janeiro 28, 2007

Chegaste como o sol que nasce numa manhã de Verão, primeiro devagarinho, enchendo o mundo de sombras alongadas e difusas e de repente dando vida às cores e calor às coisas.

E de repente entraste na minha vida rectilínea e transformaste o gráfico dos meus dias numa linha sinuosa como um perfil de montanhas em contraluz, picos iluminados e vales sombrios, rios cantantes e lagos de águas paradas e profundas.

Contaste-me da tua vida, das tuas alegrias e tristezas, dos teus sonhos, e dos meus soubeste de olhos nos olhos, de mãos nas mãos e assim me tocaste o coração.

Não me prometeste nada, mas deste-me rosas vermelhas em poemas como sinais de desejo e ensinaste-me que cada homem é um mito. “Gosto de ti, princesa”, dizias. E eu amei-te.

Os anos passaram e agora vais-te afastando, mais lentamente ainda do que quando chegaste e, como o sol que se põe, deixas atrás de ti outras sombras alongadas e frias.

Não entendo a tua linguagem de silêncios, os teus olhos tristes quando chego a casa e me olhas do sofá da sala, guardando em ti em palavras não ditas o que te faz querer sair da minha vida como o sol que se põe, sem um grito, sem um gesto, sem uma lágrima, deixando-me de braços pendurados, a olhar para ti como uma sombra.

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