outubro 08, 2006




De manhã acordo, dou meia dúzia de passos e enfio os pés nus na areia ainda fresca da noite. Mais vinte passos e a praia toda só para mim e para os apanhadores de conquilhas. Dois barcos lentamente no arrasto da maré vazia, para a direita e para a esquerda, para a esquerda e para a direita, em contraluz do sol das 7.

Molho os pés e a água está morna, lisa e transparente. Avanço, mergulho e a doçura líquida envolve todo o meu corpo como uma carícia. Nado o mais longe que posso, viro-me para trás e os apanhadores de conquilhas agora pequeninos abanam os crivos, separam as grandes das médias, deixam as pequenas para que a maré as leve. Piam as gaivotas e as andorinhas do mar, a água cheira a peixe fresco. Flutuo de olhos fechados, leve sinto o sol que começa a aquecer a minha cara e apetece-me ficar assim muito tempo, sem peso, sem pesos, sem nada que me mace, cabeça vazia, só sensações, a água que me abraça, o sol que me beija, nos meus ouvidos o canto dos pássaros, o mar a desfalecer na praia.

Volto para terra, a areia faz-me cócegas nos pés no regresso a casa, o gato recebe-me roçando as minhas pernas molhadas, seco-me, enfio-me de novo na cama, fecho os olhos e sonho com estrelas-do-mar.

2 comentários:

José Pedro Viegas disse...

Bom ser o primeiro a comentar neste recém nascido blog.
E começo por desejar felicidades e dar os parabéns. pela iniciativa e pela qualidade da escrita.
Estes escritos podem ser catarse, mas outras coisas também.
Lavar a alma, por exemplo. reflexões.
Mas no essencial, é bom "deitar os diabinhos para fora do corpo".
Bem vinda e mais uma vez, PARABÉNS!

Anónimo disse...

j'aime la plage le matin, l'eau chaude et fraiche à la fois, le café après la baignade, j'aime ces photos.