Sábado ao fim da tarde, chuva miudinha e Jô Soares a dizer Fernando Pessoa no Teatro Villaret. Sala cheia, bilhetes comprados com uma semana de antecedência para arranjar lugares bem à frente. Dezoito e quarenta, dez minutos atrasados, as luzes apagam-se e Jô Soares, qual poeta fingidor, encarna o menino de sua mãe ao volante do chevrolet pela estrada de Sintra. Delicio-me com as palavras ditas, tão bem ditas, com a tranquilidade e graça de quem conta um conto.
Estava a gostar tanto quando, no prazer imenso de não cumprir um dever, Jô Soares dá por finda a récita numa altura em que cri ser ainda cedo para intervalo. No meu espanto, o relógio marcava dezanove e vinte. Quarenta escassos minutos tinham passado.
A frustração foi superior ao prazer e saí da sala recordando uma frase do próprio Jô num programa qualquer do tempo em que eu via televisão sem ser por acaso e de raspão:
"Estão mexendo no meu bolso..."
Estava a gostar tanto quando, no prazer imenso de não cumprir um dever, Jô Soares dá por finda a récita numa altura em que cri ser ainda cedo para intervalo. No meu espanto, o relógio marcava dezanove e vinte. Quarenta escassos minutos tinham passado.
A frustração foi superior ao prazer e saí da sala recordando uma frase do próprio Jô num programa qualquer do tempo em que eu via televisão sem ser por acaso e de raspão:
"Estão mexendo no meu bolso..."