junho 25, 2008

explicação do adultério

Ouvido ontem, registado hoje e dedicado a todos os que já salvaram enlaces que não o seu, vulgo "o(a) outro(a)":

"o casamento é um fardo tão pesado, que dois não chegam para o carregar".

Não podia estar mais de acordo. Resta saber quantos são precisos: três, quatro? Dependerá do tédio e de quão morno está o enlace.

Feitas as contas e tiradas as conclusões, o verdadeiro salvador dos casamentos é o adultério. Haja sempre um(a) outro(a) disponível para o fazer no curto/médio prazo e uma lista de candidatos(as) de reserva para ir substituindo.

junho 19, 2008

P2-D3

Pronto, acabou. Horas de jantar.

vá lá

um golinho... os gajos agora até estão a jogar bem

podiam ter jogado assim o jogo todo, né?

olha...

... deu resultado. 3-2, já só faltam 2.

Inch'Allah!

qual é...

... o Deus principal dos turcos? Alá? Vou-me virar para Meca

o comentador...

... diz que estatisticamente Portugal ganha, mas os golos são os alemães que os marcam.

Esta vitória estatística já me dá outro alento

ok...

... já vi tudo.

isto é só porque os alemães são muito altos.

até já adormeci no sofá quando estava 2-1 e quando acordei para ir fazer um xixi ficou 3-1.

(à cautela, não faço mais xixi até acabar o jogo)

Px - Dy

Bom, boraí ver o jogo, então.

Vamos lá ver o meu estado de alma daqui a duas horas.

junho 18, 2008

a perda da perca

Hoje tive um desgosto. Não se pode dizer que tenha sido um ENORME desgosto, mas um desgostozinho, pronto. Vinha eu para casa ao fim da tarde com a Rádio Europa Lisboa sintonizada,

já disse que gosto desta rádio? Pois gosto. Tem uma selecção de jazz que faz bem o meu género e algumas rubricas que gosto de ouvir: "3 minutos de ciência" de Nuno Crato — hoje comprei "a matemática das coisas" à conta desta, "3W's" de Paulo Lázaro — por vezes com dicas interessantes sobre páginas da net, e outras de que agoro não me recordo (a minha memória está de momento apenas sintonizada para os programas com um 3 no nome)

quando começa o 3W's. Pensando bem, o que me agrada mais neste programa é mesmo a voz do Paulo Lázaro. Voz do caneco... Eu ouço o Paulo Lázaro e já nem sei do que ele está a falar de tal forma fico em estado quase catatónico com aquela música — para mim o homem a falar é música nos meus ouvidos.

Bom, então começa o 3W's, eu a ficar em transe e tal, quando às tantas o Paulo fala (por duas vezes, duas) na perca de dados informáticos. Eh pá, caíu-me tudo. É que para mim perca é um peixe — este aqui, oh

foto roubada algures na net

que se pesca em albufeiras e afins, sem qualquer interesse, aliás, já que basta espetar uma bolinha de pão no anzol, lançá-lo com a cana e retirar a perca mole de passividade passados 3 segundos.

Então a voz mais sexy da rádio diz um disparate destes?, pensei eu entre o desgosto e o desgosto. Bolas, o homem é culto, caramba, será que sou eu que estou enganada e "perca", além de peixe e conjuntivo e imperativo lá do verbo perder também é sinónimo de "perda"?

Por via das dúvidas, fui ao ciberdúvidas, as allways e, qual o meu espanto, dou com isto:

Entre estas duas palavras, significando "acto ou efeito de perder", a única diferença existente entre elas é a seguinte: perca pertence à linguagem popular, mas é correctíssima, ao passo que perda pertence à língua culta. Quanto ao significado, não há diferença.

Ai Paulo, Paulo, estás perdoado, môr. Afinal eu sou mas é uma snob.

(...da-se)


junho 12, 2008

no escuro

René Magritte - Les Amants

Como é doce a loucura cega da paixão. Beijamo-nos assim, como se não houvesse amanhã e na pressa esquecemo-nos que não nos conhecemos.

Quem és tu afinal?

Quem sou eu para ti?

Pouco importa sabê-lo, se o aconchego dos meus braços nos teus me dá um instante de ilusão de felicidade. Vivemos cada momento que passa nesse momento que fica. Não te tiro o véu tal como não tiro o meu, escolho imaginar-te como o príncipe encantado dos contos de fadas e prefiro que me sonhes e não me vejas.

Ficamos assim, abraçados num beijo pendurado no tempo. E depois, sem nos termos visto por de trás dos véus que apenas nos deixaram vislumbrar contornos de nós próprios, olhamos para o futuro na mesma direcção, como dois imbecis.

junho 08, 2008

nomes outra vez

Lembram-se de eu ter falado do anão tareco?

Pois agora dei com os outros, os que têm a mínima noção de marketing. A loja é velha e não tem grande aspecto. Mas quem resiste à "Colchoaria OÓ"? E à referência "camas para bebé" ou aos "preços de fábrica"? Irresistível. O "oó" remete-nos para o aconchego do colinho da mamã quando éramos pequeninos, as "camas para bebé" fazem pensar em quartos com nuvenzinhas brancas pintadas numa parede azul, no tlimtlimtlim das caixinhas de música e na luz velada por cortinas com ursinhos. E tudo isto a preços de revenda. Os colchões podem ser de suma-pau, mas a "Colchoaria OÓ" terá sempre a minha preferência.

Outro bom exemplo é a "Kamakura - Massagens/Terapias". Kamakura faz lembrar kama-sutra o que apela, inevitavelmente, à libido de cada um o que é sempre um factor a ter em consideração quando se quer promover uma actividade comercial. Lê-se aquele nome e pensa-se logo em coisas menos próprias. Por outro lado, para que não fujamos, convencidos de que nos estão mas é a propôr massagens em locais mais íntimos do nosso corpo, a palavra "terapias" introduz um ar sério ao negócio. "Terapia" é coisa de médico ou, no mínimo de terapeuta. Depois, em "kamakura" temos as palavras "cama" e "cura". A cama que cura! Fantástico!

de outro planeta?

Ontem, depois do primeiro golo que enfiámos na baliza turca, recebi um sms duns amigos que estavam a ver o jogo num dos ecrans gigantes que foram colocados na cidade e onde o consumo de cervejolas leva a que saia cá para fora o poeta que há em todos nós. Dizia assim:

A perna lusa dá tusa.

Achei graça e reencaminhei a rima para alguns contactos, entre eles o do meu filho.

Recebi de resposta:

?

Obviamente, a criatura não tinha percebido a piadola. Liguei-lhe:

- Ó mãe, não estás bem! O que é isto da perna lusa dar tusa?
- Ouve lá, tu não estás a ver o jogo?
- Jogo? Qual jogo?
- Qual jogo? Então, o Portugal-Turquia...
- E por que havia eu de estar a ver o jogo?
- Ora, porque começou o europeu, é o nosso primeiro jogo... Pensei que, mesmo não gostando muito de futebol, estes vias. Mas afinal que estás tu a fazer?
- Estou aqui em casa do pai com o A. Estamos a ver umas coisas dumas músicas da banda.
- Mas olha, falta um bom bocado para acabar. Ainda podes ver...
- E quem ganha?
- Nós, por um zero.
- Ah. Boa. Então adeuzinho.
- Vais ver o resto?
- Nahhh...

O meu filho é de outro planeta.

bandeira



E bom, não começámos mal. Portugal 2 Turquia 0.

Confesso que, depois dos jogos que vi na fase de qualificação, não dava nadinha por esta selecção — atente-se que percebo muito pouco de futebol coisa a que apenas ligo nestas ocasiões em que a bandeira está envolvida — mas ontem gostei de os ver jogar. Também, a equipa adversária, para além de ter lá meia dúzia de latagões, não tinha mais nada, por isso seria mesmo uma vergonha não termos ganho.

E, não fora a trave e o poste insistirem em colocar-se à frente da bola, o resultado teria sido bem mais expressivo.

Tudo isto para dizer que pronto, lá vou pôr a bandeirinha na janela, que ficou guardada até ver que tal se portavam os meninos no primeiro jogo.

junho 06, 2008

capicuas #2

Há uns tempos deixei aqui um escrito a propósito de anagramas e capicuas que é coisa a que acho graça. Meses passados, ou seja ontem, eis que um internauta desconhecido me deixa lá no escrito um comentário com 3 capicuas: duas frases e um poema.

Ora vejam, é só ler da frente para trás e de trás para a frente:

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Socorram-me subi no onibus em Marrocos

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Seco de raiva, coloco no colo caviar e doces

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ÁVIDO?
AMÁ-LA NA TABA, NO TOCO DA CASA,
NO MURO NO PAÇO, NA POÇA,
NA MACA, NA LIVRE SALA,
SERVI-LA NA CAMA,
NA COPA, NO CAPÔ, NO RUMO,
NA SACA DO COTO, NA BATA, NA LAMA...
Ó DIVA!


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Giro, não é? Como é que há gente com paciência para inventar estas coisas...

Agradeço ao anónimo. Nunca tinha encontrado capicuas tão grandes.

junho 03, 2008

cenas de filmes que não esqueço #3

Acho que gosto de todos os filmes de Pedro Almodóvar. Gosto das histórias e da forma de serem contadas, das personagens, da música, dos ambientes, dos diálogos, gosto sempre. Hable con ella é um filme de que gostei muito e de que guardo inúmeras cenas. Não posso falar aqui de todas, por isso falo daquelas três que sempre me vêm à memória quando penso neste filme.

Quando Marco vai assistir a Mazurca Fogo de Pina Bausch e se vê este pedaço da coreografia, com música de Bau. Adoro a sensualidade dos pares nesta dança, o ressalto das ancas das mulheres que acompanha o pézinho naquele duplo passo fantástico. Ia-me dando uma coisa quando no festival de Pina Bausch aqui há um mês atrás assisti a este mesmo Mazurca Fogo e vi isto ao vivo (bem mais longo que estes escassos 39 segundos que encontrei no tubo).



Caetano Veloso a cantar Cucurrucucu Paloma. Sem palavras.



E as cenas de Benigno a tratar de Alícia em coma, falando com ela, acariciando-a. Estranho e enorme amor. Não encontrei nada no tubo, infelizmente.

junho 02, 2008

nemo olé olé!

foto JFD

Pois com a greve das pescas os pescadores cá do burgo resolveram impedir os peixes espanhois de entrarem nos nossos mercados. Parece-me bem, que isto de fura-greves sempre foi coisa muito mal vista. Este facto já me ensinou hoje a diferença fundamental entre o pescado espanhol e o português.

Em primeiro lugar, o peixe português é muito melhor mesmo que tenha pior aspecto, dizia o jornal, e quanto a isso não tenho dúvidas - um besugo comido em Ayamonte não se compara nem de perto nem de longe com um besugo comido em Vila Real de Santo António. Do lado de cá pois a carne é mais rijinha e mais branca, pois as lascas têm aquela gordurinha no meio, pois o sabor é outra loiça. Atravessa-se o Guadiana e blhec, o besugo sabe a cachucho velho e tem a consistência de uma alforreca. Todos sabemos isto.

Ora o título da notícia dizia: "como distinguir o peixe português do peixe espanhol?". Obviamente que as características que atrás referi só se detectam no acto de deglutir o peixe e não no acto da compra por isso, não querendo de forma alguma ser enganada dispus-me a ler o corpo da notícia com toda a atenção.

Se pensam que basta chegar à banca do peixe com um rádio-gravador de cassetes, pôr Los Romeros de la Puebla a tocar bem alto e ver quais as fanecas que sacam das castanholas de dentro das guelras e desatam a dançar sevilhanas, estão redondamente enganados. Nada disso.

O que se passa é o seguinte: os espanhois lavam o peixe com água a que adicionaram um óleo qualquer que os mantém brilhantes e com um aspecto fresco durante 3 ou 4 dias, enquanto os NOSSOS peixes não levam esse tratamento pelo que entre o 2º e o 3º dias perdem o viço.
Como no 1º dia não se nota diferença, aquele peixe com aspecto fresquinho e brilhante NÃO se deve comprar já que a probabilidade de ser espanhol é grande.

Assim, os consumidores ao chegarem à banca devem olhar para o peixe e escolher o mais baço e de ar mais murcho. Pode ter 3 dias mas é, garantidamente, português.