abril 29, 2009

all stars


E hoje foi Kandinsky no Beaubourg. Fantastico. Recomendo.


E "L'art des carnets de voyage" para quem se possa interessar por isso, como eu, no Musée de la Poste.

E depois os converse all stars para mim e para o miudo, espero que lhe sirvam, ingalinhos, que estavam com 30% de desconto. Yes.

abril 28, 2009

pequenos nadas


E o que me encanta em Paris säo pequenas coisas, assim como chegar à Gare du Nord depois do RER que vem de Roissy e apanhar um taxi cujo motorista, depois de passar toda a viagem a falar dos perigos para a saude que representam as antenas das companhias de telemoveis, me dar para as maos um grande mapa da cidade e uma lupa igualmente enorme para lhe mostrar onde é a rua para onde quero ir.

E de manha apanhar o metro, sair em Saint Michel e perder-me durante um par de horas nas duas maiores livrarias de bd que conheço, acabando por sair de la com peso a mais. E depois dar aos pes e ir à tal livraria de livros de cinema, tagarelar com a vendedora, dizer-lhe que sim, que tinha visto o filme de animaçao "uma historia triste com um final feliz", e que nao, nao conhecia o livro com a mesma historia e os mesmos fantasticos desenhos, que ela me mostrava enfatizando as origens lusas da autora, e bom finalmente sair de la com ainda mais peso que antes.

E depois fazer toda a Rue de Seine a espreitar as galerias de arte, para finalmente me sentar numa esplanada com o Louvre do outro lado do rio a folhear as minhas compras.

E meter o nariz nos antiquarios perto des Beux Arts, entrar naquela loja antiga de material de pintura, com moveis de gavetas estreitinhas, e em cada uma, uma camada de pasteis muito arrumadinhos, uma gaveta so de tons de azul, outra so de amarelos e cada cor uma gaveta, e aquele cheiro a tintas e a papeis, o balcao de madeira, os empregados velhotes e de colete a mostrarem-me as varias qualidades de pasta de modelar, consoante a dureza e sair de la ainda com mais peso.

E voltar a casa, largar livros e pastas de modelar, fazer uma sesta curta e ao fim da tarde trepar as centenas de degraus da Rue du Mont Cenis em que numa das placas alguem trasformou o C em P e a rua naquele troço passou a chamar-se du Mont Penis, chegar la acima debaixo de chuva e, sem me ralar nem um pouquinho com as calças e sapatos molhados, respirar toda a Paris a meus pés.

Voilà (porque nao temos nos uma palavra boa como "voilà" para dizer "voilà"?), sao estas pequenas coisas que me encantam em Paris.

O que nao me encanta de todo é este teclado onde algumas letras se lembraram de ocupar o lugar de outras e na volta a gente pensa que nao fixa estas coisas, mas ha a memoria dos dedos que é melhor do que a nossa e quero um "a" e sai-me um "q" e vice-versa, e nao sei onde para o til e o acento agudo et bon, ça m'énerve.

abril 27, 2009

j'y vais


Kandinsky aqui

prenúncio de maio

Hoje desci a rua para ver o progresso dos jacarandás. Pus-me debaixo das copas, espetei o nariz para cima e vi-as. As inflorescências em pequenos cachos já se distinguem bem e sente-se vagamente o cheiro que vai ser forte e quente não tarda.

Não lhes dou mais do que uma ou duas semanas para começarem a pintar os céus de Lisboa.

dedos

poemas
por tocar
infinitos
os teus dedos
pontas
de segredos


variações do que li aqui.

abril 22, 2009

metamorfoses

Começou com este, que saíu dorido, a pasta rija a resistir fazendo nascer bolhas nas polpas, uma hora de trabalho numa noite de sexta-feira em que a aula nos afastou dos pincéis e pasteis que nos prolongam os dedos.


Habitou sentado numa luz sobre um móvel da sala, até que a comichão nos dedos se fez de novo sentir, vontade de amassar outra vez aquilo tudo, de lutar contra a inércia da pasta, domá-la aquecendo-o com o afago das palmas como se uma carícia fosse e soltar de mim um rosto que desconheço e que sinapses incompreensíveis me levam a associar a um senador romano do tempo de Júlio César.




Observo-o mais de perto, não me interessa se está bem ou mal, mas apenas que gosto de sentir com o olhar as marcas que os meus dedos texturaram na superfície, irregularidades alisadas, puxadas, coladas, com toda a incerteza que transparece de um rosto que me escapa.



Na última aula, outra hora de trabalho e o rosto desfez-se transformando-se numa vaga aproximação do modelo que, em pose fechada, ia rodando sobre a plataforma giratória. Trouxe-a (pois que mudou de género) para casa dentro de uma caixa de plástico intentando melhorar o que o escasso tempo de aula permitira.





Sentei-me à mesa e, depois de olhar para ela, preferi deixá-la assim, tosca, como me saíu dos dedos. Fica por ali, até que a comichão volte e a transforme noutra coisa qualquer.


gourmandises

E eu, que raramente tenho paciência para me pôr a cozinhar quando o conviva se resume à minha pessoa, hoje resolvi sair da inércia do costume e mimar-me com as coisas boas que, de vez em quando, aparecem na minha despensa.

Ingredientes:

pasta, funghi porcini sechi, parmigiano grattugiato, aglio, olio d'oliva, burro, sale, prezzemolo, vino bianco secco, panna, não por esta ordem, mas por aquela que os sentidos nos indicarem.

Deliciosamente fumegante!

abril 20, 2009

castanho

reflexos de mar
nuns olhos castanhos
(quase pretos)
fazem azul
o teu olhar

mistérios tamanhos
para eu amar

língua

guardo algumas feridas
abertas
para que mas lambas
e assim saibas meus segredos
meus medos
de feridas por sarar

azul

palavras
são silêncios
no branco azul
do teu olhar

pausas de
(a)mar

abril 15, 2009

neologismos

Pois é. E se há gente que escreve com erros de caixão à cova (que ligeiros todos vamos dando, mais coisa, menos coisa), e a culpa nem será completamente de quem o faz, sendo que isso serão outras conversas, também há muito boa gente que fala mal. E este assunto é tão repetido na blogosfera que já enjoa ler ou escrever sobre ele, repetindo sempre os mesmos erros típicos do português (mal) falado ou malfadado, já nem sei.

Bom, mas hoje lembrei-me do meu colega de faculdade Vítor (teve um AVC gravíssimo há uns meses e continua em lenta recuperação no Alcoitão, triste coisa) que era (e é) um homem cheio de sentido de humor e piada pronta e propositada. Ora numa aula qualquer, um douto assistente às tantas sai-se com este fantástico neologismo: "pertúrbios". Lindo, não é? Pois falava o tal assistente dos "pertúrbios" causados nas culturas já não sei por qual maleita, quando o Vítor o interrompe e, com o seu sotaque bem brasileiro (é brasileiro o Vítor) questiona:

- Oh Sr. Engº... eu conheço a palavra "distúrbios" e a palavra "perturbações", agora "pertúrbios"?! Ou quererá o Sr. Engº referir-se a... "disturbações"?

A gargalhada foi uníssona e geral. O assistente que, aqui para nós, era um bocado bronco, ficou com cara de parvo. Acho que nunca percebeu a piada nem por que carga de água tinham assim gargalhado os seus alunos.

"Pertúrbios"... que delícia.

semáforo, bolas...



Pois. Parece que não são só os meus relatórios da fiscalização... E avariados com acento no A também fica bem.

abril 14, 2009

trocas

Hoje fui ao aki, que agora já não se chama aki mas outra coisa qualquer, para trocar umas prateleiras que comprei no sábado por outras mais pequenas (chato do gato que não me sai de cima, já o pus no chão umas vinte vezes...). Convém explicar que as duas prateleiras, pois de duas se tratava, estavam em promoção e tinham custado 2.5€ cada uma (coisa ideal para a minha oficina de pinturas e merdas dessas). Pois lá fui de prateleiras debaixo do braço ao balcão de devoluções já com pressa (a hora do almoço foi de trocas, antes tinha ido ao Cacém trocar uma caixa de guaches que trazia dois tubos de branco em vez de um branco e um amarelo). Esperei a minha vez, duas pessoas à frente, coisa de 10 minutos. Entreguei as prateleiras à menina e em troca recebi um vale (válido em qualquer loja não sei quê até 30 de maio) de 62.50€. Eh pá, isto é o milagre da multiplicação dos euros, pensei. Observando o papel com mais detalhe vi que a menina tinha colocado 25 prateleiras em vez de 2, como se eu fosse mulher para levar debaixo do braço 25 prateleiras de 800X200X19mm. Quando lhe disse, olhe, por mim tudo bem, não me importo nada de receber 57.50€ a mais, mas para si se calhar é chato, ela ficou a olhar para mim com cara de parva, pegou no papel e voltou a passar o leitor do código de barras numa das prateleiras. Como aquilo não estava a bater certo, dirigiu-se ao telefone para chamar alguém mais dotado. Aí eu disse-lhe que o problema era só um multiplicador errado e lá a convenci a anular a coisa e dar-me o vale de 5€ a que tinha direito. Só com esta atitude honesta e magnânime perdi uns bons 25 minutos. A menina, ao tentar anular e refazer o vale encravou o sistema, o computador, o teclado, aquela trapalhada toda e não se safou sem que viesse mesmo alguém mais dotado para lhe dizer que, afinal, bastava carregar num botãozinho que estava mesmo ali à mão de semear.

Lá fui de papel na mão e a murmurar incompetente do caraças até ao sítio das prateleiras em promoção. Com o tamanho que eu queria, 600X200X19mm já só havia mesmo duas, ligeiramente amassadas mas, para o que é e àquele preço (os mesmos 2.5 euros cada) serviam muito bem. A caminho da caixa passei por acaso perto das esfregonas, lembrei-me de que precisava de uma ponta (o cabo está bom) e peguei numa que custava dois euros e tal. Chegada à caixa, apresentei o vale, as prateleiras e o cabelame da esfregona e refilei quando a menina me pediu para pagar sete euros e não sei quanto. A menina passou novamente o leitor pelo código de barras (deve ser norma lá no burgo) e disse ah, mas é este o preço, e eu ah, mas aí na sua caixa diz esfregona com cabo e não está aqui nenhum cabo. A menina olha para dentro da ponta de esfregona a confirmar a ausência do cabo e eu começo a revirar os olhos e a bufar. Mais cinco minutos para explicar a diferença entre esfregonas com e sem cabo, ela a querer que eu fosse lá dentro trocar por outra com o código certo (imagine-se se eu consigo ler aqueles números todos pequeninos sem óculos), depois a querer mandar um colega que conseguisse ler códigos sem óculos e eu sabe? estou com pressa, esqueça a esfregona, levo só as prateleiras. Dito isto, peguei nelas e preparei-me para partir. Aí a menina, a senhora tem de esperar que eu faça a anulação do artigo. E precisa de mim para isso, porquê? Já entreguei o vale de 5 euros que é o preço destas prateleiras. A menina de costas para mim, a preparar-se para um telefonema para chamar a colega dotada para anulações de registos de esfregonas com cabo e eu a ir-me embora com ela aos gritos a insistir para eu ficar e se não queria o comprovativo e mais não sei o quê. Apeteceu-me dizer-lhe para enfiar o comprovativo num sítio que eu cá sei, mas limitei-me a murmurar novamente incompetente do caraças, enquanto me dirigia para o carro.

Demorei quase uma hora para trocar duas prateleiras.

abril 12, 2009

prazeres

um chá, um livro e um gato a ronronar no colo

louisssssss

Esta colectânea de músicas "Paris for lovers" que aqui pus há uns dias, começa com Ella e Louis em "April in Paris". Faz-me pensar que não vou a Paris há uns 3 anos, talvez, e está a fazer-me falta. Estando-se in love ou not in love, Paris é sempre amável, amada, amorosa, amante, amorável e usem-se ou inventem-se mais adjectivos derivados de amor que encaixam sempre. Bom, "amadora" talvez não encaixe.

Mas onde eu queria chegar nem era aqui, o objectivo desta entrada não tinha que ver com Paris mas sim com Louis Armstrong. Deixem-se ficar a ouvir um bocadinho, até à entrada de Louis em "April in Paris". É por volta do minuto dois. E reparem como ele prolonga os ésses no fim das frases:

Parissssss
blossomsssss
tablesssssssss
treessssssssssss

lindo!

abril 09, 2009

breve

Até breve,
e o breve agora
pode ser quase.
Quase é o tempo
que uma vela
demora a arder

Muito breve
quase já

abril 07, 2009

paredes nuas

na tua casa
as paredes
brancas
tão nuas
que só
me foco
em ti

entra a noite
pelas janelas
em sombras
pedaços
palavras
silêncios
e toco
a tua pele

olhos fechados
nos lábios
um beijo

desejo
assim

ortografias

Em dias de verificação de relatórios de obras pela fiscalização deparo-me sempre com o quase analfabetismo de alguns dos meus colaboradores nessa área. Para não ficar mesmo deprimida entretive-me a juntar num só texto todos os erros que encontrei. Sempre atenua um bocado o desconsolo.

Nota de Ocorrência:
Desloquei-me ao Quarter de Infantaria para arranjar um gradiamento que se apresentava descontino porque os espassadores tinham caído e era preciso vedalo provisoriamente de forma alegeirada. A caminho do quarter, num cruzamento que tinha o semafro avariado, tive de me desviar para não bater noutro carro e por pouco não atropelava uns homens que estavam a descavar terras à volta dum sumidor entupido. Não atropelei os homens, mas fui-me espetar num monte de intulhos que estavam no betominoso e que aguardavam ir para vasadoro. Os intulhos derramaram sobre o passeio, partindo umas quantas langetas e deixando o tuvena à vista. Também derramaram sobre um muro de seporte que estava a betomar dando cabo da confragem.
É quanto cumpre informar.

O que vale é que, mesmo com estas limitações, conseguem fazer-se entender e trabalham bem...

abril 06, 2009

fall in (love in) paris

Nunca fui a Paris em Abril nem vi os castanheiros em flor.

Paris é entre Outubro e Novembro, quando se começa já a sentir aquele friozinho seco em dias ainda cheios de sol e a cidade se enche de manchas de vermelhos, castanhos e dourados brilhantes dos castanheiros que teimam em não perder a folha todos ao mesmo tempo, prolongando o Outono numa palete de tons terra que me encanta.

Adoro Paris no Outono.

abril 02, 2009

three

E de repente lembrei-me disto, coisas de juventude:

When you had to go
I was really sad
Remembering the things
We did and had

Because we were three
You and I and we


Autor desconhecido.

cats

Ontem quando cheguei a casa os gatos tinham ligado o televisor e assistiam à programação do 2º canal.

Vamos ver se hoje estão com os mesmos gostos culturais ou se se mudaram para a SIC Mulher.