Gosto de pensar a minha cidade ao ritmo das árvores, saber que quando nos freixos começam a rebentar as primeiras folhas de um verde brilhante em breve todos os outros troncos despidos formarão as suas copas e que, quando finalmente caírem as últimas folhas dos choupos, o inverno estará a chegar.
Gosto de assim sentir a passagem do tempo modificando as cores e os cheiros de Lisboa, os contrastes de luz e sombra, doce brisa ou vento que embaraça cabelos e revira chapéus-de-chuva.
Nesta altura do ano são os jacarandás. A floração faz-se anunciar previamente por um cheiro acre e quente que me faz lembrar as estevas no verão e, passados uns dias, Lisboa rebenta de roxo e lilás numa beleza estonteante mas breve, primeiro nas copas, depois nos passeios da calçada que fica escorregadia e peganhenta de tanta flor.
O melhor ainda, é naqueles anos em que os jacarandás se esquecem que estão no hemisfério norte, baralham o calendário e desatam a florir em outubro como que num desesperado regresso às origens ditado por um relógio antigo que não lhes abandona os genes. Não sei porquê, não acontece todos os anos mas isso encanta-me pelo sabor especial que vem das coisas que não temos como certas. Terá de passar setembro para saber.
4 comentários:
Lindo, tcl! Adoro jacarandás, tenho andado a fotografá-los que nem um parvo, já me valeram, aliás, várias buzinadelas em sinais vermelhos que passam a verde enquanto eu só vejo roxo... mas hoje deste-me uma óptima notícia: desconhecia essa segunda oportunidade, ainda que intermitente, de ver os jacarandás em flor. Vou estar atento... beijos!
BELEZA! Adoro ver Lisboa assim lilás.
Aqui chamam-se ipês. E há roxos, amarelos, cor-de-rosa... Lindos, todos.
Adoro jacarandás... ando sempre a vê-los florir e desflorir, tão rapidamente que tenho saudades deles quase todo o ano!
Lindo o post!
beijos
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