setembro 24, 2007

por trás da janela

Hanoi, 2005

Está calor. Por isso tenho a janela aberta, a ventoinha ligada e não me aproximo muito do balcão onde pus as cestas e alguidares com os rolos de massa de arroz e de trigo, os cogumelos secos, os legumes, o arroz e o feijão.

Fico aqui sentada perto da balança e da garrafa de chá e espero que quem passe me chame para comprar alguma coisa que valha a pena o esforço de me levantar.

Olho para baixo a ver se não dão por mim, não quero saber de quem passa, nem se vendo muito ou se vendo pouco, se falo com alguém ou se fico calada, nem se me levam um saco de massa sem pagar.

O que eu queria era despejar os alguidares e os cestos na rua, partir o balcão, desligar a ventoinha, fechar a janela e ir sentar-me no jardim à beira do lago, a gozar o fresco e a ver os círculos concêntricos que as folhas deixam na água quando caem.

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