Quando, como hoje, a cidade acorda branca, só a vejo em primeiro plano da minha varanda. E é como se não existisse mais nada para lá das cozinhas e da roupa nos estendais do outro lado do interior de quarteirão, que ganham assim a importância que nunca lhes dou. Nem telhados, nem torres de igrejas, nem ponte, nem Cristo Rei. Apenas os lençois e camisas dos vizinhos, as mesas entrevistas onde tomam pequenos almoços de leite com café e torradas. Some-se Cacilhas e o estuário, o braço de rio que leva ao Montijo e some-se a Arrábida e todo o espaço daqui até lá. Podem afundar-se os barcos no rio que não os vejo e das gaivotas só tenho pios perdidos acima da espessura da névoa.
É também nestes dias que o rio me chama para que o veja como um imenso mar. Não há outra margem e a ponte pendura-se na bruma num mistério de passagem para lado nenhum.
É também nestes dias que o rio me chama para que o veja como um imenso mar. Não há outra margem e a ponte pendura-se na bruma num mistério de passagem para lado nenhum.
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