Ausência.
O peso da ausência de tudo.
De tanto querer, de tanto esperar, no coração não cabe mais nada, apenas o peso da ausência que ocupa espaço demais.
Uma janela que não se abre, portas fechadas, trancadas, aprisionando sentimentos e vontades.
Sonhos. Interrogações. Sim? Não? Talvez? Como será? Como seria?
Fico aqui? Vou para ali? Aqui o conforto e a segurança do que já sei, ali o desconhecido a sorrir para mim, a acenar-me e a dizer “vem”.
Como será? Como seria?
Grilhetas nos pés, algemas na cabeça. Quero ir mas não vou, fico aqui no meu buraquinho.
Descobrir. Viver outra vez. Ir e voltar. Ir e ficar. Aqui sei os percursos de cor. Posso fazer tudo de olhos fechados. Conheço os caminhos, os cantinhos, os esconderijos onde tiro as máscaras, onde posso ser eu. Sou eu? Alguma vez eu sou eu?
Medo. Medo de acordar, de sentir outra vez. A dor, a alegria, a chuva e o sol.
Medo de me magoar, de magoar.
Vidas bolorentas, sempre iguais. Rotinas. As mesmas palavras, os mesmos gestos, os mesmos olhares. Escovas de dentes juntas no mesmo copo testemunhando intimidades que já foram.
Ausência. Ausência de presente, medo do futuro. Portas trancadas. Janelas fechadas. Nós na garganta.
Quero lá saber. Ponho uma venda nos olhos, algodão nos ouvidos, abro a janela e sinto um raio de sol. Passo para o outro lado sem olhar para trás.
novembro 04, 2006
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