junho 02, 2008

nemo olé olé!

foto JFD

Pois com a greve das pescas os pescadores cá do burgo resolveram impedir os peixes espanhois de entrarem nos nossos mercados. Parece-me bem, que isto de fura-greves sempre foi coisa muito mal vista. Este facto já me ensinou hoje a diferença fundamental entre o pescado espanhol e o português.

Em primeiro lugar, o peixe português é muito melhor mesmo que tenha pior aspecto, dizia o jornal, e quanto a isso não tenho dúvidas - um besugo comido em Ayamonte não se compara nem de perto nem de longe com um besugo comido em Vila Real de Santo António. Do lado de cá pois a carne é mais rijinha e mais branca, pois as lascas têm aquela gordurinha no meio, pois o sabor é outra loiça. Atravessa-se o Guadiana e blhec, o besugo sabe a cachucho velho e tem a consistência de uma alforreca. Todos sabemos isto.

Ora o título da notícia dizia: "como distinguir o peixe português do peixe espanhol?". Obviamente que as características que atrás referi só se detectam no acto de deglutir o peixe e não no acto da compra por isso, não querendo de forma alguma ser enganada dispus-me a ler o corpo da notícia com toda a atenção.

Se pensam que basta chegar à banca do peixe com um rádio-gravador de cassetes, pôr Los Romeros de la Puebla a tocar bem alto e ver quais as fanecas que sacam das castanholas de dentro das guelras e desatam a dançar sevilhanas, estão redondamente enganados. Nada disso.

O que se passa é o seguinte: os espanhois lavam o peixe com água a que adicionaram um óleo qualquer que os mantém brilhantes e com um aspecto fresco durante 3 ou 4 dias, enquanto os NOSSOS peixes não levam esse tratamento pelo que entre o 2º e o 3º dias perdem o viço.
Como no 1º dia não se nota diferença, aquele peixe com aspecto fresquinho e brilhante NÃO se deve comprar já que a probabilidade de ser espanhol é grande.

Assim, os consumidores ao chegarem à banca devem olhar para o peixe e escolher o mais baço e de ar mais murcho. Pode ter 3 dias mas é, garantidamente, português.

6 comentários:

Teresa disse...

Tu desculpa, mas ainda não consegui parar de rir com o título que deste ao post! É só pôr os olhos nele e lá recomeço a rir baixinho.

Muito, muito bom. O título e o post. TCL no seu melhor.

Anónimo disse...

AHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
muito bom TCL
silvia

Unknown disse...

T.

Eu sou aquela que segundo a Sofia, tem um tom de voz igual/semelhante, ao da Teresa da Gota. Juro que ela nunca me ouviu, pronunciar a palavra Kitbits, daí ter dificuldade em encontrar a semelhança, mas passemos à frente, a apresentação está feita.

O seu post é magnifíco, mas o exemplo que dá, não é o mais convincente. Claro que se comer um besugo em V.R. Sto. António, este lhe sabe a besugo, já se pedir um besugo em Ayamonte, o normal é que lhe sirvam goraz. Está proibída de me perguntar como chamam os espanhóis ao (nosso) besugo, porque não sei, mas besugo em espanhol é goraz de certeza absoluta.

Espanholices...! é quase o mesmo quando chamam "sótano" à cave, e nos dão cabo do nosso portunhol.

Um beijinho para si

Ana LCosta

tcl disse...

Olá Ana, bem vinda!

Não sabia essa do besugo ser goraz.
mas não interessa. com o nosso patriotismo, o goraz há-de saber tb a cachucho velho e a ter a consistência de medusa!

Teresa disse...

Olha a minha homófona! (cheira-me que não é assim que se designa alguém com uma voz igual ou muito parecida com a nossa...)

Ana, este post fez muito pela parca qualidade do meu dia de ontem...

E quem é que se importa com os nomes que os espanhóis se lembram de chamar às coisas? Muñecas são pulsos. Esposado é algemado - essa tem a sua graça... O giro é fazer troça!

ana v. disse...

TCL, andas a superar-te, como o Almodôvar... ora te sai um poema em prosa, ora te sai um dos irónicos. E são todos fantásticos, caramba!