janeiro 28, 2007

Daddy, daddy


Não sei porque me lembrei hoje disto.

No meu livro de curso o meu pai deixou-me este poema:

Foi densa e foi bela
a caminhada
Mas tão breve…
e já tanta
é a saudade

A vida é isto, Teresa:
após o riso, a lágrima,
de certeza.
Ela virá lá bem do coração,
e a voz fica embargada.
É assim o vírus da Tapada.
Tanta e tanta coisa
um dia a recordar.
Verás, filha, verás
vitórias e derrotas
virão lá da penumbra
do sono da distância …
… um som, uma flor …
um beijo …
Mesmo até a canseira
da velha “Rampa da Asneira”
que subiste,
volvidos tantos anos
que a subi.

Firme foi teu passo
certa a jornada
e agora é já
o Sol
a alvorada,
a luz reivindicada,
no Dia que mereces.

E, se tu me continuas,
e és o meu orgulho,
a minha velha esperança,
do mundo
que sonhei (Quando te vi chegar
ao nosso velho berço
onde eu também chorei)
conquista, nesse mundo,
o teu lugar.

Põe uma estrela,
brilhando, no teu Céu,
que nunca mais feneça.
Defende, nele, o Belo e a Justiça.
Ama-te a ti, amando
a vida
à volta.

Sê alma,
e Paz,
e coração.
Cumpre o Destino
… que engloba,
é bem de ver,
o nosso velho berço
a embalar, de manso,
outro menino.


Não sei porque me lembrei hoje disto.
Mas tenho saudades do meu pai e gosto deste poema.
Daddy, daddy, lá onde estás, sabes que tenho tentado cumprir tudo o que com amor me desejaste.

1 comentário:

José Pedro Viegas disse...

Gostei deste texto sobretudo pela mensagem e pela tua recordação.
Esses sentimentos puros, essa saudade que nos invade e que mesmo fazendo mal, nos sabe tão bem...!