Ontem num jantar com amigos, depois de verificar que uns quantos tinham escolhido sakê como bebida, expressei o meu desagrado por tal opção com um "ah, mas eu não gosto muito de sakê...". Virei-me para o amigo da esquerda: "e tu, gostas de sakê?". Sorri de contentamento ao "eu não, filha", seguido de um "sendo assim já me posso casar contigo". Não é todos os dias que se têm propostas de casamento. Embora seja coisa que não me veja repetir, não deixa de fazer bem ao ego. Infelizmento, o noivado não durou mais do que uns escassos 3 minutos, pois quando veio o empregado recolher os pedidos, o meu noivo pediu uma cerveja. Não é que eu não goste de cerveja, mas bom, o que me estava a apetecer era mesmo um vinho tinto.
Havendo apenas mais uma amiga interessada no tinto, perguntei ao empregado: "os senhores têm vinho a copo?". A resposta veio breve: "temos sim, D. Ermelinda". Apeteceu-me brincar com ele:
- D. Ermelinda? Ouça cá... Você não me conhece de lado nenhum, porque me está agora a chamar D. Ermelinda?
- D. Ermelinda é o nome do vinho... (entre corado e enfadado, perante a minha aparente ignorância)
- Eu sei, estava a brincar consigo. Mas de qualquer forma não acho bem que me trate por D. Ermelinda, assim sem mais nem menos. Afinal é a primeira vez que aqui venho e nem me chamo Ermelinda.
O empregado sorriu e, até ao fim do jantar, tratou-me sempre por D. Ermelinda. "Está boa a massa de arroz, D. Ermelinda?", "trago mais um copo de vinho, D. Ermelinda?", "e de sobremesa, o que vai ser, D. Ermelinda?". Claro que eu, sempre que precisava de alguma coisa o chamava "D. Ermelinda!"
Adoro gente com sentido de humor e capaz de prolongar uma piadola.