junho 11, 2009

de costas voltadas


O céu assim tão belamente aguado e tu de costas para mim, indiferente ao meu braço que já te foi esticado, indiferente às gaivotas que nos confundem com mastros de barcos, que verificam afinal a ausência de cheiro a peixe e se afastam de nós.

O céu assim tão fundamente sombra e luz e tu ignorando os meus volteios de bailarino tentando contrapesos e contrapontos de ti, numa dança maluca para cá e para lá na esperança que me sintas e me notes e me ouças os guinchos de metal sobre o piar das gaivotas.

O céu assim tão azulmente cinza e eu a mostrar-te o dorso, a desistir de encontros de braços esticados nos céus, a desistir de ti ostensivamente desatenta sem perceberes que se quisesses, eu podia rebentar uma nuvem só para ti.

2 comentários:

Anónimo disse...

o meu sonho de "aspirante a aguarela" foi pintar uma nuvem... dificilimo!
silvia

Anónimo disse...

Muito bonito! Adoro a "imagem":"podia rebentar uma nuvem só para ti"... muito poética!!!
Judite