Nos meus últimos anos de liceu vivi aquela angústia que vivem os desgraçados como eu que não apresentam nenhuma vocação definida. Fiz aqueles testes de orientação profissional e tudo e saí de lá com aquele vacticínio que parece muito bom, mas não ajuda rigorosamente nada: "a menina pode seguir qualquer curso superior, dá para tudo". Isto para mim foi mais ou menos como "não dá para nada" porque fiquei na mesmíssima e com a única certeza de que tinha os dois hemisférios cerebrais muito equilibradinhos, o que se tem vindo a confirmar ao longo da vida, quer nos testes online ou onbook, quer na forma diletante como me apaixono por coisas que nada têm a ver umas com as outras.
A única coisa que eu sabia na altura, é que preferia as ciências às letras, o que já foi uma ajuda, pois só fiz mais duas disciplinas além das necessárias para completar o liceu, ou seja, todas as que havia para fazer da área de ciências. Outra certeza que tinha era a de que não queria seguir medicina (desmaio só de dizer sangue). Entre Arquitectura, Engenharia Civil (a sério, isto agora não se pode dizer, que dá logo para rir), Química, do Ambiente, Biologia, Agronomia, Economia e sei lá que mais, hesitei durante 3 longos anos. Hoje, sinto que poderia, deveria, ter escolhido outra coisa completamente diferente do que escolhi, mas vou-me contentando com hobbies e diversas actividades pós-laborais. Mesmo assim, sou uma "eternamente insatisfeita" típica, e acho que a vida não me vai chegar para tudo o que queria aprender a fazer.
Isto tudo, porque o meu filho está nessa fase e demonstra a mesma diletância e ausência de vocação definida da mãe, do pai, da tia, do tio... A escolha das disciplinas muda de ano para ano, a recta final aproxima-se e ele sem fazer a mínima ideia do que quer ser quando for grande. O teste de orientação profissional foi chapa 3 do meu e estes últimos anos no liceu idem: "vou para engenharia civil, vou para engenharia mecânica, vou para artes, vou para ceramista, vou para aeronáutica, vou fazer uma banda de música... não sei o que quero, mãe." E eu, não sei como ajudá-lo, não sei não. Não quero influenciá-lo, mas há coisas onde não o estou mesmo a ver, há outras em que acho que ele podia ser feliz, mas limito-me a fazer de advogado do diabo, a mostrar-lhe prós e contras, a mostrar-lhe a imensidão de coisas que pode fazer independentemente de estudar uma determinada área e, sobretudo, que a vida nos prega partidas tais, que a quantidade de pessoas que trabalha em áreas que nada têm a ver com o que estudaram é tal, que às tantas o curso que se tira pouco importa.
Para já, penso que ele devia experimentar o cinema de animação. Acho este filme, que ele fez com 15 anos, 3 amigos, plasticina, uma máquina fotográfica digital manhosa, muita paciência e muita imaginação, é uma delícia.
Mãe babada...
maio 28, 2007
quando for grande quero ser...
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maio 25, 2007
Brico Té
Hoje fui ao AKI para comprar duas lâmpadas e umas folhas de lixa.
Saí de lá com:
- 5 lâmpadas
- umas folhas de lixa
- um nível
- uma craveira de precisão
- um esquadro de carpinteiro
- um aplicador manual para as folhas de lixa
- uma escova de papel autocolante
- um pacote de bostik
- máscaras sanitárias para protegerem o nariz e os pulmões do pó
- um mini berbequim
- um conjunto de 300 acessórios para o mini berbequim - para lixar, polir, gravar, fazer furos pequeninos em diversos materiais
- menos 150 € no bolso.
Não sei porquê, mas não resisto a ferramentas. Passo nas prateleiras dos alicates de vários tamanhos e formas, das chaves de porcas e parafusos com conjuntos que dão para tudo, dos utensílios que não sei para que servem mas para as quais invento rapidamente um monte de coisas giras para fazer (caso do mini-berbequim e dos respectivos acessórios), e fico em êxtase.
É mais forte do que eu. Tenho um conjunto de utensílios digno de inveja de qualquer bricoleur que se preze. Até uma mesa de carpintaria eu tenho. E não pensem que compro as coisas e depois não as uso. Não, não. Farto-me de curtir. Quem me quizer ver feliz dê-me armários para montar, boomerangues para talhar, lixar e pintar, brinquedinhos em madeira, maquetes, todas essas coisas que nos fazem suar um bocado e trabalhar com as mãos.
Se calhar devia gastar o dinheiro num fato saia-casaco e nuns sapatos de tacão alto estilo agulha.
Pelo menos, é o que a minha mãe me diz sempre, com o ar mais desconsolado deste mundo, quando me vê de ténis e calças de ganga ou, se a ocasião o exige, de sportif élégant.
Eu sei, carpintaria e ferramentas não é coisa de senhoras. Mas que querem, só de pensar que tenho aquelas tralhas todas no carro, já estou numa ânsia de ir para casa e encher-me de serradura.
Publicada por tcl à(s) 15:57 3 comentários Etiquetas: diário
qu'é delas, as lojitas de discos?
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Gases
Publicada por tcl à(s) 01:40 0 comentários
don't TOUCH the trees (em particular uma ali em alcântara)
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maio 13, 2007
Aromas
Partiste levando contigo os nossos abraços, os nossos beijos, o nosso aconchego.
Comigo ficou o teu cheiro que me deixaste dizendo: toma, é para te lembrares de mim.
Vi-te de costas correndo, como a correr chegaras.
Olhei para o cheiro que me largaras na mão e cheguei-lhe o nariz. Aspirei devagarinho e senti-te ao pé de mim.
Embrulhei o cheiro e, com mil cuidados, guardei-o no bolso para não o perder.
Em casa, abri uma caixa onde guardo recordações e pus o cheiro lá dentro.
Antes, porém, arranquei-lhe um pedacinho e espalhei-o em mim.
É um cheiro bom, especial, mágico.
Por mais que me lave, não sai.
Impossível esquecer-te.
Publicada por tcl à(s) 19:52 0 comentários Etiquetas: feelings
descriminação
pensando bem, se tenho posto uma cópia desta fotografia que tirei algures num restaurante na China, tudo se teria evitado.
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quem sai aos seus, não é de genebra*
Há duas ou três noites atrás, naquela meia horita antes do jantar em que dormito no sofá em frente da televisão:
-mãe...
-humm..?
entreabro um olho
- tens umas luvas de plástico?
- para quê?
- nem te vou dizer...
entreabro o outro olho
- havendo, é daquelas de usar e deitar fora. no armário por baixo do lava-louça
fecho os olhos dois minutos
- mãe, não há. se quiseres, podes vir ajudar-me
abro, definitivamente, os dois olhos
- desculpa? se eu quiser, posso ir ajudar-te? que raio de conversa é esta? nem me disseste para que querias as luvas. e agora, dás-me a honra de eu te ajudar, ó marquês? não estás a ver bem, tu.
fecho novamente os olhos, passo pelas brasas mais dez minutos e esqueço o incidente. ao jantar, no meio do arroz de peixe:
- foi preciso estar contigo nove anos para ter de andar a mexer na caca do teu filho
- o quê ?!
- o teu menino deixou cair a caneta na sanita no meio do cócó e, como não havia luvas e ele foi incapaz de pôr a mão lá dentro, tive de ser eu
- ah, então era para isso que eu te podia ajudar, se quisesse, era?
- oh mãe, a caneta estava por baixo e aquilo por cima, um nojo.
- pois, mas houve quem lá fosse, não houve? Francamente, vê se cresces... lavavas as mãos a seguir...
Ainda bem que me deixei ficar pelo sofá. É que eu falo, falo, mas quem não punha lá a mão também, era eu.
*variante popular do ditado
Publicada por tcl à(s) 01:16 2 comentários Etiquetas: diário
maio 09, 2007
Pergunta
O que querem dizer exactamente os gajos, normalmente com aquele ar de quem não leva nada desta vida, que passam pelas miúdas e dizem: sssssssssssssssst?
Publicada por tcl à(s) 00:47 3 comentários Etiquetas: disparates
maio 05, 2007
será mesmo?
On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses.
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux
Pourtant quelqu'un m'a dit...
Que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors ?
On me dit que le destin se moque bien de nous
Qu'il ne nous donne rien et qu'il nous promet tout
Parait qu'le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou
Pourtant quelqu'un m'a dit ...
Que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors ?
Mais qui est ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais?
Je ne me souviens plus c'était tard dans la nuit,
J'entend encore la voix, mais je ne vois plus les traits
"Il vous aime, c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit"
Tu vois quelqu'un m'a dit...
Que tu m'aimais encore, me l'a t'on vraiment dit...
Que tu m'aimais encore, serais ce possible alors ?
On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos tristesses il s'en fait des manteaux,
Pourtant quelqu'un m'a dit que...
Que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors ?
Publicada por tcl à(s) 02:21 0 comentários Etiquetas: gosto disto, músicas
une chanson qui croit à l'amour, diz ela
Je suis ton pile
Tu es mon face
Toi mon nombril
Et moi ta glace
Tu es l'envie et moi le geste
Toi le citron et moi le zeste
Je suis le thé, tu es la tasse
Toi la guitare et moi la basse
Je suis la pluie et tu es mes gouttes
Tu es le oui et moi le doute
T'es le bouquet je suis les fleurs
Tu es l'aorte et moi le coeur
Toi t'es l'instant moi le bonheur
Tu es le verre je suis le vin
Toi tu es l'herbe et moi le joint
Tu es le vent j'suis la rafale
Toi la raquette et moi la balle
T'es le jouet et moi l'enfant
T'es le vieillard et moi le temps
Je suis l'iris tu es la pupille
Je suis l'épice toi la papille
Toi l'eau qui vient et moi la bouche
Toi l'aube et moi le ciel qui s'couche
T'es le vicaire et moi l'ivresse
T'es le mensonge moi la paresse
T'es le guépard moi la vitesse
Tu es la main moi la caresse
Je suis l'enfer de ta pécheresse
Tu es le Ciel moi la Terre, hum
Je suis l'oreille de ta musique
Je suis le soleil de tes tropiques
Je suis le tabac de ta pipe
T'es le plaisir je suis la foudre
Tu es la gamme et moi la note
Tu es la flamme moi l'allumette
T'es la chaleur j'suis la paresse
T'es la torpeur et moi la sieste
T'es la fraîcheur et moi l'averse
Tu es les fesses je suis la chaise
Tu es bémol et moi j'suis dièse
T'es le Laurel de mon Hardy
T'es le plaisir de mon soupir
T'es la moustache de mon Trotski
T'es tous les éclats de mon rire
Tu es le chant de ma sirène
Tu es le sang et moi la veine
T'es le jamais de mon toujours
T'es mon amour t'es mon amour
Je suis ton pile
Toi mon face
Toi mon nombril
Et moi ta glace
Tu es l'envie et moi le geste
T'es le citron et moi le zeste
Je suis le thé, tu es la tasse
Toi la putain et moi la passe
Tu es la tombe et moi l'épitaphe
Et toi le texte, moi le paragraphe
Tu es le lapsus et moi la gaffe
Toi l'élégance et moi la grâce
Tu es l'effet et moi la cause
Toi le divan moi la névrose
Toi l'épine moi la rose
Tu es la tristesse moi le poète
Tu es la Belle et moi la Bête
Tu es le corps et moi la tête
Tu es le corps. Hummm !
T'es le sérieux moi l'insouciance
Toi le flic moi la balance
Toi le gibier moi la potence
Toi l'ennui et moi la transe
Toi le très peu moi le beaucoup
Moi le sage et toi le fou
Tu es l'éclair et moi la poudre
Toi la paille et moi la poutre
Tu es le surmoi de mon ça
C'est toi Charybde et moi Scylla
Tu es l'amer et moi le doux
Tu es le néant et moi le tout
Tu es le chant de ma sirène
Toi tu es le sang et moi la veine
T'es le jamais de mon toujours
T'es mon amour t'es mon amour
Publicada por tcl à(s) 02:04 0 comentários Etiquetas: gosto disto, músicas
maio 03, 2007
contar pelos dedos
Publicada por tcl à(s) 00:56 1 comentários Etiquetas: crónicas, fotos tcl