Volto para casa já depois das oito com frio e chuva a escorrer no pára-brisas, pensando no conforto da sala e em qualquer coisa quente. Antecipo o prazer da casa em sossego, dos livros que me apetece ler devagarinho, da música que vou ouvir depois do jantar enquanto deambulo por aqui ou me sento em frente de papeis em branco que esperam ser preenchidos com palavras ou com cores.
Ouço na RFI a reportagem da tomada de posse de Barak Obama e da despedida de Bush com canções de byebye e penso que já não vou a tempo das notícias da 1, mas que poderei ver as da 2. O noticiário da RFI passa para outro tema e pergunto-me porque só os franceses francesam todos os anglicismos e dizem profil bas quando toda a gente em todo o lado diz low profile. Lembro-me de outra reportagen que ouvi há meses e nos minutos que demorei a perceber que Pitarregábrièle era Peter Gabriel.
E assim entre pensamentos sem interesse que se vão interligando e vindo e indo e passando acabo por chegar ao parque de estacionamento, sair do carro, sentir no corpo os 5ºC que o termómetro do carro marcava e encaminhar-me lentamente para a porta do meu prédio, mesmo com chuva gelada na cabeça não me apetece apressar o passo, vá-se lá saber porquê.
Pego o elevador e saio no patamar, ansiosa pelo meu sofá e por um prato de sopa igual à que comi ontem. A casa não está às escuras nem fechada à chave, na sala uma câmara de video montada num tripé, o meu filho e outro miúdo a olhar para os apontamentos das cenas e à mesa um casal desconhecido de arroz e salsichas no prato, frios de tanta espera e tanto take. Era suposto ter sido ontem e por isso fui ao cinema. Ontem. E agora não tenho sala, nem quartos, tudo transformado em cenário. Resta-me ficar por aqui. Nem leituras, nem pinturas. Não se pode confiar em adolescentes.
Ouço na RFI a reportagem da tomada de posse de Barak Obama e da despedida de Bush com canções de byebye e penso que já não vou a tempo das notícias da 1, mas que poderei ver as da 2. O noticiário da RFI passa para outro tema e pergunto-me porque só os franceses francesam todos os anglicismos e dizem profil bas quando toda a gente em todo o lado diz low profile. Lembro-me de outra reportagen que ouvi há meses e nos minutos que demorei a perceber que Pitarregábrièle era Peter Gabriel.
E assim entre pensamentos sem interesse que se vão interligando e vindo e indo e passando acabo por chegar ao parque de estacionamento, sair do carro, sentir no corpo os 5ºC que o termómetro do carro marcava e encaminhar-me lentamente para a porta do meu prédio, mesmo com chuva gelada na cabeça não me apetece apressar o passo, vá-se lá saber porquê.
Pego o elevador e saio no patamar, ansiosa pelo meu sofá e por um prato de sopa igual à que comi ontem. A casa não está às escuras nem fechada à chave, na sala uma câmara de video montada num tripé, o meu filho e outro miúdo a olhar para os apontamentos das cenas e à mesa um casal desconhecido de arroz e salsichas no prato, frios de tanta espera e tanto take. Era suposto ter sido ontem e por isso fui ao cinema. Ontem. E agora não tenho sala, nem quartos, tudo transformado em cenário. Resta-me ficar por aqui. Nem leituras, nem pinturas. Não se pode confiar em adolescentes.
6 comentários:
Antes o Bufas e o Surdas!
Bom, Pedro... Não exageremos. Filho é filho, gato é gato
Venho aqui há meses...sempre caladinha. Hoje não resisti.
Temos algumas coisas em comum, a "animalagem", um filho adolescente e o gostinho pelas artes.
Este é um blogue que gosto de ler! Provoca-me quase sempre aquele sorrizinho idiota...
:)
Estava a ser irónico, claro. Mas fez-me lembrar o poema Objecto de Ary dos Santos
Este?
Há que dizer-se das coisas
o somenos que elas são.
Se for um copo é um copo
se for um cão é um cão.
Mas quando o copo se parte
e quando o cão faz ão ão?
Então o copo é um caco
e um cão não passa dum cão.
Quatro cacos são um copo
quatro latidos um cão.
Mas se forem de vidraça
e logo foram janela?
Mas se forem de pirraça
e logo forem cadela?
E se o copo for rachado?
E se o cão não tiver dono?
Não é um copo é um gato
não é um cão é um chato
que nos interrompe o sono.
E se o chato não for chato
e apenas cão sem coleira?
E se o copo for de sopa?
Não é um copo é um prato
não é um cão é literato
que anda sem eira nem beira
e não ganha para a roupa.
E se o prato for de merda
e o literato de esquerda?
Parte-se o prato que é caco
mata-se o vate que é cão
e escreveremos então
parte prato sape gato
vai-te vate foge cão
Assim se chamam as coisas
pelos nomes que elas são.
Ary dos Santos
:-)
Esse mesmo!
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