Apetece-me de novo a quietude da casa, passos só os meus, leves de quarto em quarto e o silêncio a escorregar devagar pelos vidros das janelas.
Apetece-me o gato enrolado no colo, dedos distraídos a remexer o pelo, as unhas do cão fazendo tictic no soalho embaraçando o tictac do relógio de parede que não tenho mas que podia perfeitamente ter, sem que isso me perturbasse a quietude da casa nem o silêncio a escorregar preguiçoso pelos vidros das janelas enquanto os meus passos vagueiam de quarto em quarto.
Apetece-me sentar no chão e abrir a gaveta mais baixa do armário onde guardo as fotografias velhas do tempo em que se faziam em papel, tirar de envelopes etiquetados rostos que me sorriem de há 30 anos atrás, eu a sorrir para mim há 20 anos, sem saber então que me olharia agora a procurar prenúncios de rugas nos cantinhos dos olhos e nas comissuras dos lábios.
Apetece-me a quietude da casa para finalmente me encontrar em mim, sem outros passos que não os meus, apenas o tictic das unhas do cão no soalho e o silêncio a escorregar de mansinho pelos vidros das janelas, enquanto o gato se enrola sobre os meus joelhos na esperança de uns dedos distraídos que lhe misturem o pelo antes de adormecer.
E antes de adormecer rever os barcos e o rio que os seduz na mansidão dos dias que correm sem que nada aconteça, ao som do silêncio que de tanto escorregar pelos vidros das janelas os quebra finalmente em mil pedaços de luz na noite que é só minha.
Apetece-me o gato enrolado no colo, dedos distraídos a remexer o pelo, as unhas do cão fazendo tictic no soalho embaraçando o tictac do relógio de parede que não tenho mas que podia perfeitamente ter, sem que isso me perturbasse a quietude da casa nem o silêncio a escorregar preguiçoso pelos vidros das janelas enquanto os meus passos vagueiam de quarto em quarto.
Apetece-me sentar no chão e abrir a gaveta mais baixa do armário onde guardo as fotografias velhas do tempo em que se faziam em papel, tirar de envelopes etiquetados rostos que me sorriem de há 30 anos atrás, eu a sorrir para mim há 20 anos, sem saber então que me olharia agora a procurar prenúncios de rugas nos cantinhos dos olhos e nas comissuras dos lábios.
Apetece-me a quietude da casa para finalmente me encontrar em mim, sem outros passos que não os meus, apenas o tictic das unhas do cão no soalho e o silêncio a escorregar de mansinho pelos vidros das janelas, enquanto o gato se enrola sobre os meus joelhos na esperança de uns dedos distraídos que lhe misturem o pelo antes de adormecer.
E antes de adormecer rever os barcos e o rio que os seduz na mansidão dos dias que correm sem que nada aconteça, ao som do silêncio que de tanto escorregar pelos vidros das janelas os quebra finalmente em mil pedaços de luz na noite que é só minha.
3 comentários:
BEM VINDA TERESA
As tuas palavras são luz, harmonia, sedução.
Fazes falta a este espaço.
Escreve que nós adoramos ler-te.
JP
ja tinha saudades. obrigada por partilhares "o silencio a escorregar de mansinho pelos vidros das janelas"
silvia
Ah! Chegou a Primavera... Oxalá o tempo se aguente... ;-)
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