You don't remember me, but I remember you
'T was not so long ago, you broke my heart in two
Tears on my pillow, pain in my heart, caused by you, you
If we could start anew, I wouldn't hesitate
I'd gladly take you back, and tempt the hands of fate
Tears on my pillow, pain in my heart, caused by you, you, you,you
Love is not a gadget, love is not a toy
When you find the one you love, he'll fill your heart with joy
If we could start anew, I wouldn't hesitate
I'd gladly take you back, and tempt the hands of fate
Tears on my pillow, pain in my heart, caused by you, you
No, no no no now, no, no no
julho 25, 2007
tears on my pillow
Publicada por tcl à(s) 19:24 3 comentários Etiquetas: gosto disto, músicas
julho 24, 2007
como é que era mesmo aquele anúncio?
Publicada por tcl à(s) 20:41 1 comentários Etiquetas: diário
smell is not beautiful
Publicada por tcl à(s) 00:15 1 comentários Etiquetas: diário
julho 22, 2007
Black Baby I still love you
Quando eu era miúda morava uma família no prédio dos meus pais composta por uma mãe e cinco Jorges, sendo que quatro deles eram filhos do outro. Dois dos Jorges, o Pedro J e o Paulo J eram mais ou menos da minha idade, daí que as minhas brincadeiras de criança eram muito mais trepar às árvores, andar de carrinhos de rolamentos e fazer corridas de caricas do que propriamente brincar com bonecas.
Para isso contribuiu também o facto de a única pessoa relativamente abastada da minha família, uma tia cujo marido era proprietário de um armazém de revenda de atoalhados e afins na província, me presentear sempre nos anos e no natal com um imenso pacote pleno de lençóis, panos de cozinha, metros de nastro bordado para aplicações diversas, conjuntos de toalhas de banho, enfim um pacote que qualquer criança de 8 anos invejaria…
Está visto que bonecas eram coisa que não abundava lá em casa, até porque o que eu gostava mesmo era de lhes cortar os cabelos e os meus pais acabaram por desistir de me comprar mais perante a visão desoladora das cabeças carecas da cindy e da samantha.
Houve no entanto dois bonecos que me acompanharam incólumes até bem tarde: um urso de peluche que partilhou a minha cama anos a fio, até ficar tão coçado (mas inteiro) que a minha mãe acabou por fingir que o deitava fora apesar dos meus protestos e lágrimas, e um bebé chorão preto que ainda hoje tenho guardado no coração. Também tive um bebé chorão branco, de cabelos loiros (que rapidamente viram a tesoura) e olhos azuis, mas nunca lhe liguei nenhuma. Eu gostava mesmo era do meu bebé preto, dos caracóis negros, dos olhos de carvão. Despia-o, lavava-o, fazia-lhe festas sem fim, dava-lhe beijos e voltava a vesti-lo.
Durante muito tempo não percebi esta minha predilecção pelo bebé preto.
Mais tarde, quando calhou ter nos braços pela primeira vez um bebé preto de carne e osso, é que percebi: não há no mundo pele mais macia que a de um bebé preto.
Publicada por tcl à(s) 22:01 1 comentários Etiquetas: amores
julho 11, 2007
pisco
Foi construindo a casa ao invés do normal, de dentro para fora em vez de fora para dentro e de baixo para cima em vez de cima para baixo.
Protegeu-se da chuva e do sol junto a cinco acácias que nasciam à beira-ria e esqueceu-se do tempo. Do tempo em que pescava para se alimentar e aos filhos.
Já não precisava das redes, das bóias e dos outros apetrechos e com eles se recolheu por baixo das acácias. Guardou o barco para ir a terra quando o mar e a ria não lhe chegassem, o que se foi tornando cada vez mais raro.
De pescador de peixes passou a pescador de sonhos e de destroços que o mar largava na praia, do outro lado da duna.
Com areia e cimento misturou garrafas partidas e inteiras, latas, conchas, estrelas do mar, caixas de madeira, braços e cabeças de bonecas com e sem olhos, baldes de plástico coloridos esquecidos por mãos pequeninas e chorados em casa, pazinhas, pedras, paus, ferros e redes de pesca. Assim foi construindo a sua gruta no meio das acácias e um muro à volta delas pintado de cor-de-rosa nos intervalos das coisas, destacando-se como uma flor colorida na paisagem de areia e sal.
Ganhou fama de excêntrico, eremita, louco.
Todos os anos o muro crescia mais uns palmos, outros braços de outras bonecas, mais moinhos de vento, mais latas embutidas e penduradas que cantavam ao sabor do vento.
Um dia o muro deixou de crescer e começou a abrir rachas e fendas por onde saíam pedaços da sua estrutura de recordações.
O velho Pisco tinha morrido.
A gruta foi-se lentamente abrindo à ria, ao mar e aos outros que, como eu, lhe invadem agora os domínios. O muro já não cor-de-rosa mas branco, rodeando as acácias, solta de vez em quando mais uma cabeça de boneca com ou sem olhos, mais um braço, mais uma concha, mais um balde de plástico, tentando devolver ao mar a memória e os sonhos do Pisco.
Publicada por tcl à(s) 17:57 0 comentários Etiquetas: estórias
julho 03, 2007
O vento traz-te o cheiro quente das estevas.
Estradas de pó por entre matos cobrindo serras.
Finalmente um vale, o verde do mar que te olha liso e profundo, como profundo era o seu abraço, pele na pele, lábios que te afloravam a curva do pescoço, a penugem de sal. Sabes a mar, dissera ele um dia e isso bastara.
Deitas-te na areia e olhas as estrelas que se agrupam em nomes que os homens lhes deram e ele te ensinou: cassiopeia, escorpião, as duas ursas, orion.
A lua nasce vermelha no horizonte rectilíneo, apagando estrelas e acendendo sombras,
Partira cedo de mais, deixando-te um filho e depois um neto onde agora o revês.
A mão pequenina pousa na tua, aponta para cima e mostra-te o mapa do céu.
Vês, avó? Cassiopeia, escorpião, as duas ursas, orion.
Fechas os olhos, sentes os lábios de novo na curva do pescoço, a língua na tua penugem de sal.
Sabes a mar, dissera ele.
Seguras na tua a mão pequenina, regressas à casa onde o abraço profundo.
Adormeces com o cheiro dele no teu olhar.
Publicada por tcl à(s) 16:21 2 comentários Etiquetas: estórias