janeiro 03, 2007


Ouvi dizer que o arco-iris tinha entrado no coração de um homem e por lá ficara. Talvez por isso e, apesar de o sol, as nuvens e a chuva se conjugarem de forma propícia, não o tenha visto ultimamente.

Do boato constava também que, a partir daquele momento, este homem se reconciliara com a vida e que passara a sorrir sem razão aparente.

Este facto, que um homem tenha aprisionado o arco-iris no seu coração, pareceu-me notícia digna de merecer a atenção dos media, dado que, a confirmar-se privaria o resto da humanidade de poder contemplá-lo e usufruir da sua magia. No entanto, sobre este assunto, não li nada nos jornais, não vi nada na televisão, não ouvi nada na rádio, não vi sequer cartazes nas ruas dando conta da ocorrência, daí que me tenha permitido duvidar da veracidade da informação.

Mas o que é certo é que, efectivamente, o arco-iris nunca mais foi visto.

Andei preocupada durante uns dias até que hoje, subitamente senti a luz e o calor a entrarem devagarinho no meu peito e a iluminarem a minha alma. Foi quando o vi, cruzando o céu de Oeste para Leste em toda a sua plenitude e aterrando em mim.

Concluí então que o arco-iris salta incessantemente de coração em coração e apenas se deixa ver no exacto momento em que os seus dois extremos habitam simultaneamente os corações de dois seres que aprenderam a sorrir sem razão.

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