Vinha no carro, de rádio ligado, e fiquei a saber que hoje à noite há uma conferência com este título: "Porque nos apaixonamos sempre pela pessoa errada". Como isto é uma coisa que me acontece continuamente fiquei com esta dúvida: vou e fico elucidada sobre a razão deste meu problema ou não vou e mantenho-me na santa ignorância?
março 30, 2007
Abraços apertados
- Deixas-me pagar-te o almoço?
- Claro, isto aqui é baratucho.
- ...
- Ou então, tive uma ideia melhor: hoje pago eu e da próxima vamos a um sítio caríssimo e pagas tu.
- Olha p'ra ela! Quando formos a esse sítio pagamos a meias. Estúpida...
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março 28, 2007
Porque é que há dias em que, mesmo que tudo nos corra bem, mesmo que os amigos nos apapariquem, mesmo que recebamos alguns piropos, boas notícias, etc, mesmo que o sol espreite por entre as nuvens, temos a sensação de que nos falta qualquer coisa de fundamental?
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março 26, 2007
conflito de gerações
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março 25, 2007
Noites no Xafarix
Como a memória tem destas coisas, palavra puxa palavra, dei comigo há 20 anos atrás numa altura em que passava grande parte das minhas noites no Xafarix.
Naquele tempo, dizia Jesus aos apóstolos…, não.
Naquele tempo sair à noite não era como agora.
Com segurança, podia-se sair de casa pelas 21.30, 22.00, e regressar por volta das 2.00 com a barriguita cheia de música, conversa com os amigos, um gin tónico, uma tosta mista e a certeza dumas horinhas de sono antes de ir trabalhar.
Agora, se se chega a algum sítio antes das 2.00 (claro, claro, ainda há excepções) o mais certo é estar tudo às moscas porque ainda é muito cedo.
Mas não era disto que eu queria falar. Ah, sim o Xafarix.
O Xafarix, ali no chafariz da D. Carlos I, pertencia na altura ao Luís Represas e ao seu sócio Cajó (se calhar a mais alguém, não me lembro). Todas as noites aquilo enchia como um ovo, vá-se lá saber porquê. Na volta o programa era quase sempre o mesmo: ou eram eles que cantavam (a maioria das vezes) ou traziam alguém de fora, para variar um bocadinho.
Realmente, íamos lá como quem ia ao café. Já toda a gente se conhecia, sabia-se quem andava com quem, quem tinha largado quem, quem estava encalhado, quem procurava quem e, entre estas conversas de treta e outras mais interessantes, lá se passavam as noites. O que era mesmo giro, é que aquilo tinha um ambiente familiar, cantávamos todos muito em coro e havia um ritual que se foi instalando e sem os qual já não passávamos. Fosse qual fosse o programa da noite ou o artista convidado, 3 músicas cantavam-se sempre:
- Amor no Coração -
Quem viver verá que não foi em vão, eu quero é muito amor no coração
- Terra -
Quando eu me encontrava preso na cela de uma cadeia
Foi que vi pela primeira vez as tais fotografias
Em que apareces inteira, porém lá não estava nua
E sim coberta de nuvensTerra, Terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Ninguém supõe a morena dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema mando um abraço pra ti
Pequenina como se eu fosse o saudoso poeta
E fosses a ParaíbaTerra, Terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Eu estou apaixonado por uma menina terra
Signo de elemento terra do mar se diz terra à vista
Terra para o pé firmeza terra para a mão carícia
Outros astros lhe são guiaTerra, Terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Eu sou um leão de fogo, sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente, e de nada valeria
Acontecer de eu ser gente, e gente é outra alegria
Diferente das estrelasTerra, terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
De onde nem tempo e nem espaço, que a força mãe dê coragem
Pra gente te dar carinho, durante toda a viagem
Que realizas do nada,
através do qual carregas
O nome da tua carne
Terra, terra, Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Na sacadas dos sobrados, das cenas do salvador
Há lembranças de donzelas do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeitoTerra, terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
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Gosto de ti, Leãozinho
gosto muito de te ver leãozinho
caminhando sob o sol
gosto muito de você leãozinho
para desentristecer leãozinho
o meu coração tão só
basta eu encontrar você no caminho
um filhote de leão raio da manhã
arrastando o meu olhar como um ímã
o meu coração é o sol pai de toda cor
quando ele lhe doura a pele ao léu
gosto de te ver ao sol leãozinho
de te ver entrar no mar
tua pele tua luz tua juba
gosto de ficar ao sol leãozinho
de molhar minha juba
de estar perto de você e entrar numa
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março 21, 2007
Vivá Prima Vera
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março 20, 2007
Dormir emagrece? Trabalhar engorda?
Peso-me à noite antes de dormir e de manhã ao acordar e constato sempre que tenho menos um quilo de manhã. À noite lá está outra vez o quilito que faltava. A balança, diga-se, é a mesma, a roupa também (nenhuma). Não passo a noite aos pulos nem tenho sonhos em que faça a meia-maratona. A alma parece que pesa 21 gramas, ou perto disso, a acreditar num filme que vi há tempos, portanto não posso concluir que a alma vai passear durante o sono e que eu ponho os pés na balança antes do seu regresso.
Então, que é isto?
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Cinco dias no Transiberiano
Num comboio é possível apreciar as alterações da paisagem entre o ponto de partida e o de chegada, conhecem-se pessoas, joga-se às cartas, contam-se anedotas, lêem-se livros, ciranda-se de um lado para o outro, encosta-se o nariz à janela para ver campos, cidades, vilas e aldeias a desfilar diante dos nossos olhos como num filme.
Viajar num dos grandes comboios do mundo era pois um dos itens da minha lista de “coisas a fazer antes de morrer”, de maneira que lá me organizei para fazer parte do percurso do transiberiano, um dos comboios que habitam o imaginário de qualquer globetrotter que se preze.
Dos 9 dias de viagem do "Rússia" entre Moscovo e Vladivostoc, fiz cerca de metade, até Irkutzk, junto ao lago Baikal, para aí apanhar um avião de segurança duvidosa para Ulan Bator (mas disso falarei talvez noutro dia).
O "Rússia" tinha aí umas 20 carruagens entre 1ª, 2ª e 3ª classes e um vagon-restaurante. Na 2ª classe, onde viajei, as carruagens têm um corredor lateral que dá acesso a 8 compartimentos com 4 couchettes cada, um quartinho para o responsável pela carruagem (que tranca as portas dos compartimentos e wc’s durante as paragens, vende chocolates e pin’s do tempo da URSS, põe água na chaleira e verifica se toda a gente se porta bem), dois wc’s sumários equipados com sanita e lavatório (esqueçam o duche) e um espaço fechado em cada ponta para os fumadores matarem o vício. Digamos que não é um grande conforto, mas aguenta-se.
Como percurso, não posso dizer que este troço seja muito interessante. Grande parte do trajecto faz-se em zonas relativamente planas e arborizadas (os Urais atravessam-se de noite), pelo que o comboio segue emparedado entre duas cortinas de árvores que não deixam ver para muito longe.
É um túnel verde, com aberturas de quando em vez nas zonas mais habitadas que deixam entrever campos de cultivo, casas de madeira com telhados de zinco, uma paisagem pobre, desarrumada e triste.
Esta monotonia que desfila pelas janelas, leva-nos a prestar mais atenção ao que se passa dentro do comboio. A grande maioria dos passageiros é gente com poucas posses que utiliza o comboio porque não tem dinheiro para o avião. As 18 pessoas do meu grupo constituíam a totalidade de turistas presentes e, durante os cinco dias de trajecto, foram as únicas utilizadoras do restaurante (para o final, já encomendávamos as refeições a nosso gosto, embora a ementa fosse tudo menos variada). Os restantes passageiros alimentavam-se com o que tinham trazido com eles e com o que iam comprando nos cais em cada paragem, por isso no segundo dia já se notava uma diferença significativa entre a nossa carruagem (onde ocupávamos 5 dos 8 compartimentos) e as outras, no que respeita à qualidade do ar.
As paragens são os grandes momentos de diversão durante o dia para quem vai no comboio e um extra no rendimento das populações locais que trazem para os cais as suas home-made delicatessen a fim de abastecer os viajantes. Sempre que o "Rússia" parava, era certo que lá estavam eles em fila, bem alinhadinhos ao longo do cais, de tachinhos e alguidares no chão, com peixe seco, pão, bolos, enchidos, pernas de frango já cozinhadas e embrulhadas em papel celofane, tomates, pepinos e salada de couve branca (acompanhamento invariável de qualquer refeição na Rússia).
E bom, à parte os cinco dias sem tomar banho, foi uma experiência interessante, mas menos do que eu estava à espera, ou seja a não repetir.Lá terei de fazer o Transmongoliano, o Pequim-Moscovo (só até Irkutzk, claro) e o Expresso do Oriente.
É que sabem, eu gosto mesmo de andar de comboio.
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Cette femme n'est pas française, quoi!
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março 13, 2007
Mais um fim-de-semana em que não fui à terra
Mais uma vez este fim-de-semana não fui à terra, pela simples razão de que não tenho nenhuma. Inveja não é coisa bonita de se ter, mas eu tenho. Por exemplo, nunca poderei ser o segundo interlocutor de um diálogo assim:
“Então, que tal o fim-de-semana?”
“Óptimo, pá. Fui à terra.”
A terra é uma coisa que algumas pessoas têm. Para se ter terra, a condição essencial é não se morar no sítio onde se nasceu. Outra é não se ser de uma cidade grande. Não me imagino a viver na Merdaleja, vir uns dias a Lisboa e no regresso dizer aos amigos que fui à terra. Convenhamos que não tem jeito. A última condição é que na terra haja terra e uns quantos familiares vivos e outros mortos, devidamente enterrados no cemitério do sítio. Explicando melhor, os meus pais eram duma vila, entretanto promovida a cidade, do Ribatejo. No entanto, quando eu era pequena e íamos a casa dos meus avós, nunca dizíamos que íamos à terra. Isto porque os senhores moravam numa rua de pequenas moradias geminadas com um quintalinho atrás, um galinheiro, uma coelheira, uma ameixeira e meia dúzia de couves tudo em, vá lá, 200 m2 alugados juntamente com a casa. Não chega para ser terra.
Terra mesmo, é um sítio pacato, inundado de sol no verão e de humidade no Inverno, a cheirar a campo, a lareira, a estábulo, com abelhas a zumbir, o vento a levantar remoinhos de terra do chão e onde é absolutamente necessário limpar muito bem os pés antes de entrar em casa.
Na terra há pelo menos uma casa, um espaço à volta donde se pode perder o olhar até longe, animais e campos de cultivo.
Na terra há sempre uma daquelas lojas que vendem tudo, ancinhos, rolos de corda, bolacha Maria a peso, pó para as pulgas, alguidares e pijamas e onde as pessoas se encontram para darem dois dedos de conversa, beberem um copo de três e saberem notícias uns dos outros e dos que vêm de fora para passarem o fim-de-semana na terra, coisa que os locais raramente entendem mas que muito apreciam.
Quando se vem da terra, o carro vem atulhado de batatas, cebolas, alhos, fruta, hortaliças e dois ou três bichos de capoeira, já devidamente depilados e prontos para se porem na panela. Todas estas coisas, escusado será dizer, têm um sabor e em cheiro que não têm nada a ver com o que se compra no Continente.
É por isto tudo que tenho alguma inveja das pessoas que vão à terra.
Eu, como este fim-de-semana não fui à terra, semeei o manjericão nos vasos da varanda ao lado da hortelã, que está bem crescida, como faço todos os anos. Já tentei tomate-cereja, salsa e coentros, sem grande sucesso. A minha varanda não é a terra, mas é o que há.
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março 10, 2007
Blogvertising
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março 07, 2007
Jota Pê
E o cheiro que dele emanava e a vontade de o lamber que eu sentia como se fôssemos dois animais, fêmea e cria, instintos básicos à flor da pele.
E acordar de noite em sobressalto porque de repente parecia que ele tinha deixado de respirar e eu muito quieta com os ouvidos todos abertos até confirmar o som regular que saía do berço.
E afagá-lo devagarinho, tocar aquela pele de seda e sentir que aquilo também era eu, pedaço de mim feito gente, outra pessoa mas mesmo assim um bocadinho de mim.
E durante meses, anos, um inferno porque não queria comer, a colher de papa a acertar na bochecha, raio do puto sempre a pôr a cara para o lado, apesar do circo das avós e empregadas a abanar frascos com botões, a tocar pífaros e outras palhaçadas que o distraíam os segundos necessários para, de vez em quando, o apanhar à má fila e lá lhe enfiar mais uma colher pela goela abaixo.
E o desespero de o deixar na escola a primeira vez, lavado em lágrimas a estender a mão para mim e eu a descer os 4 degrauzinhos da entrada de nó na garganta e foi assim de Setembro a Março e nos anos a seguir nos primeiros 15 dias depois das férias grandes.
E depois a primária o básico o secundário e ontem eu a ajudá-lo a preencher os papeis para os exames do 11ºano e hoje ele a anunciar-me a nova namorada.
Bolas, parece que ainda ontem e afinal 16 anos e meio.
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março 04, 2007
Dido & Aeneas
Foi ontem no CCB.
E foi lindo de morrer.
Dos melhores espectáculos que vi ultimamente.
Obrigada a ti, que me levaste contigo.
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março 03, 2007
No entanto
Lentamente, devagarinho, foste-te aproximando e comecei a vislumbrar detalhes de ti. Formas imprecisas, cores esbatidas, um pé, um braço, a cabeça, depois a ponta do nariz e a certeza de que, com o tempo, o nevoeiro se dissiparia e poderia observar-te com todo o pormenor.
Agora, que estás junto a mim há já tanto tempo, e que te pude ver, tocar, cheirar, conheço de cor cada centímetro do teu corpo. Cada mancha, cada sinal, cada ruga, cada pelo.
Adivinho os gestos que se seguem a outros, os sorrisos, as lágrimas, as palavras ditas e não ditas, o som dos teus passos, a tua chave na fechadura que abre a porta deste espaço que é o nosso.
Conheço-te todo e no entanto.
No entanto, nunca consegui entrar em ti, nunca te deixei entrar em mim.
Mesmo quando de cabeça encostada ao teu peito me deixo adormecer ao som do ritmo calmo do teu coração, continuo sem saber o que o faz bater.
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Drão
Não sei o que quer dizer Drão, mas adoro isto:
(Caetano, outra vez)
Drão, o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer, aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada, pela estrada escura
Drão, não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Entende-se infinito, imenso monolito
Nossa arquitectura
Quem poderá fazer, aquele amor morrer
Nossa caminha dura, cama de tatami
Pela vida afora
Drão, os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há
De haver mais compaixão
Quem poderá fazer, aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre nasce trigo
Vive morre pão
Drão, Drão
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