junho 30, 2009

dos dervixes em istambul


roda o dervixe
de saia rodada
roda a saia
redonda roda
brancas as voltas
da saia que roda
nas voltas do corpo
que roda (n)a saia
na dança redonda
de braços no ar
às voltas na dança
a rodopiar

junho 29, 2009

já só penso...

...que daqui por 4 dias vou de férias. Férias à séria. 3 semanas seguidas.

Sexta feira deixei 90 mails por ver. Ontem, Domingo, em duas horas de trabalho não remunerado, dei conta de 50 e deixei 40 para hoje. Quando cheguei hoje de manhã, tinha a caixa assim:

Não tarda grito.

desenhando no zoo

E de um sábado a desenhar no zoo sairam algumas coisas. Aqui.

de uma janela em Istambul




A Mesquita Azul entrava-me pela janela do quarto adentro sem qualquer cerimónia, de manhã em contra-luz, à tarde iluminada pelo pôr-do-sol e à noite abraçada por dezenas de gaivotas brilhantes que não lhe largavam os minaretes em eternos volteios e gritos.

À hora das rezas a Mesquita Azul entrava em diálogo com outra mesquita mais pequena que fica mesmo ali ao lado, junto a Santa Sofia, num dueto mágico de cânticos em vozes que dos altifalantes dos minaretes conduziam a oração dos fieis. Sei que deste dueto saiam versos do Corão, mas permiti-me imaginar que a conversa era outra, como se as duas mesquitas falassem sobre os afazeres do dia ou as agruras da vida.

Difícil esquecer duas mesquitas que conversam em Istambul.

mãe babada

Finalmente vou ter alguém que me ensine a fotografar.

O meu filhíssimo teve 20 num teste de fotografia na faculdade e 17 na cadeira.

Confesso que não seguro a baba. :-)

junho 23, 2009

é moda agora?

Ontem, numa reunião em que estavam mais três mulheres, verifiquei que todas tinham blusas com manguinha muito curta, em balão e elasticozinho, tapando só o ombro.

Acho pavoroso. Mas ando sempre tão desatenta às modas, que fiquei sem saber se seria um novo uniforme, uma graçola do acaso que juntou à minha frente três graciosas possuidoras de gosto duvidoso ou, pelo menos, não coincidente com o meu, ou moda mesmo...

Um dia destes olho para as montras com mais atenção.

junho 19, 2009

mar de mármora


para ti
o mar
todo o mar
mar de mar
mar amar
mar de mármora
mar de mármore
mar de amar-me
em ti amar
sem tardar
o mar

junho 17, 2009

de bizâncio com amor #2

Já vim e trouxe tudo.

Até um monte de Bósforo. Era fácil afinal. Não me sai do olhar, não me sai de dentro. Um monte de Bósforo.

junho 11, 2009

de bizâncio com amor

Para trazer deste meu fim-de-semana prolongado que se avizinha, de entre amigos e familiares tive os seguintes pedidos:

- uma ou duas camisas de algodão do Egipto sem colarinho
- lokums de rosa
- um livro sobre cerâmica medieval do médio oriente
- um monte de Bósforo

Não sei como me vou arranjar para trazer um monte de Bósforo.

de costas voltadas


O céu assim tão belamente aguado e tu de costas para mim, indiferente ao meu braço que já te foi esticado, indiferente às gaivotas que nos confundem com mastros de barcos, que verificam afinal a ausência de cheiro a peixe e se afastam de nós.

O céu assim tão fundamente sombra e luz e tu ignorando os meus volteios de bailarino tentando contrapesos e contrapontos de ti, numa dança maluca para cá e para lá na esperança que me sintas e me notes e me ouças os guinchos de metal sobre o piar das gaivotas.

O céu assim tão azulmente cinza e eu a mostrar-te o dorso, a desistir de encontros de braços esticados nos céus, a desistir de ti ostensivamente desatenta sem perceberes que se quisesses, eu podia rebentar uma nuvem só para ti.

junho 09, 2009

pastelando a seco


Fim de semana no Oeste, o fresco e a chuva a não convidarem para grandes praias, montes de tempo para experimentar os pasteis secos novos em lápis, bem mais simpáticos que os em pau para quem não controla bem a coisa. Depois de uma experiência de retrato do meu cão que prefiro não mostrar, saíu esta paisagem bem colorida. Ligeiramente naif, não?

das euro-eleições

Ouvi hoje em vários noticiários os comentadores políticos a constatarem a grande derrota da esquerda nos vários países da comunidade e a consequente viragem à direita nestas eleições.

A mim parece-me óbvio que a grande ganhadora destas eleições foi a crise no sentido em que influenciou os votos de forma determinante. Permito-me opinar que, salvo nalguns casos como o da Itália, ganharam as eleições os partidos da oposição, e outra coisa não seria de esperar. Fosse a direita que estivesse maioritariamente nos governos às contas com a crise e era ver a viragem à esquerda.

Mas isto sou eu a pensar, que de política cada vez percebo menos. Ou mais, infelizmente.

junho 08, 2009

a primeira vez

Desde o princípio do ano que andava dizendo ao meu filho para se ir recensear para poder votar. Foi adiando, adiando e, há cerca de um mês lá foi à Junta de Freguesia. Quando chegou a casa e lhe perguntei como correra a coisa, disse-me que não ia poder votar para as Europeias pois as listas de eleitores já estavam fechadas e que só depois de do dia 7, hoje, é que poderia ir de novo à Junta para se recensear. Barafustei com ele por ter deixado passar o tempo até chegar ao ponto de ficar de fora.

Há uma semana e tal a minha mãe, falando das eleições, manifestou o seu contentamento por o neto já poder votar. Contei-lhe a história da ida à Junta de Freguesia e a minha mãe, que nos seus 84 anos é mais atenta que eu e o meu filho, disse-me que tinha quase a certeza de que agora o recenseamento era automático. Eu, parva, achei que a senhora da Junta havia de saber mais de recenseamentos que a minha mãe e liguei pouco à informação. Domingo passado quando fui às compras passei frente a uma vitrine da Junta onde as palavras "RECENSEAMENTO ELEITORAL" em letras gordas me chamaram a atenção. Dizia o edital que o recenseamento era automático a partir do 17º aniversário e que os meninos desde que tivessem 18 anos no dia das eleições, podiam votar sem mais aquela. No edital, o endereço do site onde se pode ir buscar o número de eleitor. Fiquei boquiaberta. Chegada a casa contei ao J o que lera, fomos os dois ao tal site e lá estava o nome dele associado a um número de eleitor e a uma assembleia de voto.

O J passou parte da semana na net a visitar os sites dos vários partidos e movimentos para decidir onde votar (haverá alguém que faça isto depois da primeira vez?). Hoje lá foi estrear-se nas urnas, satisfeito da vida.

Bem sei que sou desatenta e que tinha, e ele também, obrigação de saber destas modernices. Mas não sabia. E disse-lhe para se recensear. E ele foi informar-se. E disseram-lhe tudo ao contrário, mas tão ao contrário que, se não o conhecesse como os dedos da minha mão, acharia que tinha lá ido com os copos.

E agora pergunto: por que raio têm os meus impostos de servir para pagar ordenados a senhoras imbecis que dão informações completamente distorcidas?

junho 04, 2009

colectivo de diários gráficos

Isto de andar a desenhar por aí com outras pessoas que gostam de fazer o mesmo é super agradável. Embora o desenho seja de facto uma actividade algo solitária, também é verdade que é bom partilhar experiências, ver de quantas formas diferentes pode a mesma realidade ser retratada, tantas quantos os olhos que a observam e os dedos que a registam e sobretudo, aprender, aprender muito.

Foi pois com enorme satisfação e uma substancial dose de cagaço que aceitei o convite para participar neste blogue. É que os meus bonecos estão a razoável distância dos dos outros participantes. Mas prontus. Lá estou, e seja o que Deus quiser.

Para quem aqui me segue e já conhece a qualidade duvidosa (mas esforçada) das minhas produções (convosco estou à vontade, pois) o mesmo fontanário do Jardim Botânico da Ajuda num desenho de 3/4 de hora e noutro de 5 ou 10 minutos, a provarem que eu e as aguarelas, depressa ou devagar, ainda não nos entendemos minimamente.



junho 01, 2009

malta com cursos superiores e tal

Uma pérola na minha caixa do correio:

"Aguardo o seu contacto para combinar-mos uma data para uma reunião no sentido de acertar-mos a metodologia de trabalho e assentar-mos ideias quanto às obrigações contratuais do serviço promotor/executor."

Que giro. Agora vamos escrever isto de novo como se falássemos (perdão, falásse-mos) de outros usando a terceira pessoa do plural.

"Aguardo o seu contacto para eles combinar-em uma data para uma reunião no sentido de acertar-em a metodologia de trabalho e assentar-em ideias quanto às obrigações contratuais do serviço promotor/executor."

Não faz muito sentido mas fica fixe. Experimentemos (ou experimente-mos, espera, esta tem de levar assento circunflexo, quando não parece que peço a alguém que experimente os meus sapatos; pois experimetê-mos) com a segunda pessoa do singular:

"Aguardo o teu contacto para combinar-es uma data para uma reunião no sentido de acertar-es a metodologia de trabalho e assentar-es ideias quanto às obrigações contratuais do serviço promotor/executor."

Esta ortografia é engraçada e nova mas, para além de gastar tinta desnecessária com os tracinhos, pode gerar alguns equívocos como por exemplo se alguém escrever:

"Ao comer-mos paga-mos".

Não há pachorra. Mesmo.