novembro 27, 2008

inutilidades #2

Perdi a esferográfica Bic produtora de inutilidades mas já tinha feito duas, roubaram-me a carteira e fiquei numa alhada.

Faz frio e tenho de comprar um baton para o cieiro com dinheiro emprestado.

Madrid me encanta. Regresso a Lisboa no Sábado. Iupi.


novembro 20, 2008

inutilidades

Cada um concentra-se como pode e sabe. No meu caso, em reuniões, palestras e situações em que alguém fala e me compete prestar atenção não vá precisar de perguntar ou responder alguma coisa, a única maneira que tenho para não me pôr a divagar é rabiscar. Ou rabisco e ouço ou não rabisco e não tarda já estou bem longe dali, mesmo que esteja a olhar para quem fala com um ar muito atento. Vai-se a ver e não ouvi pevides, népia, niente.

Estou num seminário em Madrid, de modo que nestes últimos três dias, ou bem que há powerpoints ou bem que há rabiscos, ainda por cima porque as noites têm sido curtinhas...

Tenho-me dedicado à produção de objectos inúteis.



novembro 16, 2008

probabilidades

Tenho um sobrinho. Aliás tenho vários sobrinhos, mas hoje só me interessa falar deste. O meu sobrinho, este meu sobrinho, vive na outra banda. Digamos que em linha recta da minha casa à dele não vão mais que uns 5km. Tal como eu, ele trabalha em Lisboa. Somos tia e sobrinho há 32 anos. Nestes 32 anos quantas vezes nos encontrámos por acaso, assim ao virar duma esquina, num cinema, na praia, em qualquer sítio? Nenhuma. Até hoje. Eu a subir a Gran Via, ele a descer, no meio duma multidão e de repente T! Ele é que me viu.

Chegámos os dois hoje em voos diferentes, eu para um congresso que começa amanhã, ele para 2 dias de férias, nem combinámos qualquer encontro e de repente, numa cidade com mais de 3 milhões de habitantes, hop, tropeçamos um no outro. Percebo pouco de estatística, mas isto deve ser quase tão improvável como ganhar o euromilhões.

novembro 15, 2008

poemas ao sábado #4

A PERSON WHO EATS MEAT

A person who eats meat
wants to get his teeth into something
A person who does not eat meat
wants to get his teeth into something else
If these thoughts interest you for even a moment
you are lost

Leonard Cohen

novembro 12, 2008

um café é um café

Sempre me irritaram as mulheres, indivíduos do meu próprio sexo, que acham que lá porque um homem as convida para sair só quer é levá-las para a cama. Nunca percebi se reagiam assim por se acharem MUNTA BOAS ou simplesmente porque pensam que os homens são todos iguais e patati e patatá, ou ainda se, na sua ingenuidade, pensam que os outros não percebem que elas claro, como qualquer mortal, também apreciam as actividades ligadas à luxúria e só se estão a fazer difíceis, porque faz parte do jogo e tal.

Esta atitude, que dantes era apanágio das mulheres, digo eu, parece que se transpôs também para o sexo oposto. Bem sei que com a emancipação da mulher e blablablá, nós agora andamos mais atiradiças, é um facto. Mas caramba, lá porque uma mulher convida um tipo para sair é preciso que ele reaja como se lhe quiséssemos saltar para cima na primeira esquina mal iluminada? Por que carga de água hão-de copiar os nossos piores defeitos?

É por isso que nós, as mulheres, gostamos tanto dos nossos amigos gays. Podemos desafiá-los à vontade para um café que eles percebem que um café é um café.

novembro 11, 2008

vidas

Hoje o meu filho fez um vistaço na escola ao ser um dos que pôs o dedinho no ar quando o professor perguntou à turma se alguém conhecia a hammer films. Resumidamente e para quem não tenha paciência de visitar a página de que deixo o link, trata-se de uma produtora inglesa que nos anos 50 a 70 fez, entre outros filmes do género, alguns remakes dos clássicos do terror dos anos 30, como Drácula e Frankenstein. Pelo que me disse o J, os filmes começavam invariavelmente com um homem vestido de preto que saía de um caixão.

E conto isto porquê? Bom, a coisa atingiu a dimensão de fenómeno, criou de certa forma uma escola de seguidores e chegaram-se a fazer filmes do tipo "hammer horror" em Portugal. Sabiam? Eu também não. O que tem graça nesta estória, é isto: quem é que fazia a cena do homem a sair do caixão cá no burgo? Este homem, sobre quem fiz essa crónica aí atrás.

Sabem? O homem que diz adeus aos carros no Saldanha.

Vidas.

novembro 10, 2008

o milagre dos peixes...

... ou como de um pneu se fazem dois.

Ainda a propósito disto, hoje na oficina:

- Bom dia (e tal), preciso de um pneu novo. Rebentou-se um.
- Ah pois... quer ver? Olhe aqui: este pneu já estava todo ressequido, ainda deve ser o pneu de origem.
- Se calhar é. Não faço ideia. Mas como o sobressalente é novinho, veja lá, ainda tem os piquinhos de borracha e tudo, pomos o velho que não furou de reserva e substitui-se por um novo, hum?
- Bom, eu posso fazer isso, mas quando a senhora for à inspecção, não passa.
- Não passa porquê se os pneus são novos e iguais? Os da frente mudei-os há pouco tempo...
- Sabe, é que são iguais mas não são da mesma marca e eles lá na inspecção só aceitam ou todos da mesma marca ou dois de cada.
- O quê? Mas tem o mesmo diâmetro, a mesma largura bolas, é igual, não?
- Pois mas têm de ser iguais e da mesma marca e este aqui já não se fabrica
.

Bom, o pneu sobressalente (novinho, com piquinhos de borracha e tudo) voltou para o seu sítio no porta-bagagens e dois novos a pisar a estrada, da mesma marca dos que tinha, já agora.

Não percebo isto mas também... há tanta coisa que não percebo...

E assim, sempre me sinto mais segura. É isso, esta medida é só para nos proteger. É, não é?

novembro 09, 2008

será da lua?

É normal ter uma bateria pifada numa Sexta-feira e um furo no Domingo seguinte?

A bateria pegou com cabos. O suficiente para levar o carro até à oficina, desligá-lo e constatar que puf, não pegava outra vez. Morta, defunta, falecida.

O pneu dei por que estava furado quando comecei a ouvir flop flop flop. Deu para ir até à estação de serviço mais próxima. Uns 500m devagarinho. O suficiente para ficar todo rasgado do lado de dentro.

Será da lua? Saio de carro amanhã?

na fila de leitura...

...acabados de comprar.

Este porque li "A sombra do vento" e gostei muito.


Este porque Leonard Cohen é uma paixão antiga, do tempo em que ouvia também Cat Stevens, Joan Baez e Bob Dylan, desse tempo. Continuo a gostar de ouvir o Cat Stevens e, ainda mais o Leonard Cohen. Ultimamente tenho ouvido bastante a banda sonora dum filme com ele e sobre ele, de forma que quando dei com este livro a olhar para mim da prateleira da livraria, apeteceu-me tê-lo.

novembro 08, 2008

poemas ao sábado #3

A SOMBRA SOU EU

A minha sombra sou eu,
ela não me segue,
eu estou na minha sombra
e não vou em mim.
Sombra de mim que recebo a luz,
sombra atrelada ao que eu nasci,
distância imutável de minha sombra a mim,
toco-me e não me atinjo,
só sei do que seria
se de minha sombra chegasse a mim.
Passa-se tudo em seguir-me
e finjo que sou eu que sigo,
finjo que sou eu que vou
e não que me persigo.
Faço por confundir a minha sombra comigo:
estou sempre às portas da vida,
sempre lá, sempre ás portas de mim!

Almada Negreiros

novembro 07, 2008

peppermint

que na minha pele
escrevas teus poemas
com as gotas do orvalho
da manhã
que em mim graves
tuas mágoas
tuas penas
usa a minha pele
como papel branco
apenas
e deixa nela
o teu cheiro
a hortelã

novembro 05, 2008

he loves movies

Quais Engenharias, Arquitecturas, Económicas, Físicas e Biologias, Direitos e Filosofias. Nada disso...

Sabem o que é um "plano de chão"? Ah, pois não...
E um "plano subjectivo"? Também não sabem, claro...
E que não se deve "cruzar o eixo"? Está visto que não...

Pois eu já sei tudo isto e vou saber muito mais, graças ao meu filho.
1º ano na faculdade a estudar o quê? Cinema, pois então.
E pela primeira vez desde que aprendeu a ler, vejo-o verdadeiramente entusiasmado com as aulas. Dantes só o via entusiasmado com os hobbies.

À conta dele, acabei de passar um bom bocado a ver "planos de chão" do Notorious do Hitchcock. Muito giro.

alguém...

...tem uma aspirina?

umas pastilhas para a tosse?

lenços de papel?

mãe.......! vem-me assoar!

receita para um sono

frito o camarão e o salmão
pingo uma gota de limão
cozo o macarrão
junto o agrião
e janto sozinha
frente à televisão

no fim
dou os restos ao cão
num prato que pus no chão

deito-me calada sob o edredão
com um livro seguro na mão
que leio até à exaustão

depois, durmo com os anjos

novembro 04, 2008

born in the usa

Será que o mundo vai mudar com a provável eleição de Obama?

Há 8 anos que ando zangada com os americanos por terem escolhido Bush como presidente, ainda por cima bisando. Ok, à primeira uma pessoa pode enganar-se, mas à segunda já só pode ser por gosto. Pronto, houve aquela cena duvidosa da contagem de votos na Flórida mas, fosse como fosse, mesmo que Gore tivesse ganho, teria sido por escassa diferença.

Sendo costumeira a alternância de poderes nos EUA entre democratas e republicanos (não é que a diferença seja enorme, mas sempre é alguma e recentemente tende a aumentar, digo eu), antes mesmo de se saber quem seriam os candidatos para estas eleições já era provável que, desta vez, a Casa Branca passasse para os democratas.

Daí que eu achei que o mundo ia mesmo mudar quando se percebeu que os candidatos democratas com probabilidades de chegarem ao fim eram uma mulher e um afro-americano. Confesso que cheguei a duvidar da maturidade dos américas... nahhh, pensei eu, aqueles tipos nunca serão capazes de pôr nem uma mulher nem um mestiço à frente dos destinos da nação.

Depois fui vendo as sondagens e redimi-me. Afinal parece que a malta do lado de lá do atlântico tem alguma coisa dentro da cabeça.

Voltando à primeira questão: Será que o mundo vai mudar com a provável eleição de Obama?

Provavelmente não irá mudar muito... Brancos, negros, homens ou mulheres, os americanos são sempre americanos e, como quaisquer outros, põem sempre os interesses do seu país à frente dos demais. Humanismo não é para políticos, é para nós, simples mortais que ainda cremos em utopias de mundos sem fronteiras, sem guerras, sem fomes, sem diferenças tão abismais.

Uma coisa no entanto me parece certa: a imagem da América perante o resto do mundo vai mudar com toda a certeza. E só isso poderá fazer toda a diferença.



sem porquês



Às vezes (muitas?) penso que a vida me seria bem mais fácil se me preocupasse menos em encontrar o porquê das coisas, em vez de as aceitar simplesmente como são. Sem porquês.

tcl #2

Já sabia que era uma mulher popular na China.

Desconhecia no entanto que era possuidora de uma empresa de aluguer de automóveis no Porto. Foi preciso o meu vizinho ir à Invicta para eu ficar ciente desse facto.

Agradou-me, mas mesmo assim gostei mais da réplica do pão-de-ló de Margaride que ele me trouxe da Padaria Ribeiro. Parece que a Margaride fechou...

novembro 01, 2008

poemas ao sábado #2

AOS AMIGOS

Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada

[lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
— Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.

Helberto Helder