Sentaram-se na varanda a olhar a noite, corpos ainda molhados enrolados em toalhas, pés apoiados no varandim. Naquela meia hora geriram com cuidada perícia conversas e silêncios, as pontas dos cigarros a avermelharem à vez.
Comentaram os telhados, as antenas tombadas de desuso, os ângulos de que dali se viam as torres das igrejas, os ruídos da noite, as luzes nas janelas, o Norte e o Sul.
Viram os aviões que passavam da esquerda para a direita sempre a um dedo da chaminé ali em frente desde que se esticasse bem o braço e o dedo na horizontal, apoiado na ponta da chaminé.
Entre conversas e silêncios regressaram ao quarto.
- Dá para ficar cá hoje?
- Hoje não dá, desculpa, fica para outra vez.
Despediram-se sem muita conversa até um dia destes, fica bem e com dois sorrisos de silêncio.
Chegou a casa, despiu-se, enrolou o corpo seco numa toalha e sentou-se na varanda a olhar a noite, pés apoiados no varandim. Observou os telhados, as antenas tombadas de desuso, os ângulos de que dali se viam as torres das mesmas igrejas, os ruídos da noite, as luzes noutras janelas, o Norte e o Sul ao contrário. Concluíu que os aviões, que na sua varanda vinham sempre de frente para trás, passavam não a um dedo mas a uma mão travessa da chaminé ali em frente desde que esticasse bem o braço e a palma virada para si, o mindinho apoiado na ponta da chaminé.
Diferenças tão subtis e no entanto.
Percebeu nesse momento que não se veriam mais.
Como lhe tinha sido dito, ficou bem.
Comentaram os telhados, as antenas tombadas de desuso, os ângulos de que dali se viam as torres das igrejas, os ruídos da noite, as luzes nas janelas, o Norte e o Sul.
Viram os aviões que passavam da esquerda para a direita sempre a um dedo da chaminé ali em frente desde que se esticasse bem o braço e o dedo na horizontal, apoiado na ponta da chaminé.
Entre conversas e silêncios regressaram ao quarto.
- Dá para ficar cá hoje?
- Hoje não dá, desculpa, fica para outra vez.
Despediram-se sem muita conversa até um dia destes, fica bem e com dois sorrisos de silêncio.
Chegou a casa, despiu-se, enrolou o corpo seco numa toalha e sentou-se na varanda a olhar a noite, pés apoiados no varandim. Observou os telhados, as antenas tombadas de desuso, os ângulos de que dali se viam as torres das mesmas igrejas, os ruídos da noite, as luzes noutras janelas, o Norte e o Sul ao contrário. Concluíu que os aviões, que na sua varanda vinham sempre de frente para trás, passavam não a um dedo mas a uma mão travessa da chaminé ali em frente desde que esticasse bem o braço e a palma virada para si, o mindinho apoiado na ponta da chaminé.
Diferenças tão subtis e no entanto.
Percebeu nesse momento que não se veriam mais.
Como lhe tinha sido dito, ficou bem.
7 comentários:
Ahh!... Welcome back!
:)
Gostei, Teresa! E já tinha saudades de te ler. A blogosfera que frequento tem andado tão pobrezita, que sabe bem quando alguém acende uma luz. Beijinhos!
http://numrelance.blogspot.com/2008/09/de-momentos-e-pausa.html
por entre pensamentos vários dos silêncios que povoam
(pausas de esperas em trânsito)
há os silêncios sonoros que nem se ouvem
(de tão sóbrios?)
tão profundos são os pensares
desses por travessias
e (a)mares
Que bem que sabe ler coisas tão bonitas... gosto do que escreves!!!
'dois sorrisos de silêncio'? Poesia pura...
beijinhos
E "as pontas dos cigarros a avermelharem à vez." é uma imagem excelente. Parabéns e obrigado!
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