julho 03, 2007

O vento traz-te o cheiro quente das estevas.
Estradas de pó por entre matos cobrindo serras.
Finalmente um vale, o verde do mar que te olha liso e profundo, como profundo era o seu abraço, pele na pele, lábios que te afloravam a curva do pescoço, a penugem de sal. Sabes a mar, dissera ele um dia e isso bastara.
Deitas-te na areia e olhas as estrelas que se agrupam em nomes que os homens lhes deram e ele te ensinou: cassiopeia, escorpião, as duas ursas, orion.
A lua nasce vermelha no horizonte rectilíneo, apagando estrelas e acendendo sombras,

Partira cedo de mais, deixando-te um filho e depois um neto onde agora o revês.
A mão pequenina pousa na tua, aponta para cima e mostra-te o mapa do céu.
Vês, avó? Cassiopeia, escorpião, as duas ursas, orion.
Fechas os olhos, sentes os lábios de novo na curva do pescoço, a língua na tua penugem de sal.
Sabes a mar, dissera ele.

Seguras na tua a mão pequenina, regressas à casa onde o abraço profundo.
Adormeces com o cheiro dele no teu olhar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Vê-se logo que estás de férias! Não sabes o que estás a perder aqui em Lisboa...

Teresa disse...

Passei só para deixar um beijinho...