Passou-se todo o Verão e foi necessário recomeçar as aulas na SNBA para, finalmente, fazer este post que estava à espera na gaveta desde Junho quando terminaram as aulas do 3º período.
Aqui e
aqui contei o que fizemos nos dois primeiros. No início do 3º, conforme previsto, os modelos vestiram-se (oh...!) e toca a treinar nas roupinhas o que tínhamos aprendido nas aulas de panejamento. A bem dizer não se vestiram muito, uma camisolita de manga curta, um panito pelas pernas, já que havia que desenhá-los primeiro tal como o Senhor os deitou ao mundo e depois, sobre um papel de esquisso
isto fez-me lembrar um dos inúmeros e improváveis slogans que inventámos há uns anos, numa noite de insónia e risos, para uma empresa que forneceria serviços de desenho para apoio a gabinetes de arquitectura: "esqueça o esquisso, nós tratamos disso"...colocado sobre o primeiro desenho, vesti-los. Assim:
Depois desta fase, passámos ao estudo detalhado da cabeça (por fora, obviamente, se não a coisa teria sido ainda mais complicada).
Como lá na SNBA gostam muito do desenho de contorno cego
já expliquei: basicamente olha-se para o modelo e não para o papel; enquanto os olhos seguem o contorno do modelo, o lápis tenta reproduzir o mesmo no papel, a sentimento e com muita concentraçãotivemos de fazer uns quantos ensaios de contorno tridimensional. Com algum treino e uma ligeira batota (rabinho do olho de esguelha) o melhor que consegui foi isto:
Na fase seguinte e depois de supostamente nos termos apercebido bem do relevo da cabeça (mais uma vez falo do objecto) lá nos puseram uns bustos de gesso no centro da sala e toca a desenhar, primeiro em contorno, depois tentando dar volume com claros e escuros a cera. Bom, destes últimos prefiro não mostrar nada... Os resultados não foram famosos, sobretudo quando se tratou de desenhar o colega em frente. Ia havendo pancadaria naquelas aulas... então quando alguém achava que tinha feito um bom trabalho e dizia:
olha aqui! vê lá se não ficaste parecida... os sorrisos amarelos não chegavam para esconder as faíscas que deitavam os olhos...
O que posso mostrar é só isto para dar uma pálida ideia do que se pretendia (atenção: SÃO TUDO BUSTOS EM GESSO, OK? NENHUM COLEGA, CERTO?):
Quando já não podíamos ver uma cabecinha que fosse à nossa frente e já só grunhíamos uns com os outros, eis que chega a parte final do 1º ano: sejamos artistas, inventemos simplificando. Na realidade o grau de liberdade não era muito... Depois de termos uma ou duas sessões de desenhos com volume em poses de 5, 10 minutos com as malfadadas ceras (material avesso a ser dominado) em que saiam coisas deste género,
tivemos de, com linhas rectas apostas a linhas curvas, claros e escuros onde nos desse na gana, tentar produzir as nossas obras de arte, sempre duramente criticadas pelos mestres:
então, tem duas linhas curvas seguidas... isto aqui parece uma fiada de chouriços... recta/ curva /recta /curva. Bom, dos 7 ou 8 que fiz, o meu filho escolheu estes dois:
E é assim. O resultado não será o que eu queria, mas deu-me imenso gozo e acho que, mesmo assim, fiz alguns progressos. Daí que, queixo-me, queixo-me, mas este ano lá estou eu caída de novo, para o 2º ano do curso, desta feita uma vez por semana em sessões de 4 horas (trabalhos mais demorados assim o exigem)... é que isto agora promete a avaliar pela lista de materiais: pinceis, óleos, acrílicos, pasteis, bata, trapos...
uau! estou em êxtase profundo!