Um destes dias o meu filho, que está naquela fase de querer formar uma banda de garagem com uns amigos para a qual procura desesperadamente um nome, mostrou-me este sítio.
Graças a ele descobri muitas coisas interessantes sobre mim e os outros.
Por exemplo, sei agora que não sofro de polifobia nem de afobia, mas a frequência com que tomo banho, sobretudo no verão, levam-me a pensar que talvez tenha uma certa tendência para a automisofobia.
Como vivo em Lisboa, seria completamente tonto ter ursolofobia, mas compreendo perfeitamente que a possa ter quem viva no Alasca ou quem trabalhe no jardim zoológico. Será aí, não propriamente uma fobia mas um medo real. Uma vez vi uma senhora a correr deseperadamente pela Av. da Liberdade abaixo a olhar para trás com um ar aterrado. Agora penso que tinha ursolofobia ou, quem sabe, quifofobia. Eleuterofobia é que não tinha de certeza, senão aposto que tinha descido antes pela Almirante Reis.
De venutrafobia não sofro, a menos que a dita cuja resolva pôr-se a olhar para o meu marido com um ar libidinoso. Nestas ocasiões, minto, e digo à tipa que ele é um incurável crematófobo e, se quiser ser mesmo mazinha, acrescento que os comprimidos que ele anda a tomar para a caetofobia não estão a dar muito resultado, pelo que ela que, está bem, é bonita, mas tem uma abundante penugem nos braços, escusa de ter ilusões.
A minha entomofobia resume-se às baratas e é mesmo forte: grito, paraliso (demonstrando que não tenho quifofobia), fico com os pelos em pé e sou incapaz de lhes pôr um pé em cima (das baratas, não dos pelos). Acho que preciso de umas sessões de terapia. Pelo contrário, estou longe de ter mirmecofobia e é com grande coragem que ataco os carreiros com insecticida.
Foi através desta página que percebi que a minha aversão à palavra “sovaco” (até escrevê-la me incomoda) pode ser um sintoma de uma onomatofobia incipiente. A confirmá-lo, a impressão que tenho de padecer também de hipopotomonstrosesquipedaliofobia, afinal são fobias do mesmo foro, dada a dificuldade que tive quando tentei aprender alemão e a minha relutância em marcar consulta para o otorrinolaringologista, por mais que me doam os ouvidos.
O dinheirão que gasto em cremes, de dia, de noite, de contorno dos olhos, de corpo, de mãos, em tónicos, em seruns e em toda uma parafernália de loções, só pode significar que tenho uma forte ritifobia.
Quando era pequenina tinha coulrofobia, mas nunca me foi diagnosticada. Apenas percebo agora porque razão continuo a detestar o circo. No entanto, não me recordo de alguma vez ter tido um episódio, mesmo que fugaz de paderofobia.
Não tenho de certeza deipnofobia, mas faço uso duma mageirocofobia inexistente quando a preguiça me impede de fazer o jantar. Aproveito, digo que me sinto particularmente mageirocófoba e lá vamos todos jantar fora, evitando as ostras que, por me terem provocado sempre grandes indisposições das últimas vezes que as comi, me transformaram numa ostraconófoba declarada.
Sei agora que um colega de abundante cabeleira e que de cada vez que me encontra me pergunta se eu não noto a sua crescente falta de cabelo, padece com toda a certeza de falacrofobia ou então de catoptrofobia.
Quando transporto sacos, malas ou carteiras, faço-o normalmente do lado direito o que prova a ausência de dextrofobia.
Julgo que haveria ainda muito para dizer, mas o texto já vai longo, tal como a minha falta de paciência.
Apenas posso acrescentar que não tenho de certeza: sarmassofobia, hedonofobia, filemafobia nem escopofobia, antes pelo contrário.
Também não tenho metrofobia, gnosiofobia, ideofobia nem fronemofobia.
E não tenho, de certezinha absoluta, e ao contrário de muita gente, metatesiofobia.