fevereiro 22, 2008

já sinto chicl ana

Aprender esta milonga tem-nos dado algum trabalho. Não encontrei no tubo nenhuma versão coral que me agradasse o suficiente para aqui pôr o que, já de si, quer dizer alguma coisa. É uma peça que pode ser lindíssima se for bem cantada, mas se não o for, bom é melhor nem falar...

Jacinto Chiclana não é fácil, aliás Piazzolla não é fácil. No entanto a musiquinha teima em não sair da cabeça e eu aproveito essa teimosia para ir cantarolando a minha parte e treinando nos tempos livres (no duche, no carro, na cozinha e isso). Vinha hoje de manhã ao volante do meu bólide de trabalho e lá vem ela outra vez instalar-se-me na cabeça. O problema é que a versão mais teimosa é a dos sopranos e eu sou contralto, ainda por cima contralto do grupo "maria vai com as outras" ou seja, se não tenho as bengalas ao pé de mim, foge-me a voz para a melodia dos sopranos que, em geral, é a que mais facilmente fica no ouvido e, neste caso em particular, nem se fala.

Não havia meio de me lembrar como era a nossa parte e pensava, "bolas, faz-me falta aqui a J que ela é que é segurinha com esta música", quando ouço um piiipiiih ao meu lado no semáforo e era a dita J. Abro a janela e:

- Olha que coincidência... vinha mesmo a pensar em ti!
- Mentirosa, não vinhas nada!
- Vinha, vinha! Ouve lá, como é a nossa parte do Jacinto Chiclana?
- Então é assim: Dum, dum, dum dum, dum, dum dum, dum, dum dum, dum, dum dum, dum dum...
- Não é essa, essa lembro-me. A outra a seguir...? Aquela do "Me acuerdo fue en Balvanera..."
- Ah! Essa é assim "Me ...

E nisto o sinal abriu e os outros carros começaram a apitar e já não ouvi nada... Fiquei o resto do dia com aquilo na cabeça, mas sempre a parte que não é a minha, num desespero por não me lembrar... Não sei se por ser também em espanhol, se pela angústia de não dar com as notas, de repente sai-me a Milonga e entra-me isto, vindo não sei donde:



Chiii...!, há quanto tempo não ouvia esta música! E não foram poucas as vezes que a dancei, quando esteve nos tops lá para os inícios dos anos 90. Viktor Lazlo...*, pois era...

* Gostava que alguém me explicasse por que raio uma mulher, francesa, gira e tal, escolhe para ser conhecida no meio artístico um nome que parece o de um bailarino de folclore húngaro, com colete e grandes bigodes negros

4 comentários:

Teresa disse...

Não consigo ouvir aqui, não sei se me lembro da música. Quanto ao nome, há um pormenor curioso, se bem que eu continue sem ver a relação: Victor Laszlo era o nome do marido da personagem de Ingrid Bergman em Casablanca.

Beijos.

tcl disse...

Claro que te lembras... é assim:

ansiedad
de tener-te en mis braços
musicando palabras de amor...

quanto ao nome, pois tens razão, é verdade... mas também não vejo a relação... pode ser que alguma alma caridosa saiba e diga aqui qualquer coisa.

ana v. disse...

também não vejo: nem a relação, nem o video...
mas já percebi que é Ansiedad, uma canção para derreter corações. E o meu que é tão mole, derrete tão facilmente...
beijinhos, meninas

Gonçalves disse...

1980, numa volvo a caminho de Paris e a ouvir isto na voz do Nat King Cole. Um rádio-leitor de cartuchos. O outro era da Shirley Bassey.
Bons tempos;-)