março 01, 2008

o drama da prega

Os amantes - René Magritte

Sofro do sindroma da prega. Eu até gosto de pregas, sendo naturais e de bom cair. Passo-lhes as mãos, aprecio a suavidade e delicadeza ao tacto, o peso do tecido. Um tecido muito leve, já se sabe, não dá uma boa prega. Por isso, a razão deste meu mal, não tem que ver com a prega em si, mas com a dificuldade em desenhá-la, agora que nas aulas de desenho o temos de fazer a óleo.

Enquanto as pregas foram desenhadas a lápis, meus amigos, não havia prega que me falhasse. Mais direita, mais torcida, mais larga, mais estreita, eu lá ia dando conta delas sem grande problema e até com bastante agrado.

Agora que o lápis é interdito e só podemos usar pinceis e óleos a coisa complicou-se. Eu até consigo dar os sombreados esbatidos para dar forma e volume aos objectos, eu até consigo fazer um tom de pele aceitável (há que misturar três cores a sentimento), eu até consigo (malzinho) lançar o desenho a pincel e óleo branco muito leve. Mas quando chega à parte das pregas, senhores, a coisa dá para o torto, muito torto.

Não há meio de atinar com a técnica da prega a óleo ou seja, a prega oleada. Aquilo passa por dar uma finíssima pincelada de tom claro e outra mais ou menos paralela de tom escuro por cima da base ainda fresca e por um sábio trabalho de esbatimento. Sai-me sempre mal... Este fim-de-semana trouxe a caixa dos materiais para casa, vou pendurar panos por aí e dedicar-me furiosamente à prega até à próxima sexta-feira.

Farta de ser enxovalhada, como se a inépcia pregal não me bastasse já, pelos colegas que dominam a prega.

3 comentários:

ana v. disse...

Tenho um bom remédio: prega um estalo a cada um que te enxovalhe por causa da... prega!

Por outro lado, só um tecido bem enxovalhado faz boas pregas...

beijinhos

Sofia K. disse...

Tu não me mates, mas depois de ler a tua primeira frase achei que estavas gorda... e que estavas com um problema de 'pregas'... LOL

lamento não poder ajudar-te, mas eu, a desenhar, nem rectas, quanto mais pregas...

beijinhos

Teresa disse...

Fico positivamente extasiada com estas tuas explicações, já que nem um balde de plástico sei desenhar.