Estes aqui têm um rancho de filhos. A avaliar pelo barulho que fazem, diria que são 10, mas nunca vi mais do que 3 ao mesmo tempo.
Vivo de janelas abertas, abomino cortinas, gosto de ver a cidade que me rodeia e de ouvir os seus sons. Por meu turno, quero lá bem saber se os outros vêm o que se passa na minha casa. Quando me sento na minha varanda gosto muito mais de olhar para janelas abertas do que para janelas fechadas, observar pedaços de movimentos e tentar construir histórias a partir dos vultos que vejo. Não me parece que haja um lado voyeur neste gosto, já que não identifico as pessoas, apenas sombras em contra-luz.
Mas uma das crias daqueles de que falava no início, chora, chora, chora por tudo e por nada à mínima contrariedade. Porque ficou presa na cadeira, porque um dos irmãos lhe tirou o peluche, porque lhe pousou uma mosca, porque perdeu o chupa-chupa. Chora. Chora alto num crescendo sempre igual, que se repete vezes sem conta ao longo do dia.
Se a própria mãe grita: "cale-se, já não a posso nem ouvir!" (acho que são primos das tias), imagine-se os vizinhos... A mim apetece-me agarrar no caixote do lixo e despejá-lo todo no terraço transformado em jardinzinho.
Dou comigo neste fim de verão a ansiar por chuva, na esperança de que eles recolham o tapete verde, a piscina de plástico, o escorrega, as bolas e baldinhos, o chapéu de sol, a mesa e as cadeiras de balanço.
Quero ouvir o sino da igreja em paz.
Vivo de janelas abertas, abomino cortinas, gosto de ver a cidade que me rodeia e de ouvir os seus sons. Por meu turno, quero lá bem saber se os outros vêm o que se passa na minha casa. Quando me sento na minha varanda gosto muito mais de olhar para janelas abertas do que para janelas fechadas, observar pedaços de movimentos e tentar construir histórias a partir dos vultos que vejo. Não me parece que haja um lado voyeur neste gosto, já que não identifico as pessoas, apenas sombras em contra-luz.
Mas uma das crias daqueles de que falava no início, chora, chora, chora por tudo e por nada à mínima contrariedade. Porque ficou presa na cadeira, porque um dos irmãos lhe tirou o peluche, porque lhe pousou uma mosca, porque perdeu o chupa-chupa. Chora. Chora alto num crescendo sempre igual, que se repete vezes sem conta ao longo do dia.
Se a própria mãe grita: "cale-se, já não a posso nem ouvir!" (acho que são primos das tias), imagine-se os vizinhos... A mim apetece-me agarrar no caixote do lixo e despejá-lo todo no terraço transformado em jardinzinho.
Dou comigo neste fim de verão a ansiar por chuva, na esperança de que eles recolham o tapete verde, a piscina de plástico, o escorrega, as bolas e baldinhos, o chapéu de sol, a mesa e as cadeiras de balanço.
Quero ouvir o sino da igreja em paz.
2 comentários:
eheheheheheh
depois até estranhavas o silêncio
Também ando sempre se janelas abertas e com a casa cheia de pó
3 é um rancho de filhos??? Eu tenho 4. Pelo menos não choram...
A miúda grita um bocadinho de vez em quando, mas é relativamente fácil calá-la...
Partilho o gosto pelas janelas abertas e pelo lado curioso.
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