março 16, 2008

falo do que não sei e digo tolices

O meu amigo Pitx, por cujas opiniões nutro o maior respeito, deixou-me um comentário aqui que me levou a fazer algo que deveria ter feito antes de escrever o que escrevi.

Fui ler com mais atenção algumas notícias online sobre a nova lista de pecados da Igreja Católica, por onde tinha passado os olhos apenas ao de leve há dois ou três dias.

Creio que a tolice a que o Pitx se refere deve ser esta: "Será que os crentes menos afortunados têm de passar a confessar ao padre: "pequei, sou pobre."?", já que no resto do post não encontro outras tolices dignas de nota. Pois este meu amigo tem toda a razão e fez-me sentir completamente tola por não ter reflectido sobre o que estava a dizer, tanto mais que a minha intenção principal era falar sobre as enormes diferenças sociais que ainda existem no nosso país e a forma gritante como nos aparecem assim, vistas do céu.

O que na minha cabeça não estava a fazer sentido relativamente a este novo pecado em particular "pobreza extrema de uns e riqueza escandalosa de outros" que copiei doutro sítio com esta redacção, passou a fazer quando vi a lista que se segue:

1. Fazer modificação genética
2. Poluir o meio ambiente
3. Causar injustiça social
4. Causar pobreza
5. Tornar-se extremamente rico
6. Usar drogas

Acresce que, e ao contrário do que li nalguns sítios, estes pecados são sociais e não capitais, perdendo pois a dimensão pessoal dos sete que todos conhecemos.

E daqui levo esta lição: mais cuidado antes de falar do que não sei.

Obrigada Pitx.

3 comentários:

ana v. disse...

Pois é, também eu aceito a lição de humildade (embora não tenha sido eu a escrever o tal post, concordei logo com ele sem procurar mais informação). Os novos pecados são Sociais e não Capitais. Mas não perdem toda a dimensão pessoal, continuam a ser aplicáveis individualmente.
E não deixa de chocar-me a "riqueza extrema" do Vaticano, que acusa os outros do que pratica sem qualquer indício de auto-crítica. A mim, quando lá fui (por várias vezes, e sempre senti o mesmo), incomodou-me o fausto esmagador, mais do que me fascinou a beleza.

tcl disse...

Concordo contigo Ana, mas...

Não tive uma educação católica nem religiosa e há muitas coisas que, por esse motivo, não sei, mas a religião em geral, a busca do divino pelo ser humano, é um tema que me fascina e que daria pano para muitas mangas.

O meu "mas..." prende-se com esta constatação: esqueçamos o fausto, esqueçamos a ostentação e pensemos na arte. Na pintura, na música, na escultura, na arquitectura.

Durante séculos, na europa, o grande cliente dos artistas foi a Igreja Católica. Artista que não tivesse a protecção da Igreja ou de um nobre qualquer, não tinha qualquer hipótese de sobrevivência.

Pensemos em tudo o que não teríamos se a Igreja não tivesse o poder económico que tem... Já viste?

Aliás, se formos a ver bem, o culto do divino faz-se, em muitas outras religiões, associado ao fausto, à opulência, como forma de louvar os Deuses. Hoje, noutros credos como o budismo, ou o hinduísmo e outrora na antiguidade clássica, os Deuses foram, são, louvados com recurso à arte, ao fausto, à opulência.

Certo ou errado não me parece importante, se encararmos as coisas sob o ponto de vista do legado artístico.

Mas há sempre o reverso da medalha e por isso disse que concordo contigo. Já senti o mesmo, percebo o que dizes.

Perdoo pois a Igreja Católica pela sua riqueza pois ponho do outro lado da balança o seu legado. Não lhe perdoo a Inquisição nem o obscurantismo em que manteve o seu povo durante séculos.

E, quanto ao papel que tem agora, tenho tantas dúvidas, tantas contradições, tantas coisas que considero positivas, tantas que me parecem desprovidas de bondade, que prefiro abster-me de falar sobre isso.

tcl disse...

Prefiro abster-me de falar sobre isso aqui, obviamente. Quando não, este é, como disse, um tema de que gosto de conversar.

bjs e obrigada pelo teu comentário