abril 01, 2008

há muitas marias na terra



Como é que se explica aos rapazinhos e rapazinhas que nos atendem em diversos sítios que, quando uma mulher se chama Maria Teresa, por exemplo, não se lhe deve chamar Maria e muito menos dona Maria?

Adivinho as chamadas de telemarqueting quando do outro lado do fio me perguntam com voz maviosa: "Seria possível falar com a dona Maria Apelido?". Respondo invariavelmente que não, não é possível.

Hoje fui ao Holmes Place tratar de alterar o meu contrato para um mais vantajoso. O Ruben, que me atendeu levando "apenas" 40 minutos (a coisa era complicada, havia que tirar 3 fotocópias e fazer um telefonema) olhou desplicente para os papeis que eu tinha preenchido e disse-me: então é só um minuto Maria, aguarde aqui por favor. Eu aguardei 15 minutos. Quando voltou e, desculpe a demora, Maria, eu interrompi e disse, Teresa, se não se importa. Ah, disse o Ruben, prefere ser chamada de Teresa? ao que eu retorqui: 80% das mulheres portuguesas chamam-se Maria qualquer coisa. O nome é o qualquer coisa, não acha? Ou chama Maria a todas?

Ficou a olhar para mim com cara de parvo. Ok, eu também não gostava de me chamar Ruben. Se calhar este rapazinho chama-se Ruben Fábio e optou pelo Ruben, entre um e outro venha o diabo e escolha. Mas com as Marias Teresas não funciona assim.

16 comentários:

Teresa disse...

Eu, que me chamo também (orgulhosamente) Maria Teresa, não podia estar mais de acordo.

Pior só mesmo quando nos chamam... Sr.ª Teresa. Aí é que é de nos passarmos de vez!

Pitx disse...

vocês quando não têm comichão importam-na, não é?

tcl disse...

Não é, não. Prefiro que me tratem pelo nome e dispenso títulos, tal como o dona ou Sra, embora me esteja nas tintas se os puserem antes do nome. Mas o nome não é Maria. E hoje é comum olharem para o primeiro e para o último nome e esquecerem-se desta particularidade das Marias. Se fosses mulher e te chamasse Maria qualquer coisa percebias.
Quando vou à cantina do meu emprego, há uma cozinheira gorda e bem disposta que me trata, conforme lhe dá, por amor, querida, filha, teresinha ou chavala, antes de me perguntar: "queres pexinho hoje?".
Tudo isto está bem para mim. Mas Maria... é pura preguiça de olhar para o resto do nome.

Huckleberry Friend disse...

É automatismo acéfalo. Como quando nos ligam para chatear com questionários ou impingir porcarias, e nos perguntam o nome. Dizemos e, a partir daí, é só "como está, senhor Pedro Cordeiro", "importa-se de esperar um momento, senhor Pedro Cordeiro", "obrigado por ter esperado um momento, senhor Pedro Cordeiro"... e dá vontade de responder "obrigado por ir bardamerda, senhor cujo nome não quero saber!". Uma vez recusei-me a dizer como me chamava e a pobre criatura, que seguia um guião onde aquilo não vinha, ficou atarantadíssima...

MariaV disse...

Na mouche, TCL! Este post podia ter sido eu a escrever. Já expliquei dezenas de vezes esta coisa das "Marias qualquer coisa" aos meninos que nos ligam para casa ou nos atendem assim. Acho que isto é mais um sinal da nossa actual cóltura de massas (não, não estou a falar de macarronete...). Formatam-se as cabeças das pessoas para ligarem o "automático" e depois, quem os ensina também não sabe. Esse é que é o mal. Onde é que esta gente foi buscar que se diz "Sra. Maria" ou pior ainda "Dóna Maria" (sempre com acento, ainda por cima) e "Sr. Pedro" ou "Sr. António"? Os energúmenos que os ensinaram são iguais. Irra!
Só não concordo numa coisa: com as hordas de Vanessas e Rubens, que já duram há uns anos, somos capazes de já não ser 80% de Marias, mas mesmo assim também não aguento.

Gonçalves disse...

Também podes fazer como uma cliente minha que elegantemente se nomeeou de mária, embora penso eu, não o tenha no b.i. Deixa lá não aligues a coisas do nada, não faças da vida enchada a cavar em terra dura... Não havia o mesmo bídeo com a simone? Não? Sabes o que mais entristece no teu relato? O tempo de espera/seca quete deram e que se analisares é o pão nosso de cada dia, certo?
Dava outro post;-)

tcl disse...

com a Simone, não vi... (adoro a Simone) Havia com o Milton. Mas esta Maria Maria, para mim, é com a Elis!

E tens uma certa razão. Embirrei com o puto mais pela seca. Mas isto do Maria irrita-me, que queres...

tcl disse...

e repara que Maria até é um nome de que gosto, mas no nosso caso, o das Marias qq coisa, funciona como apêndice, né? E quem lida com o público tem obrigação de saber estas coisitas.

MariaV disse...

Ai o que não havia a dizer sobre essa do "quem lida com o público tem obrigação de saber estas coisitas"... Quem lida com o público devia saber muitas coisas e ser educado!
Bjs

Gonçalves disse...

A aptidão para se lidar com o público nasce com a pessoa, não se adquire ao longo dos anos, é como a condução. No meu caso, "aviador" de profissão faço questão em não usar "os marias";-)

Maria do Consultório disse...

OBRIGADA!
É que é isso mesmo!
O meu nome também não é só Maria, e mói-me o juízo que me chamem só Maria. Talvez por isso tenha escolhido este nick para o blog, para exorcizar!
beijo

Sofia K. disse...

Aqui fala a voz da experiência! (LOL)Já trabalhei como 'melga-mor' numa dessas empresas! Nesse caso, das 'Marias qualquer coisa', eu tratava sempre por qualquer coisa e nunca usava título nenhum, nem senhora, nem dona, nem 'dótóra'. Mas,uma vez, disseram-me que não sou eu que escolho o nome pelo qual se tratam as clientes... se é Maria primeiro, é só Maria e pronto!

Mas quando o último apelido era 'em estrangeiro', usava-se sempre outro, para não magoar os clientes ao pronunciar mal o nome! Mas essa regra eu sei que nunca seguem, até porque cada vez que me ligam nunca acertam com o último nome! E às vezes lá vem... 'É a dona Sofia Chocapic, Sputnik, Kapapic...' enfim!

beijos

Anónimo disse...

Depois de ver que este Blog tem já 12 comentários em pouco mais de meia hora, não posso deixar de vir aqui pôr o meu, mas contra a corrente.

Pois eu acho que quem tem vários nomes, sujeita-se a ser chamado por todos eles, sem direito a refilar; não há mal nenhum em chamar-te de Maria (Teresa) e compreendo a dificuldade de quem não conhecemos.

Fala um a que os pais chamam "José", alguns amigos chamam "Santa" (os outors "Zé"), a professora de Francês do liceu chamava de "Clara", profissonalmente sou o "Eng. Santa Clara" e para a generalidade dos desconhecidos sou "Sr. Gomes".

Isto todos os dias e várias vezes. Ora se eu fosse tentar educar o Mundo sobre preferências de nome/apelido...

Concentremos os nossos esforços educativos noutras matérias mais úteis. É o que eu recomendo.

Rui disse...

Um call center que se preze (são poucos) dão formação aos operadores para tratar sempre por "Sra. Dona Maria Teresa". E para infelicidade do operador, terá que se utilizar o nome nessa forma, sempre que se dirige à pessoa do outro lado da linha, várias vezes durante a chamada.

José Pedro Viegas disse...

E então o Sra Arqt Maria Teresa ???
Pois... imagino que ainda pior...
E conhecendo-te, imagino a tua cara com a demora e com o Maria...

E têm razão sobre as formatações... o disco rigido só lê de uma forma...

JP

tcl disse...

Zé sc - eu já sei que tu és do contra... mas um rapaz de boas famílias como tu, educado e tal, devia saber distinguir a diferença entre as Marias XXXX e os Zés, Maneis e etc. P-)

Pedro V - O Arqta pode vir, mas só em relações de trabalho, quando não, dispenso. o maria teresa tb pode ser.
Quanto à minha cara, foi com um belo sorriso! :-S