo aqui e acordas no teu destino, qual é o problema? mas para perder o medo de voar, o melhor é voar mesmo!

Anónimo disse...

mariag wrote on Aug 24
Me lembrei do belíssimo filme "O céu que nos protege"...

Anónimo disse...

anaparga wrote on Aug 24, edited on Aug 24
Teresa, maravilha de fotos, de diário de viagem, de sugestões: devem ser várias "viagens" dentro da mesma.

Também me lembrei do filme, Graça. Aliás, um filme que adorei, por tudo e também muito pela paisagem.

Ah, e o vestido daquela senhora é lindo!

tcl disse...

É verdade amigas, a namíbia faz pensar um pouco em sheltering sky, embora me pareça que esse filme foi filmado no norte de áfrica. foram de facto várias viagens dentro de uma, com uma parte estilo safari fotográfico e outra de viagem por pistas no deserto. já lá vão 10 anos...

Mad disse...

Sem palavras. Definitivamente, a ir.